O que pensam os presidenciáveis sobre o agronegócio

Cabe aos produtores rurais plantar, colher e vender. A partir daí é indispensável a presença do governo – pois vender pressupõe garantir preços, armazenar os produtos, transportá-los até os centros consumidores ou levá-los até os portos para mandá-los para o exterior. O agronegócio depende de linhas de financiamento à comercialização, boas rodovias e ferrovias, portos eficientes para se manter ativo e crescente.

O agronegócio emprega cerca de 26 milhões de pessoas no Brasil, o que representa quase 30% da PEA (População Economicamente Ativa), sendo responsável por aproximadamente 25% do PIB do país. Dele dependem os empregos, a circulação de riquezas e a arrecadação dos municípios. Se o campo vai mal, as cidades também empobrecem, o de­­­sem­­­prego provoca o êxodo e as fa­­­­velas incham nas grandes cidades.

Sob essa óptica, a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e mais de 50 entidades ligadas ao segmento elaboraram um documento com propostas e metas macro-estratégicas para o crescimento seguro e sustentável do agronegócio brasileiro. A meta é dobrar as exportações do agronegócio brasileiro, alcançando, em 2020, US$ 130 bilhões, envolvendo um corpo de medidas sociais, econômicas e ambientais.

O documento foi entregue aos 3 principais candidatos à presidência do Brasil, para que apresentassem suas propostas para o setor.

Garantia de renda para o agricultor

“O agronegócio engloba três agendas estratégicas para o Brasil e para o mundo: segurança energética, segurança alimentar e segurança no meio-ambiente”, disse Dilma Rousseff.

José Serra afirmou que é necessário equacionar três questões para o desenvolvimento da renda do agricultor: o câmbio, a falta de um seguro rural, o sistema de crédito. “O agronegócio é a galinha dos ovos de ouro do desenvolvimento”, completou.

Para Marina Silva, é preciso criar novas bases e estratégias para o desenvolvimento do agronegócio e resolver problemas ligados à infra-estrutura, ao crédito e financiamento. “Eu sou a solução para o setor no século 21”, afirmou.

Infraestrutura e Logística

Na visão de Marina, é necessária a elaboração de um plano para infraestrutura com diretrizes que orientem todas as ações relacionadas ao setor. “O PAC, apesar de sua importância, é um junção de obras, é um gerenciamento de obras”, disse. “Não podemos perder essa guerra para nós mesmos”, completou.

Dilma concordou que a infraestrutura é um dos principais gargalos do agronegócio brasileiro e por isso foi estabelecido o PAC I e PAC II. Segundo a candidata, entre 2007 e abril de 210 foram investidos R$ 460 bilhões em ferrovias, aeroportos, portos, hidrovias, rodovias, estaleiros e embarcações.

Serra enfatizou as más condições das estradas federais brasileiras e o alto custo logístico para escoar os produtos agrícolas, além de ressaltar que um caminho importante seria a competente parceria entre público e privado para melhorar as condições de infraestrutura no país.

Comércio Exterior

Para Serra, antes de pensar em exportações é preciso resolver o gargalo da infraestrutura porque o produtor é prejudicado por conta desse problema. “O preço dos produtos do setor vem crescendo 5% abaixo a inflação e apresentando um superávit de US$ 40-50 bilhões. Se não fosse o agronegócio, o Brasil estaria quebrado”, afirmou.

Segundo Marina, é necessário desconstruir o argumento daqueles que querem incluir barreiras para impedir a entrada dos produtos brasileiros nos países. “Precisamos criar uma nova narrativa, passando no teste de economia sustentável e com isso ganharemos respeito internacional”, disse.

Dilma afirmou que o Brasil possui um grande potencial de produção, boas tecnologias disponíveis e diversificação de produtos para exportação. “Estamos finalizando a criação de uma agência especializada em Comércio Exterior”, explicou.

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Dilma destacou a importância da Embrapa para o posicionamento do País como um importante ator no desenvolvimento tecnológico na área agrícola. “Pretendemos manter o apoio a Embrapa e, também, aos centros de pesquisa estaduais, universidades e iniciativa privada”, disse.

De acordo com Serra, as parcerias com as empresas privadas deveriam ser multiplicadas no Brasil para a produção de uma agricultura verde que não afete o meio-ambiente. “Precisamos turbinar a pesquisa, desenvolvimento e inovação para que tenhamos mais exemplos positivos na área”, disse.

Marina afirmou que o País precisa ter produtos de alto valor agregado e por isso é necessário ter investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Um exemplo citado pela candidata é o caso da soja plantada no cerrado.

Defesa Agropecuária

Esse tema, segundo Marina, depende dos esforços governamentais e do setor. “O aporte e apoio são de responsabilidade do governo federal, estadual e municipal, já o desenvolvimento de produtos de qualidade depende do setor”, afirmou. “Defesa Agropecuária está ligada a dois importantes assuntos: saúde e abertura de novos mercados”, acrescentou.

Dilma disse que irá trabalhar para a modernização de redes públicas de laboratórios. “Precisamos gerar tecnologias e novas metodologias de controle de medidas sanitárias e fitossanitárias”, afirmou.

Serra defendeu a criação de defensivos genéricos e de produtos transgênicos “verde e amarelo”, ou seja, adaptados para a realidade e agricultura brasileira. “Precisamos proteger nosso agronegócio cuidando de nossas fronteiras e, até, ajudando a fazer o combate contra doenças nesses países para minimizar o risco de transmissão”, completou.

Institucionalidade do Poder Público

Para Serra, existem duas questões fundamentais que o governo precisa reconhecer para trabalhá-las em conjunto. São elas: as diferentes formas de exploração agrícola e as distintas maneiras de produzir agricultura. “Se bem entendidas e trabalhadas, haverá aumento de eficiência e renda para o produtor”, disse. 

Marina afirmou que o foco não impede um trabalho integrado. “Precisamos criar mecanismos de integração, mantendo a especificidade de cada setor”, explica.

De acordo com Dilma, integrar os ministérios não é a solução porque o agronegócio possui ações específicas e transversais. “O desafio é integrar as diferentes atividades cotidianas mesmo que não estejam em uma mesma pasta”, afirmou.

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Fontes: portaldoagronegócio, ultimosegundo
Imagem: adroaldo peixoto

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