Revolução Agrícola e o Engenheiro de Biossistemas

Ao longo dos séculos a humanidade sempre conviveu com crises alimentares e precisou passar por revoluções na forma de buscar ou produzir alimentos para garantir sua sobrevivência. No período neolítico o Homem domesticou plantas e animais e, a partir desse momento, passou a produzir seus alimentos próximo ao seu local de moradia. Essa revolução, ocorrida para o trigo há 9000 anos antes da presente Era por exemplo, provocou o surgimento de diversas ferramentas e tecnologias que seriam utilizadas na nascente agricultura, possibilitando a sobrevivência da Humanidade e gerando modificações que nos influenciam até os dias atuais.

Outras Revoluções agrícolas foram ocorrendo através dos anos. No fim da década de 1940 deu-se início um processo que teve ápice na década de 1960, foi a Revolução Verde (que teve seu início na mesma época da Revolução Agrícola Contemporânea, com a diferença de que na Revolução Contemporânea a mecanização agrícola era mais presente).  A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington. Porém, o processo de modernização agrícola que desencadeou a Revolução Verde ocorreu no final da década de 1940.

Esse programa surgiu com o propósito de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo e utilização de máquinas no campo que aumentassem a produtividade. Isso se daria através do desenvolvimento de sementes adequadas para tipos específicos de solos e climas, adaptação do solo para o plantio e desenvolvimento de máquinas. Porém, essa Revolução hoje encontra-se em uma encruzilhada. A produção de alimentos realmente aumentou, entretanto o problema da fome ainda não foi resolvido no Mundo. Os problemas advindos do uso de fertilizantes em excesso e a abertura de novas frentes agrícolas causaram graves problemas ambientais.

Nesse momento é que torna-se tão necessário um profissional com o perfil do Engenheiro de Biossistemas. Hoje a agricultura praticada no Mundo ainda é muito desigual, enquanto em muitos países a utilização de novas tecnologias é altamente presente, em outros a prática agrícola ainda é realizada utilizando-se de queimadas e tendo como ferramentas a foice e a enxada somente. Desenvolvimento de novas tecnologias, mais baratas, mais ambientalmente e socialmente sustentáveis são atividades que o Engenheiro de Biossistemas lida em seu aprendizado na Universidade. Utilização das tecnologias de informação (para baratear custos, garantir maior seguridade alimentar, banco de dados para diminuir perdas por doenças ou desastres naturais), multidisciplinaridade (utilizando os conhecimentos biológicos para desenvolvimento de novas tecnologias mecânicas ou eletrônicas), forte enfase nas questões ambientais (geração de “energias mais limpas”, biocombustíveis, aproveitamento de resíduos, diminuição da dependência de produtos químicos para a prática agrícola etc.) e o desenvolvimento de tecnologias inovadoras levarão o Engenheiro de Biossistemas a ser um dos atores principais na busca por uma agricultura mais igualitária (diminuindo as diferenças de tecnologia entre os países) e mais ambientalmente sustentável. Promovendo assim uma verdadeira revolução na forma atual de produção do agronegócio.
Fonte: MARCEL MAZOYER & LAURENCE ROUDART: História das agriculturas no mundo, Editora Unesp 2009.
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