núcleo de estudos do livro e da edição

NELE Faz História

2011
Lançamentos e Inauguração:
NELE, SÉRIE CONVERSAS DE LIVRARIA, PAINEL GEOMÉTRICO I
18 de Abril de 2011

Com a leitura do texto “Quem diz Livraria, diz Refúgio”, o professor Alfredo Bosi inaugura oficialmente o Núcleo de Estudos do Livro e da Edição.

Como escreve nosso paraninfo:

Quando Plinio Martins Filho, emérito editor, me pediu que alinhavasse minhas memórias de frequentador de livraria, veio-me à mente o significado antigo da palavra em nossa língua. Livraria era, pelo menos até o século xviii, sinônimo de biblioteca. Vieira fala das livrarias dos colégios onde passara grande parte da sua juventude de estudioso incansável.

Mas não foi por acaso que associei a palavra de hoje ao sentido de outrora. A lembrança mais remota que me ficou de uma livraria foi a da bela e ampla sala de leitura da Biblioteca Municipal dos anos 50 do século que tenho de me acostumar a chamar de passado. Não sei se já se chamava Biblioteca Mário de Andrade, pois o poeta partira fazia bem pouco tempo. Primeiro refúgio do adolescente amante de livros, mas de escassos recursos para possuí-los, o seu rico acervo literário me abria a porta para entrar no mundo imaginário de Alencar, Álvares de Azevedo, Machado de Assis, Raul Pompeia… Refúgios virtuais dentro do refúgio real de um espaço cálido, frouxamente iluminado, onde o silêncio quase diria religioso dos leitores era povoado de vozes de criaturas de papel tão ou mais vivas do que as feitas de carne e osso. Do farto anedotário que ouço dos remanescentes da boêmia culta então reunida em torno da Biblioteca só lembro uma figura envolta em surrado capotão negro, rosto pálido e olheiras fundas, vincos de pensamentos trotskistas ou anárquicos: era o vulto de Maurício Tragtenberg.

Saindo da Biblioteca Municipal fui descobrindo os seus arredores. Hoje é preciso explicar aos jovens que grande parte da vida cultural de São Paulo estava concentrada no Centro da cidade. O campus da Cidade Universitária era ainda uma promessa e os bairros dos Jardins abaixo da Avenida Paulista estavam apenas começando a atrair o comércio de luxo. Assim, para frequentar uma boa livraria era necessário percorrer as ruas próximas do Teatro Municipal ou chegar até o chamado Centro Velho que desembocava na Praça da Sé. Com o tempo o estudante de Letras da Faculdade de Filosofia aprendeu que poderia ir muito bem a pé da Rua Maria Antônia até a Praça da República. Aí começava o seu périplo de curioso, mas não necessariamente comprador de livros…

Entre livrarias e bibliotecas, coleções de livros, autores e leitores, vamos passeando ao sabor da memória do ilustre professor. O texto seria publicado na íntegra em livro n.1, inaugurando a seção Conversas de Livraria.

A leitura, a música e o belo painel de Samson Flexor marcaram a abertura de um núcleo movido pelo trabalho continuado, pela amizade de seus membros e por um amor incondicional ao universo do livro.

2011
Jornada de Estudos:
MÍDIA E MEMÓRIA – ENTRE O JORNALISTA E O HISTORIADOR
22 de Novembro de 2011

Uma ambiguidade se apresenta no trabalho do jornalista e do historiador. Apesar de voltados para o mesmo objeto e seguindo caminhos vizinhos, ambos os profissionais se distinguem seja pela distância que tomam em relação ao acontecimento, seja no emprego de fontes de natureza diversa. De acordo com Jean-François Soulet, enquanto o jornalista se restringe ao tempo curto, o historiador se debruça sobre o tempo médio e longo. As fontes deste último são mais variadas e sua postura acadêmica impõe uma série de obrigações, como a de citar as fontes, que o jornalista não tem. Além disso, o discurso histórico se distingue por ser essencialmente analítico e narrativo, em oposição a certa liberdade de síntese e de reflexão do jornalismo.

Mas os vínculos entre jornalismo e história não se encerram por aí. A função de fonte documental, sem dúvida, faz com que os produtos da imprensa periódica sejam utilizados como acesso ao passado pelas diversas linhas de pesquisa histórica, desde o fornecimento de dados brutos às nuances ideológicas presentes nas representações que o historiador se esforça por decifrar, passando pela crescente importância da opinião pública e as tentativas de manipulá-la. Esse processo atinge o auge com a nova configuração das disputas pelo poder neste século, as quais têm seu palco principal nos meios de comunicação.

Ainda como objeto de estudo do historiador, as mídias podem ser abordadas em termos econômicos, tanto no que concerne à dinâmica do mercado editorial do periodismo, quanto no que tange às engrenagens das grandes corporações midiáticas e sua expressão nos setores financeiros e administrativos.

Esta jornada tem por objetivo colocar em pauta as relações que se estabelecem entre a atividade do jornalista e do historiador frente à construção da memória. Tal esforço justifica-se na medida em que as duas atividades por vezes confundem-se e a reflexão sobre sua práxis se faz necessária para o melhor exercício da pesquisa.

O evento está organizado em três eixos:

História das mídias

As mídias como fonte da história

História, jornalismo e memória

2011
Seminário:
OS PODERES DO LIVRO
Rio de Janeiro, 18 de Abril de 2011

Com a leitura do texto “Quem diz Livraria, diz Refúgio”, o professor Alfredo Bosi inaugura oficialmente o Núcleo de Estudos do Livro e da Edição.

Como escreve nosso paraninfo:

Quando Plinio Martins Filho, emérito editor, me pediu que alinhavasse minhas memórias de frequentador de livraria, veio-me à mente o significado antigo da palavra em nossa língua. Livraria era, pelo menos até o século xviii, sinônimo de biblioteca. Vieira fala das livrarias dos colégios onde passara grande parte da sua juventude de estudioso incansável.

Entre livrarias e bibliotecas, coleções de livros, autores e leitores, vamos passeando ao sabor da memória do ilustre professor. O texto seria publicado na íntegra em livro n.1, inaugurando a seção Conversas de Livraria.

A leitura, a música e o belo painel de Samson Flexor marcaram a abertura de um núcleo movido pelo trabalho continuado, pela amizade de seus membros e por um amor incondicional ao universo do livro.