Quando se pensa em Paris, a primeira imagem que vem à cabeça é a Torre Eiffel e seus 317 metros de altura; em Londres, o Big Ben, relógio mais famoso do mundo. E em São Paulo, pensa-se na avenida Paulista com o Masp, o Prédio da Gazeta, as torres e edifícios singulares, como o Santa Catarina, projetado por Ruy Ohtake. O arquiteto, nascido em

janeiro de 1938, formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP em 1960, momento em que se levantava Brasília. Foi aluno de Vilanova Artigas e Lourival Gomes Machado, que lançariam os alicerces da produção de Ohtake.

São inúmeras as marcas do arquiteto na cidade de São Paulo, como o renomado Hotel Unique, que lhe rendeu cerca de quatro prêmios, o Hotel Renaissance, o Instituto Tomie Ohtake e o Expresso Tiradentes. Mas o requinte estético de Ohtake não se restringe às áreas nobres da cidade. Ele é responsável pelo projeto de revitalização do bairro Heliópolis, na periferia de São Paulo. Juntamente com a comunidade foram pintadas as fachadas de diversas casas e uma biblioteca foi erguida. Os moradores

Croqui do Hotel Renaissance

lutam ainda por um Centro Cultural no bairro.

Para celebrar seus 60 anos, a FAU convidou o arquiteto para desenvolver uma exposição dentro do prédio criado por Artigas. Se de início Ohtake pensava em fazer algo aleatório, remetendo à diversidade de seu trabalho, agora a mostra está dividida em sete módulos cronológicos. São eles Residências, Hotéis, Edifícios de Apartamentos, Edifícios Culturais, Projetos Urbanos, Edifícios de Escritórios e Outros Projetos, mostrando um panorama da produção de um arquiteto com cinco décadas de prancheta, seu frescor e apelo formal e expressivo. A mostra dá início a uma série de exibições monográficas que devem seguir até a metade de 2009, como informa o professor e curador Rodrigo Queiroz. “O desafio foi como preencher e dialogar com o vazio do espaço”, conta.

“Ruy Ohtake: Presente!” foi batizada no próprio escritório do arquiteto e pensada para surpreender os alunos que voltam da Semana da Pátria, explica o curador. Ainda segundo o professor, a exposição é uma chance de compreender Ruy Ohtake através de seus 50 anos de carreira e não apenas de sua “obra midiática”. Seu trabalho é caracterizado por uma construção intelectual peculiar. Suas formas não se justificam por fatores econômicos, tecnológicos ou por aspectos puramente racionais. Na leitura proposta pela exposição, “o interesse está no sentido de ver como o arquiteto confere liberdade a uma regra colocada pelo projeto”, explica Queiroz.


Fachada do Hotel Unique

É justamente o apelo pela liberdade na obra de Ohtake que o aproxima de outro grande arquiteto, Oscar Niemeyer. No entanto, corre-se o risco de simplificar a obra de um colocando-o à sombra do outro. “Ruy é muito mais plástico, mais escultórico”, diz Queiroz. “Ele não mimetiza a arquitetura de Oscar Niemeyer”.

As obras de Ohtake têm um raro apelo imagético, que chama a atenção mesmo dos leigos em arquitetura. Essa é a conseqüência de uma de suas grandes preocupações, a necessidade de marcos urbanos que ajudem a compor o imaginário das pessoas em metrópoles como São Paulo. Sua constante inovação e figurativismo, que sempre o distanciaram da academia, a ela retornam como resposta à escola que o formou.

A mostra será inaugurada nesta segunda, às 19h, e fica em cartaz até 17 de outubro, de segunda a sexta, das 9h às 20h, e sábados, das 9h às 14h, no Salão Caramelo da FAU (r. do Lago, 876, Cidade Universitária). Informações pelo tel. 3091-4919. Entrada franca.

 
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