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NEREUS realiza estudo em parceria com a Uber

Press release, São Paulo, 24 de abril de 2019

Uma pesquisa realizada pela Fipe usou dados de viagens intermediadas pelo aplicativo da Uber para criar um indicador inédito que examina a evolução dos congestionamentos em toda a região metropolitana de São Paulo nos últimos anos. O índice revela o quanto os congestionamentos deixaram os deslocamentos mais demorados em relação ao que seria possível com tráfego livre. A pesquisa identificou uma redução no período: o índice foi de 39,6% em 2016, 33,5% em 2017 e 31,4% em 2018.

O indicador foi construído a partir da plataforma Uber Movement, um site público e gratuito que disponibiliza o tempo médio gasto nos percursos entre centenas de áreas da Grande São Paulo, calculado a partir dos dados agregados de viagens intermediadas pela Uber – no início de 2018, a Uber completou a marca de 1 bilhão de viagens no Brasil.

São Paulo é a primeira cidade do país a entrar na plataforma, que foi lançada nesta quarta-feira (24) em evento com técnicos e pesquisadores da área. “O objetivo do Movement é contribuir com o trabalho de gestores públicos, planejadores urbanos, pesquisadores e interessados em mobilidade. Usando insights obtidos com os dados, é possível avaliar com eficiência o impacto de diferentes políticas e tomar decisões fundamentadas sobre investimentos em infraestrutura”, afirma Ivo Corrêa, diretor de regulação da Uber na América Latina.

O estudo da Fipe foi coordenado por Eduardo Haddad, professor titular do Departamento de Economia da FEA/USP e pesquisador do NEREUS, que recebeu a missão de explorar as possibilidades de pesquisa com os dados do Movement. Para criar o índice, os pesquisadores verificaram o tempo de viagem de cada área para cada área, em cada hora do dia, para chegar aos menores e maiores valores em cada dia, nos três anos – correspondendo a um total de 26,3 mil horas de trânsito analisadas.

Caso fosse uma única planilha, o banco de dados usado na pesquisa seria uma tabela com 3,7 bilhões de células. Esses dados, estruturados e convertidos em índice percentual, mostram a variação do tempo gasto no mesmo deslocamento em dias ou horários diferentes – quanto maior o índice, mais tempo os trajetos demoraram.

“O resultado é uma medida simples e intuitiva que pode ser utilizada para a análise e o entendimento de diversas questões relacionadas aos congestionamentos urbanos”, explica Haddad. O indicador será atualizado para seguir monitorando a evolução do trânsito.

A pesquisa completa pode ser consultada aqui. Para ponderar e agregar o índice para toda a região metropolitana, seguindo metodologia estatística, foram incluídos no cálculo dados da Pesquisa Origem e Destino. A divisão de áreas também é a mesma da pesquisa, o que facilitará à comunidade técnica combinar os bancos de dados quando necessário.

Como forma de validar a metodologia e os resultados do índice, a Fipe os comparou com dados oficiais de lentidão da CET, chegando a um alto grau de correlação, ou seja, os dois apontam as mesmas tendências. “Mesmo nos dias sem nenhum quilômetro de lentidão na CET, o índice de congestionamento é de aproximadamente 17,5%. Uma possível explicação para isso é que o indicador oficial considera apenas as vias principais da cidade, já o índice o Uber Movement abrange implicitamente todas as vias da cidade”, afirma Haddad.

Analisando diferentes regiões da Grande São Paulo, a pesquisa identificou que a região central e a zona sul da capital são as mais congestionadas, apesar de, assim como nas outras regiões, terem observado uma redução dos níveis de congestionamento de 2016 para 2018.

Para aprofundar a análise, os pesquisadores do NEREUS Eduardo Haddad e Renato Vieira ainda montaram um modelo teórico dessazonalizado, ou seja, controlando fatores que impactam o trânsito. Nessa análise, entre 2017 e 2018 o nível de congestionamento da Grande São Paulo ficou praticamente estável, com uma leve inclinação no final de 2018, mas ainda em patamar significativamente mais baixo em relação aos dados de 2016.

O índice de congestionamento também foi usado pelos pesquisadores para examinar o impacto de diferentes acontecimentos no trânsito e calcular estimativas. Alguns dos principais resultados encontrados na pesquisa são:

  • Nos dias após o bloqueio parcial da marginal Pinheiros devido ao colapso de um viaduto, em novembro de 2018, o índice de congestionamento aumentou, em toda a cidade, cerca de 5,1 pontos
  • Durante a greve dos caminhoneiros de 2018, que provocou falta de combustíveis nos postos, o índice de congestionamento caiu 9,4 pontos em toda a cidade
  • Nos dias com registro de chuva acima de 0,1 mm por hora, a lentidão do trânsito é em média 3,9 pontos maior do que nos dias sem chuva
  • Cada morador da região metropolitana que circula de carro ficou, em média, 23min24s por dia útil preso no trânsito entre 2016 e 2018
  • Nos dias de jogos do Brasil na Copa de 2018, o índice de lentidão ficou, em média, 11,3 pontos abaixo do usual
  • Nas férias escolares e feriados, os congestionamentos ficam bem abaixo da média. A redução chega ser de 9,6 pontos percentuais nas férias e 20,8 pontos nos feriados
  • Na comparação com as segundas-feiras, os domingos têm índice 22,4 pontos menor, enquanto às sextas observa-se um aumento de 9,5 pontos

MOVEMENT

No Uber Movement, qualquer um pode realizar consultas e visualizar os dados que mais interessar, com filtros que permitem comparar períodos do dia, dia da semana ou datas específicas. São mais de 267 mil combinações possíveis de viagens entre 517 áreas nos 39 municípios da região metropolitana.

Pelo site é possível medir o tamanho do impacto de acontecimentos no deslocamento das pessoas, como, por exemplo:

  • Durante o bloqueio parcial da marginal Pinheiros, as viagens dos Jardins para Alphaville ficaram 87% mais demoradas considerando o pico da tarde, nos dias úteis, de dezembro em relação à outubro
  • Na primeira sexta-feira da greve dos caminhoneiros, os percursos de Pinheiros a Tamboré ficaram em média 26% mais rápidos em relação à semana anterior
  • Quem foi de carro de Pinheiros para a Lapa levou 97% mais tempo na tarde de 20 de março de 2018, quando caiu uma tempestade na capital, na comparação com a semana anterior

Além das visualizações, o site tem bases de dados agregadas para download e permite comparar o trânsito das mais de 20 cidades que fazem parte da plataforma, de Nova York a Sydney, de Londres a Joanesburgo.

Como exercício de comparação, em março de 2018 uma viagem de carro, no pico da manhã, do aeroporto internacional ao centro financeiro da cidade levou, em média, 1h11min em São Paulo, 33 minutos em Nova Délhi e 1h17min em Londres.

O Uber Movement será atualizado com novos dados periodicamente, e está em constante aprimoramento com base em sugestões e críticas de especialistas. Nos próximos meses, a plataforma vai exibir a velocidade média, em km/h, em segmentos de ruas e avenidas, permitindo análises ainda mais detalhadas.

 

Repercussão do estudoFolhaEstadãoVejaG1Metro

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