II SEMAC FZEA – CONSTRUÇÕES E AMBIÊNCIA

Por Matheus Hansen Paes e Keylla Guiguer – Bolsista do Programa Aprender com Cultura e Extensão (2013/14), orientada pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi.

Foto por: Biossistec Jr.
Foto por: José Pedro M. Coelho e Marco Aurélio S. Salazar.

O bloco de Construções e Ambiência foi um dos blocos com maior procura nesta II Semana Acadêmica (SEMAC) da FZEA. Durante 3 dias de atividades, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer empresas do setor e de se interarem sobre essa área de atuação, que tem ganho cada vez mais atenção e importância no meio agropecuário.

1º dia – Zootecnia de Precisão

Agradecimentos à Big Dutchman pela participação na semana acadêmica. Foto: Big Dutchman.
Agradecimentos à Big Dutchman pela participação na semana acadêmica da FZEA. Foto: Big Dutchman.

A Big Dutchman foi a empresa convidada para o primeiro dia de atividades deste bloco. Localizada em mais de 30 países, a empresa americana é líder mundial na fabricação e comercialização de sistemas para suporte à produção animal, com equipamentos com alta tecnologia embutida aplicáveis nas diversas etapas de desenvolvimento de aves, suínos e peixes, além de soluções para produção de bioenergia.

Durante a palestra, os representantes da empresa, Maikel M. Ozório e Leonardo Liz Santiago, apresentaram conceitos de climatização de ambientes e seus efeitos sobre o crescimento dos animais e do sistema produtivo como um todo – temperatura, umidade e velocidade do ar constituem o tripé do conforto térmico. Fatores como orientação dos galpões, materiais utilizados na construção e disponibilidade de recursos hídricos e elétricos constituem os fatores complementares para o sucesso de um projeto de climatização.

Falando sobre a realidade brasileira de climatização, uma vez que o Brasil possui 4 macroclimas distintos (equatorial, semi-árido, tropical e subtropical), o maior desafio está em prover soluções diferentes para realidades diferentes. A empresa abraçou o desafio e desenvolve produtos para a realidade nacional, ao invés de adaptar equipamentos desenvolvidos para condições e climas diferentes, exportando as soluções geradas aqui para países de clima semelhante ao nosso.

Um dos pontos salientados durante a palestra é de que não há uma verdade absoluta sobre climatização. Existem diversos paradigmas de produção e de conforto térmico para diferentes condições e localizações. Dados encontrados na literatura sobre conforto térmico costumam ser discrepantes e cabe às empresas adequarem seus equipamentos para fornecer condições às mais próximas das ideais em cada região.

Para os representantes da Big Dutchman, pela primeira vez em 10 anos está ocorrendo um aumento de investimentos em tecnologias e controle da produção animal. Grandes produtores nacionais de carnes e ovos têm investido pesado em tecnologias de suporte à gestão da produção e se destacando no mercado nacional e internacional. Sem investimentos em tecnologia o produtor não consegue se manter no mercado e, segundo os palestrantes, a tendência é de que os pequenos logo saiam do mercado.

Entretanto, uma das maiores dificuldades consiste em demonstrar ao produtor convencional de que a tecnologia é uma importante aliada à produção e que oferece inúmeras vantagens produtivas e financeiras a curto, médio e longo prazo.

Equipamentos e softwares permitem hoje ao gestor controlar todos os processos à distância, com apenas alguns toques em tablets/smartphones. Não é mais preciso entrar nas granjas. A automação atingiu a produção animal quase em sua totalidade, sendo necessário apenas a presença de um ser humano para inserir e retirar os lotes à cada ciclo produtivo.

Atualmente, a região centro-oeste abriga um crescimento da produção de aves e suínos, devido à proximidade à produção nacional de grãos, reduzindos custos com alimentação – um dos fatores que mais encarecem a atividade produtiva. A região norte é tida como a nova fronteira agropecuária em terras tupiniquins, com destaque para o estado do Pará.

Os alunos tiveram a oportunidade de visitar a fábrica da Big Dutchman em Araraquara/SP, podendo ver alguns dos equipamentos e sistemas de mais alta tecnologia que hoje são oferecidos ao mercado.

2º dia – Automação e ambiência na produção de alimentos

No segundo dia de atividades, a empresa convidada foi o laticíno Letti, produtor de leite tipo “A”, com sede na fazenda Agrindus, em Descalvado/SP.

Agradecimentos ao laticínio pela presença no evento. