Quando pensamos em Construção e Ambiência temos logo a visão de práticas e manejos para os animais ou plantas já na fase de produção (dentro das granjas, no pasto ou em estufas). Mas, há fases onde também ocorre a necessidade de um planejamento de ambiência para minimizar as perdas e o estresse dos animais, como por exemplo a fase de transporte pré e pós abate. Durante a 1ª Semana Acadêmica da FZEA, o Prof. Dr. Iran José Oliveira da Silva coordenador do NUPEA (Núcleo de Pesquisa sobre Ambiência) da Esalq/USP abordou esse tema. Somente a cadeia produtiva de frangos de corte perde anualmente mais de dois milhões de dólares devido às mortes antes da chegada à linha do abate; essas perdas ocorrem devido à problemas de climatização, má adequação de espaço e má condição de transporte das aves. E o que a Engenharia de Biossistemas tem a ver com isso? Tudo.
O Engenheiro de Biossistemas com seu conhecimento multidisciplinar pode trabalhar no desenvolvimento de projetos que adequem o sistema de transporte (refrigeração, espaço físico etc.) às necessidades dos animais ou plantas (zootecnia e agricultura de precisão) e ainda desenvolvendo sistemas que monitorem e gerem dados para o controle da ambiência nesses locais. O Brasil é um país continental, onde as distâncias entre a região de produção e a de consumo são muito grandes. Imagine transportar uma carga de tomates de Indaiatuba (uma das regiões de maior produção no Estado de São Paulo) até um consumidor em Presidente Prudente, por exemplo. Esse trajeto tem em média 7 horas de viagem, portanto essa carga necessita de uma climatização adequada para que chegue em boas condições de consumo ao seu destino. E não apenas de climatização, mas também boas condições de acomodação em embalagens, boa oxigenação e controle de fungos e bactérias. E esses problemas ocorrem tanto com o transporte de vegetais e com o de animais também, e no caso dos animais ainda ocorre o agravante do estresse animal que pode levar a uma perca de qualidade na carne (endurecimento, cor escura, perca de massa, ranhuras etc.) e ao descarte de animais devido à acidentes e machucados.
Uma das aplicações que os Engenheiros de Biossistemas estariam preparados a aplicar seria o desenvolvimento de Redes Neurais Artificiais aplicadas à essa fase da produção. As Redes Neurais Artificiais (RNA’s) são sistemas computacionais que funcionam imitando o funcionamento do cérebro humano. Essas RNA’s têm a capacidade de “aprender” e produzir respostas diferentes de acordo com as variáveis do ambiente. Poderiam ser desenvolvidas redes que controlassem os componentes de transporte (temperatura dentro do caminhão, oxigenação, velocidade do transporte, umidade interna, controle do estresse dos animais, aplicação de fungicidas ou remédios para controle de contaminação no transporte etc.) e assim fossem adequando o transporte de acordo com a carga transportada, com o trajeto a ser realizado e com as condições ambientais fora do caminhão naquele momento. Isso traria vantagens à produção, diminuiria as perdas ocorridas durante o transporte e levaria à uma adequação do sistema de acordo com o produto ou espécie animal a ser transportado, pois os caminhões utilizados atualmente são padronizados a todo tipo de carga e não possuem adequações de acordo com a necessidade das diferentes espécies de vegetal ou animal transportado.
Saiba mais:
http://videos.engormix.com/pt/2229/transporte-animal/p0.htm
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