A Política Vive! é o tema desta edição do festival, que acontece a partir de quinta em diversos locais da cidade. A programação traz títulos clássicos e novas produções do cinema militante nacional e internacional, exibindo ao todo 381 filmes de 54 países, dentre eles cerca de 100 brasileiros. A temática aposta na arte como instrumento de

transformação e abre espaço para questões ligadas à infância, intolerância, aceitação, sexualidade e comportamento em geral. Dentro do tema principal estão programadas cinco mostras. “Carta Branca ao Submarino Vermelho” é um projeto especial do coletivo Submarino Vermelho. Os programas desta seção têm títulos baseados em pichações encontradas nos muros, em 1968, e incluem filmes atuais, como Proposta Fantástica, curta inédito do coletivo IntergrAV, o clássico Maranhão 66, de Glauber Rocha, e o censurado Liberdade de Imprensa, de João Batista de Andrade. A mostra exibe ainda curtas documentais dos anos 60 até filmes com forte militância dos anos 80, com obras de Júlio Veirner e da dupla Francisco Cesar Filho e Tata Amaral. Outro destaque é o curta Vamos Falar de Brasil: Carlos Marighela, de autoria dos franceses Agnés

Em sentido horário, a partir da foto acima, os romenos Megatron e Um Bom Dia para Nadar, o dinamarquês Dennis, o latino Caçando Ratos, e os brasileiros Blackout e Espalhadas pelo Ar

Varda e Chris Marker, filmado clandestinamente no Brasil.

Também serão exibidas as mostras “Maio de 68”, que traz a série homônima feita para a TV, e “O Trabalho”, que fala sobre o grande fantasma do mundo atual e questiona por meio de cinco filmes a ausência de trabalho, a alienação por ele causada, imigração e preconceito. Estão programados, por exemplo, Mudança de Olhar, de Yamina Benguigui, um documentário francês sobre a violência que predomina no mercado de trabalho, e o israelense Um Fio de Esperança, de Tom Schoval, que mostra o quanto o trabalho é fundamental para a identidade de uma pessoa.

A “Mostra Internacional” selecionou 64 trabalhos de 36 países, que tematizam o desconforto diante de mudanças, as novas relações familiares, a solidão, a intolerância, a perversão, o prazer e o amor. Destaque para os romenos Megatron, de Marian Crisan, e Um Bom Dia para Nadar, de Bogdan Mustata; e Love You More, dirigido por Sam Taylor Wood, com roteiro de Patrick Marber (também roteirista de Closer). Já a “Mostra Latino-Americana” apresenta 30 títulos de 11 nacionalidades, além de promover a pré-estréia mundial de três filmes. Entre os destaques estão o franco-mexicano Beyond the Mexique Bay, de Jean-Marc Rousseau, e a co-produção do Equador e Estados Unidos, Caçando Ratos, de Vero Shamo-Garcia. Diversos diretores estarão presentes para apresentar seus curtas após a exibição, como Alain Rimbert, Trinidad Lemos, Alejo Franzetti, Ricardo Arango e Marco Berger.

São quatro os programas brasileiros, sendo o maior deles a “Mostra Brasil”, que reúne um total de 55 filmes finalizados em 2007 e 2008. Estão presentes na seção os curtas Rummikub, dirigido por Jorge Furtado e estrelado por Alice Braga, e Blackout, estréia de Daniel Rezende na direção, protagonizado por Wagner Moura. Outras onze novas produções têm suas pré-estréias no festival. Entre elas Tira os Óculos e Recolhe o Homem, de André Sampaio; O Dia em que Não Matei Bertrand, dirigido por Luiz Carlos Oliveira Júnior e Ives Rosenfeld; e Domingo de Páscoa, de Pedro Amorim.

O “Panorama Paulista”, uma novidade desta edição, faz um recorte do cinema de curta-metragem feito em São Paulo. São 26 produções, com destaque para Relicário, de Rafael Gomes, um dos diretores de Tapa na Pantera; A Tal Guerreira, de Marcelo Caetano, sobre uma comunidade de umbanda/candomblé que tem Clara Nunes como guia espiritual; e Ópera do Mallandro, dirigido por André Moraes, uma homenagem ao lado trash dos anos 80, com interpretações de Lázaro Ramos e Wagner Moura.

