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Mostra Áustria 2008


Danubio (2003), de Goran Rebic, road movie poético sobre água, em que um velho barco segue o curso do rio

Um painel do cinema austríaco contemporâneo é o que apresenta a mostra, que começa nesta terça, no Centro Cultural São Paulo, com apoio da Embaixada da Áustria no Brasil e do Consulado Geral da Áustria em São Paulo. É composto por seis longas-metragens e três documentários, sucessos de crítica e público daquele país, além de outros lançados recentemente no Brasil. “A mostra exibe a produção cinematográfica dos últimos anos e apresenta a Áustria inserida nas discussões dos grandes problemas mundiais”, segundo o curador José Carlos Simões.

Entre os destaques, o filme Violência Gratuita (1997), de Michael Haneke, que ganhou uma versão norte-americana que será lançada no Brasil. No roteiro, dois jovens, que aparentemente são amigos dos vizinhos, aprisionam e torturam uma família em sua própria casa, de maneira muito violenta. Do mesmo diretor ainda é apresentado Cachê (Áustria/Alemanha/França/Itália, 2005), em que um apresentador de TV e sua esposa passam a receber vídeos com imagens de sua casa e da família, além de desenhos misteriosos, mas as imagens ficam cada vez mais íntimas, mostrando que o autor conhece muito bem o casal.

Ainda na programação estão os longas Os Falsários (Áustria/Alemanha, 2007), de Stefan Ruzowitzky, história real da maior operação de falsificação de todos os tempos, promovida pelos nazistas em 1936, quando um judeu, conhecido como rei da falsificação é preso e forçado a produzir centenas de milhares de notas de dinheiro falso para financiar a guerra e supostamente melhorar a economia alemã; Decadência (Áustria/Suíça/Alemanha, 2006), de Michael Glawogger, sobre dois amigos que têm o hábito de pregar peças nas pessoas até que uma dessas brincadeiras tem conseqüência fatal; Danúbio (2003), de Goran Rebic, poético road movie sobre água; e Klimt (2006), de Raoul Ruiz, sobre o artista austríaco Gustav Klimt, interpretado por John Malkovich, mostrando suas pinturas sexuais que vieram simbolizar o estilo de art nouveau do final do século 19 e início do século 20.


Klimt (2006), de Raoul Ruiz, sobre o artista austríaco Gustav Klimt, papel de John Malkovitch

E os documentários Nós Alimentamos o Mundo (2005), de Erwin Wagenhofer, com algumas cenas rodadas no Brasil e de maior público da história do cinema austríaco, trazendo entrevistas desde pescadores até o presidente da Nestlé, de fazendeiros ao sociólogo suíço Jean Ziegler, sobre a indústria do alimento e sobre a fome; Eu Fui a Secretária de Hitler (2002), de André Heller e Othmar Schmiderer, sobre Traudl Junge que esteve ao lado de Hitler como sua secretária, de 1942 até o final da guerra e da vida do führer, em 1945; e A Morte do Trabalhador (co-produção com Alemanha, 2005), em que o diretor Michael Glawogger faz uma viagem da Ucrânia à Indonésia, passando pela Nigéria, China e Paquistão, para denunciar o trabalho manual nas mais extremas condições. Haverá ainda debates na quarta e quinta, às 20h, que vão abordar, respectivamente, a cinematografia da Áustria e o tema do holocausto e as novas visões no cinema.

A “Mostra Áustria 2008” acontece de terça a sábado, com sessões a partir das 16h, na Sala Lima Barreto do Centro Cultural São Paulo (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 3383-3402). A entrada é franca, com retirada de ingressos uma hora antes.

