Alunos e professores da Escola Politécnica da USP contam, desde o dia 21 de agosto, com um novo laboratório para pesquisar e desenvolver tecnologia de ponta. A Petrobras investiu mais de R$ 4 milhões na preparação do espaço físico e da infra-estrutura do Centro de Excelência em Tecnologia de Aplicação em Automação Industrial (Cetai), no prédio da

Crédito foto: Francisco Emolo

Poli Semi-Industrial. O laboratório faz parte da Rede Temática de Instrumentação, Automação, Controle e Otimização de Processos da Petrobras, que conta com mais de 20 universidades parceiras em todo o país (leia o texto abaixo).

Um dos objetivos do Cetai é desenvolver softwares e tecnologias de ponta que otimizem os processos na área de refino – ou seja, “conseguir produzir mais com menos custo”, traduz Claudio Augusto Oller do Nascimento, docente do Departamento de Engenharia Química da Poli e representante da USP na Rede Temática. Entre os projetos iniciais está o de gerar modelos matemáticos que representem a operação real e ajudem a identificar como “maximizar a produção”, diz o professor.

É o que a empresa define no conceito de “refinaria virtual”. De acordo com essa noção, no futuro haverá um modelo matemático dinâmico que represente todos os equipamentos, fluxos de processo e

Cetai: novo laboratório permite produção maior com menos custos

possibilidades de decisão e atuação existentes na refinaria real. Assim, o modelo pode ser usado para estimar o efeito sobre os resultados de decisões operacionais antes que elas sejam realmente implementadas. Em linguagem técnica, é o que se chama de “otimização global praticamente em tempo real”. O conhecimento e a tecnologia gerados serão aproveitados nas 14 refinarias da Petrobras, das quais três se localizam no exterior (duas na Argentina e uma nos Estados Unidos).

Formação – A parceria entre a USP e a empresa não é nova. Parte da tecnologia que a Petrobras já utiliza na área de automação se originou de trabalhos desenvolvidos por engenheiros formados em cursos avançados de capacitação, ministrados na Poli a partir de 1988. Enquanto a empresa fornece toda a infra-estrutura e os equipamentos, a Poli é a responsável pela elaboração dos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) individuais, além da coordenação de projetos multiinstitucionais no âmbito acadêmico. “É a culminação de um trabalho de longa data”, salienta o engenheiro químico Lincoln Lautenschlager Moro, consultor sênior da Petrobras e coordenador da parceria. “Já realizamos muitas atividades em conjunto, mas ainda carecíamos de uma infra-estrutura que nem a USP nem a empresa possuíam.” A ligação de Moro com a Universidade, por sinal, também não é de hoje: ele fez graduação, mestrado e doutorado na Poli.

O Cetai será ainda um centro de ensino de tecnologias de automação industrial com foco na produtividade, qualidade e segurança, e um espaço para projetos de pesquisa e treinamento em sistemas de automação industrial de interesse da Petrobras. Para o professor Claudio Oller, a criação do laboratório permitirá um enorme aprendizado para os alunos da Poli, tanto da graduação quanto da pós. “É uma grande oportunidade para nossos alunos desenvolverem seus projetos com profissionais da área, vendo as coisas reais”, diz. Uma equipe fixa de três a quatro funcionários da Petrobras deve trabalhar permanentemente no local, mas esse número vai variar em função dos programas específicos e dos treinamentos.

Outro avanço, salienta o docente, é que o Cetai poderá contar com pesquisadores contratados, cujo vínculo será feito por meio da Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (Fusp). “Teremos pesquisadores trabalhando aqui e não apenas bolsistas, coisa que normalmente a Universidade não tem”, diz. Claudio Oller destaca ainda a importância de contar com recursos de longo prazo, uma vez que os projetos serão firmados por períodos de quatro a cinco anos. A parceria será ampliada com a instalação, prevista para o ano que vem, do Laboratório de Analisadores in-line, dedicado à pesquisa no uso de técnicas espectroscópicas para analisadores em linha, também visando à otimização de processos.

 

Investimentos de R$ 1 bilhão

As Redes Temáticas integram um modelo de parceria tecnológica da Petrobras com universidades e instituições de pesquisa de todo o Brasil. São 38 redes por meio das quais a empresa investe em projetos de infra-estrutura e de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em mais de 70 instituições de 18 estados brasileiros.

Além das redes, a Petrobras estabeleceu sete núcleos que abordam temas tecnológicos de interesse estratégico na área de petróleo, gás e energia. Entre eles estão a automação e a prospecção em águas profundas, na qual a empresa é referência em todo o mundo. De 1998 a 2007, a Petrobras investiu mais de R$ 1 bilhão nas 38 redes e nos sete núcleos.

O modelo das Redes Temáticas foi criado para atender à cláusula de investimentos em P&D que consta nos contratos de concessão de exploração e produção entre a Petrobras e a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). A cláusula determina que pelo menos 1% da receita bruta gerada pelos campos de grande rentabilidade ou grande volume de produção deve ser investido em P&D. Desse valor, 50% cabem a universidades e instituições nacionais. Todos os projetos de infra-estrutura passam por autorização prévia da ANP. “Estamos aproveitando esse bom momento da empresa, que permite um investimento importante em várias universidades do Brasil”, salienta o engenheiro Lincoln Moro.

 
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