Retrospectiva e workshops – O festival traz a Retrospectiva Gustavo Taretto: Cinema e Espaço Urbano, que apresenta os quatro curtas do diretor: Insolação, Cem Pesos, Paredes Vizinhas e Hoje Não Estou, além das mostras especiais “Hors Pistes/ Fora dos Trilhos”, “Convivendo com o Alzheimer”, “Escolas Alemãs” (com dez trabalhos dos alunos das instituições HFF e DFF, da Alemanha), “França Animada”, “Mix Brasil”, “Semana da Crítica” e “Mostra Infantil”, com curtas brasileiros e internacionais e também atividades de desenho e pintura. Destaque para “Dark Side”, que traz cenas do macabro e da perversão humana, bem representadas por As Meninas, de Sebastian Godwin, e Rock Rocket – Doidão, de Kapel Furman, e “Kino Lounge”, espaço para experimentações de novas linguagens, que traz o premiado Tokyo Rock’n’Roll e a vertiginosa animação Around.

Já “Cinema em Curso” se destina aos filmes realizados em cursos universitários de audiovisual, trazendo 25 títulos oriundos de 11 faculdades, entre elas a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. “A Formação do Olhar KinoOikos” privilegia a produção audiovisual das periferias brasileiras, que assinam mais de 200 curtas por ano. Dos 39 vídeos selecionados, destaque para Cidade Cinza, de jovens ex-alunos da Associação Imagem Comunitária de Minas Gerais, e Lembra-te do Dia de Sábado, que aborda mudanças climáticas sob o ponto de vista do povo caiçara. A seção realiza ainda, neste sábado e domingo, das 10h às 18h, o tradicional Seminário da Formação do Olhar KinoOikos. Além de um workshop dirigido à elaboração de projetos de negócios sociais, serão realizadas duas mesas-redondas, com temáticas sobre a profissionalização de iniciativas independentes e a emergência de editais e políticas públicas voltadas ao setor.

A seção “Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual” deste ano demonstra preocupação com a violência, mas apresenta a arte e a cultura como forma de não se deixar influenciar, como no musical O Segredo das Armas, filmado em Mauá. As experimentações de linguagem ficam visíveis em Ganhando o Pão, criado por alunos do bairro do Sacomã. Nesta edição, a oficina será realizada no Centro Cultural da Juventude a partir de domingo até 28 de agosto. O resultado será exibido no mesmo local nos dias 29 e 30, e no Centro Cultural São Paulo, no dia 31.

O festival também organiza uma série de workshops para discutir o tema Produção Independente para TV. São eles: Produtoras Independentes, Conteúdo e Pesquisa, O Brasil dos Independentes na Tela, As Diferentes Telas e Diretrizes e Novas Propostas para a TV Brasileira. Os encontros acontecem na Cinemateca, na próxima segunda, dia 25, e as mesas serão compostas por nomes como Cristina Aragão, Patrícia de Filippi e representantes da TV Cultura, Estúdios Mega e SescTV.

O festival vai até dia 29 de agosto na Cinemateca (Largo Senador Raul Cardoso, 207, tel. 3512-6111); no Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3087-0500); no CCSP (r. Vergueiro, 1.000, tel. 3383-3402); Espaço Unibanco de Cinema (r. Augusta, 1.470, tel. 3673-3949); Unibanco Arteplex Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, tel. 3472-2365); Espaço Unibanco Bourbon, (r. Turiassú, 1.100, tel. 3673-3949); Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias, tel. 3091-3540); e na Faap (r. Alagoas, 903, tel. 3662-7198). A entrada é gratuita e a bilheteria abre com uma hora de antecedência. Mais informações e a programação completa podem ser encontradas no site www.kinoforum.org/curtas.

 
PROCURAR POR
NESTA EDIÇÃO
O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
[
EXPEDIENTE] [EMAIL]