 

Cinema latino-americano

Encerrando a mostra “Prolam: 20 Anos”, que está exibindo filmes clássicos e contemporâneos que foram temas de dissertações e teses do Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam/USP), estão O Banheiro do Papa (Uruguai/Brasil/França, 2007), de César Charlone e Enrique Fernández, em que uma pequena cidade, na fronteira do Uruguai com o Brasil, fica em polvorosa com a visita do papa João Paulo II (segunda, às 16h); O Violino (México, 2005), de Francisco Vargas, sobre uma região que está em conflito com o exército mexicano, e, para despistar os soldados, um rebelde toca seu violino (segunda e quarta, às 19h, e terça, às 16h); Whisky (Uruguai/Argentina/Alemanha, 2004), de Juan Pablo Rebella, sobre o dono de uma fábrica de meias no Uruguai, que tem sua rotina alterada ao saber da visita de seu irmão, que vive há muitos anos no Brasil (terça e quinta, às 19h, e quarta e sexta, às 16h); e Maria Cheia de Graça (Colômbia/EUA, 2003), de Joshua Marston, sobre uma mulher cansada de sua vida, que aceita levar cápsulas de cocaína na rota de tráfico entre Colômbia e EUA, sem saber dos riscos que corre (quinta, às 16h, e sexta, às 19h). No Cinusp, que fica na r. do Anfiteatro, 181, favo 4 das Colméias, Cidade Universitária, tel. 3091-3540. Grátis.

 

Cineastas da Vida Interior

A Cinemateca, em parceria com o Instituto Cultural da Dinamarca e com a Coevos Filmes, traz de terça a domingo a mostra “Carl Theodor Dreyer e Lars Von Trier: Os Cineastas da Vida Interior”, exibindo filmes, muitos deles sem distribuição comercial, de dois grandes nomes do cinema dinamarquês, cada um, à sua época, apresentando propostas ousadas. Dreyer (1889-1968) iniciou sua carreira no cinema silencioso, vivenciando a transição para o filme sonoro, e comparece com obras como o clássico O Martírio de Joana D’Arc (França, 1928), famosa versão do trágico fim de Joana D’Arc, construído de maneira original através de closes e planos fechados, com participação do teatrólogo Antonin Artaud. Lars von Trier, nome atual e um dos principais integrantes do movimento Dogma 95, é autor de filmes premiados em Cannes, como Dançando no Escuro (Dinamarca, Alemanha, EUA, França e Finlândia, 2000), sobre uma imigrante checa, operária de uma fábrica nos Estados Unidos, que tem todo o seu dinheiro roubado, desencadeando a partir daí uma série de acontecimentos trágicos; e Dogville (Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Reino Unido e Franca, 2003), em que uma jovem fugitiva chega a uma pequena cidade, é acolhida pela comunidade que logo tenta se aproveitar da bondade dela. A Cinemateca fica no Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana. Informações pelo tel. 3512-6111, ramal 215, ou no site www.cinemateca.gov.br. Ingressos: R$ 8,00 e R$ 4,00.

 

Olhares sobre o Sagrado

Com o tema Milagres e Curas, será realizada nesta semana a 6ª Mostra de Cinema e Religião, na Galeria Olido. São filmes que observam as religiões como meio de mitigar o sofrimento humano, além de responder a aspectos inexplicáveis do destino. Entre os destaques, os documentaristas italianos Marco Leopardi e Costanzo Allione comparecem, com filmes que mostram a religião menonita do México ao budismo tibetano na Índia (Leopardi) e uma série de cinco filmes sobre mulheres de poder na Ásia, com grandes curadoras das tradições xamânicas, islâmica, cristã e budista. Há também uma sessão histórica com registros antigos sobre religião e cura das décadas de 20 e 30, além de vídeos vencedores de uma mostra competitiva, feitos em linguagem para transmissão por aparelhos de telefonia móvel. Na abertura, estão filmes como Severa Romana (Brasil, 2006), de Bio Souza, Sue Pavão e Rael Heylan, mulher casada e prestes a dar à luz, que é brutalmente assassinada pelo cabo Ferreira, na cidade de Belém (PA); Memória Poética – São Francisco Xavier (Brasil, 2004-2007), de Anahi Santos e Gabriela Leirias, documentário feito a partir de entrevistas com antigos moradores de São Francisco Xavier; e Do Outro Lado do Céu (Brasil, 2001), de Tutu Nunes, sobre o sentido místico da cultura indígena. De terça a sexta, com sessões a partir das 15h, na Galeria Olido (av. São João, 473, Centro, tel. 3331-8399). Grátis.

 

 
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