Durante os próximos 12 meses, 380 alunos do primeiro e segundo ano do ensino médio da rede pública do estado de São Paulo, entre 15 e 18 anos de idade, supervisionados por 266 pesquisadores da USP e 63 professores de suas escolas de origem, vão desenvolver atividades de pesquisa em laboratórios de 35 unidades de ensino da Universidade, na

capital e nos seis campi do interior (Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos), com carga de  oito horas semanais durante o ano letivo e 16 horas semanais nas férias.

A parceria entre a USP, por intermédio da Pró-Reitoria de Pesquisa, e a Secretaria de Estado da Educação leva o nome de Programa de Pré-Iniciação Científica e teve lançamento oficial dia 26 de setembro, no auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), com a

O lançamento oficial do Programa de Pré-Iniciação Científica, na USP: ajuda para inserção no mercado de trabalho

presença da pró-reitora Mayana Zatz, dos professores Paulo Hilário Nascimento Saldiva, suplente da pró-reitora; Pedro Primo Bombonato, coordenador do programa; Maria Angelica Miglino, presidente da Comissão Coordenadora do programa; e José Carlos Neves Lopes, que representou a Secretaria da Educação. Cada aluno selecionado receberá bolsa de estudo no valor de R$ 150,00 durante um ano, podendo atuar em um dos 160 projetos de pesquisa predefinidos. Auxílio no mesmo valor será concedido também a cada professor supervisor vindo da escola do aluno.

Os recursos previstos para o programa somam R$ 940 mil e têm origem em acordos culturais com o banco Santander e a empresa Monsanto. Os professores supervisores da USP não receberão ajuda em dinheiro, mas, de acordo com informação do professor Bombonato, a Universidade estuda a possibilidade de acertar parcerias com outras empresas com o objetivo de dotar os laboratórios envolvidos no programa de mais instrumentos de pesquisa.

Curiosidade – O objetivo principal do Programa de Pré-Iniciação Científica, segundo Bombonato, é “inocular nos alunos o vírus da curiosidade”, de tal forma que percebam o valor da pesquisa para o desenvolvimento pessoal e, depois, o seu reflexo na sociedade em que vivem. Não importa muito saber se um dia conseguirão entrar na USP ou em outra instituição de ensino superior; importa que aprendam a pensar, a resolver problemas e se inserir no mercado de trabalho. Não se pode negar que a Universidade às vezes funciona como escada social, podendo ser este o caso para alguns dos alunos participantes do programa.

Para uma boa execução, os projetos, necessitam de acompanhamento e de avaliação de resultados. O Programa de Pré-Iniciação Científica  terá supervisão de um grupo formado por três professores da USP – Myriam Krasilchik (Faculdade de Educação), Carlos Frederico Menk (ICB) e Pedro Bombonato (Medicina Veterinária), além do acompanhamento por parte de pessoas indicadas pela Secretaria da Educação. Outro grupo da USP, liderado pela professora Martha Marandino, do Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação, especializada em educação não formal, cuidará da capacitação dos professores da rede pública engajados no programa. O treinamento já começou com encontros e discussões, mas para eles haverá na Faculdade de Educação, provavelmente em fevereiro do próximo ano, um curso de especialização.


Mayana: o vírus da curiosidade

Martha disse que a temática ainda não está totalmente definida e o curso precisa passar pelos trâmites normais de aprovação. As aulas deverão ser aos sábados, o dia inteiro, reservando-se as manhãs para palestras de educadores convidados e as tardes para oficinas. Segundo Martha, por educação não formal entende-se o ensino ou aprendizado “fora da escola”, como mediante visitas a museus, parques ou outros espaços, bem como participação em organizações não-governamentais ou cursos de jornalismo científico.

O professor Bombonato diz que o Programa de Pré-Iniciação Científica não tem relação direta com o Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), projeto mais abrangente que visa à inclusão na Universidade de alunos da rede pública de ensino, aproximação da Universidade com o ensino médio e ajuda a estudantes carentes. A coordenação é diferente, assim como diferentes são os objetivos específicos da cada programa.

Pela proposta da Pró-Reitoria de Pesquisa, o aluno selecionado terá de desenvolver pesquisa efetiva em laboratórios da Universidade, numa área de sua escolha e interesse, evitando-se a todo custo que atue como simples “office-boy de luxo” ou “lavador de bancada”. Pelo contrário, deverá ter voz e vez, demonstrar interesse e iniciativa, atuando ao lado do professor pesquisador do laboratório e do professor supervisor vindo de sua escola, e com eles tocar o seu projeto de pesquisa, que pode ser na modalidade de ciências humanas, biológicas, exatas ou agrárias.

Cada laboratório trabalhará com uma proposta específica sob o comando do professor da USP que receberá o aluno-bolsista. Da soma das experiências nos diversos laboratórios, espera-se que nasça um mosaico de conhecimentos, que  posteriormente será levado para a escola de origem do aluno e lá, divulgado entre os demais alunos. Cada escola pode ter vários alunos inscritos, assim como o mesmo professor pode supervisionar vários bolsistas. Segundo o coordenador do programa, trabalhar em grupo leva vantagem sobre o trabalho individual, entre outras razões, porque  incentiva e facilita a difusão do conhecimento adquirido, encoraja os participantes a atuar com desenvoltura e impede que as experiências se dispersem.


Bombonato: diferente do Inclusp

Evasão – Os candidatos foram selecionados pela Secretaria da Educação, mas antes houve um trabalho de preparação por parte da  Universidade. No final do ano passado, projetos de pesquisa foram  disponibilizados num site para que os alunos interessados pudessem analisá-los e fazer a sua opção. Na hora da definição das bolsas de estudo, valeu o critério de melhor desempenho escolar do candidato.  Estão previstas alguma evasão e desistências no decorrer do programa. No entanto, pelo menos no primeiro ano de execução, não haverá reposição de alunos-bolsistas, em primeiro lugar porque os que chegassem depois seriam prejudicados em razão do tempo mais curto nos laboratórios.

Participam do Programa de Pré-Iniciação Científica 190 escolas da rede pública estadual na capital e nas cidades onde existem campi da USP. De acordo com  Bombonato, essas unidades estão situadas nos mais  diversos bairros, perto ou longe dos laboratórios de trabalho dos bolsistas. Na capital, ajuda o fato de a USP possuir unidades de ensino e pesquisa nas zonas oeste e leste.

Se na capital o programa começa a ser efetivado a partir desta segunda-feira (6 de outubro), no interior as datas variam de unidade para unidade. Em Ribeirão Preto, por exemplo, o início será dia 10.

O convênio da USP com a Secretaria da Educação prevê que o próprio aluno participante do programa será responsável pela administração da bolsa de estudo de R$ 150,00. Ele terá a sua conta no banco, a sua senha e acesso exclusivo a ela. Os responsáveis pelo programa esperam que, assim agindo, ajudem o estudante a assumir responsabilidades.

 
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