Logo depois da 20ª Bienal Internacional de Livro de São Paulo, grande vitrine da produção literária que conta com a participação das principais editoras, a Primavera dos Livros abre espaço para as editoras pequenas e independentes, na feira que existe desde 2001. A Primavera, como é conhecida no meio, é uma iniciativa da Libre (Liga Brasileira de Editoras)

e acontece de quinta a domingo, no Centro Cultural São Paulo. Com o tema A Cidade de Todos os Povos – São Paulo, Viagens e Migrações, reúne além de muitos lançamentos, várias atividades ligadas ao livro e à leitura, com a presença de editores, autores, ilustradores, tradutores, educadores, mediadores de leitura, livreiros e distribuidores.

A novidade deste ano é a cabine experimental para a gravação de poemas. Aliada a programas do governo federal para estimular o desenvolvimento de materiais em áudio, braile e Lida (Livro Digital Acessível)

Entre as novidades, o Ônibus- Biblioteca, projeto que leva um rico acervo para a periferia de São Paulo e, abaixo, visitação à feira

para os deficientes visuais, será montada uma cabine, em que o público poderá fazer gravações durante o período do evento. A iniciativa quer sensibilizar não apenas os editores, mas os leitores, que poderão se inscrever durante a programação para participarem como voluntários da Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo, para gravação, realizada profissionalmente, de livros falados.

Outro destaque é o Ônibus-Biblioteca, que ficará estacionado em frente ao local, retomando um projeto iniciado em 1930 pelo modernista Mário de Andrade. São quatro ônibus que realizam ao todo 112 roteiros mensais pela periferia da cidade, levando um acervo rico e variado de títulos – possui um acervo rotativo de 135 mil volumes, sendo que em cada ônibus são levados 3 mil livros – e atividades diárias de encontros dos autores com o leitor.

Programação – Toda a agenda de atividades está diretamente relacionada ao livro e à formação do leitor, e inclui mesas-redondas e palestras sobre a diversidade étnico-racial e cultural, histórias de povos imigrantes e sobre a formação do povo de São Paulo, além de uma programação infantil com mais de 30 oficinas para crianças. Abre nesta quinta, a partir das 10h, com o debate “Educação Inclusiva – Leitura na Escola: Ler é Incluir-se e ser Incluído”, contando com a participação de Bartolomeu Campos Queirós (escritor e educador), Silvia Moretti (assessora técnica do Círculo de Leitura e Escrita da Secretaria Municipal de Educação) e Elizabeth Serra (da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). No período da tarde a temática gira em torno da Educação Inclusiva – A Escola sem Muros na Formação do Jovem Cidadão, com Graziela Bedoian, falando sobre Arte na Rua – Programas de Inclusão por Meio da Arte; Rodrigo Mendes aborda A Experiência Plural da Escola Inclusiva; e Ana Luísa Lacombe trata da Narração de Histórias e a Inclusão na Escola. Também serão discutidas propostas educativas com Camila Croso, da Secretaria Municipal de Educação, Daniel Munduruku, representante da questão indígena, e Rosana Sousa, dos Serviços Técnicos Educacionais da Secretaria Municipal de Educação.

Na sexta, a mesa São Paulo, a Cidade da Tolerância? Políticas de Inclusão conta com a presença de Bruna Mantese Souza, do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, Suely Roque Mendes, diretora da Biblioteca Braille do CCSP, e Julian Rodrigues, do Instituto Edson Neris e do Fórum Paulista LGBT. E o debate São Paulo Sustentável reúne Emilia Mirene, da Secretaria Municipal de Educação, e José Jorge Boueri, professor da USP Leste. No sábado, destaque para a mesa A Fundação de São Paulo, com os arquitetos Vallandro Keating e Luis Augusto Bicalho Kehl, além do historiador Ricardo Maranhão; e O Cotidiano da Cidade – Um Sobrevôo sobre São Paulo, tema de Geraldo Nunes (Programa “São Paulo de Todos os Tempos” da Rádio Eldorado) e o escritor e músico Guca Domênico. E, encerrando, no domingo, serão discutidos os 100 Anos da Imigração Japonesa e a Literatura, com Jo Takahashi (Fundação Japão), Lica Hashimoto (tradutora), Johny Arai (jornalista e editor) e Jorge Okubaru (escritor), mediados pelo editor Angel Bojadsen.

Lançamentos – Entre os principais lançamentos da feira estão Memórias de Brasileiros – Uma História em Todo Canto (Editora Peirópolis), organizado por José Santos, que reúne mais de cem fragmentos de vidas que se cruzam e dialogam, celebrando os 15 anos do Museu da Pessoa com a edição de seu acervo de histórias de vida; Maria Alice Vergueiro, premiadíssima atriz e fundadora do grupo Teatro do Ornitorrinco, passa a limpo sua trajetória em Tapa na Pantera na Íntegra – Uma Autobiografia Não-Autorizada (Editora Ficções); Rio, Uma Paixão (Editora Prazerdeler), reúne contos de Vera Abad e fotografias de Aurélio Alpoim; e Diversos Somos Todos (Editora de Cultura), de Reinaldo Bulgarelli, traz uma reflexão sobre a condição humana e seu papel na promoção e gestão da diversidade. Também acontecem saraus e apresentações musicais, como o show “Três do Língua”, com o grupo Língua de Trapo (sábado, às 19h).

O evento é uma oportunidade para o pequeno editor, que pode discutir os problemas mais comuns de seu segmento, que vão para além do pouco espaço nas prateleiras das livrarias, e também para o público, que pode conhecer um pouco mais sobre essa produção. Uma ótima primavera ao leitor!

A Primavera dos Livros 2008 acontece de quinta a domingo, das 10h às 22h, no Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3383-3402). A entrada é franca. Mais informações e programação completa estão no site www.libre.org.br. Na feira, os livros têm descontos que vão de 20 a 40% para o público em geral, e de 50% para professores.

 
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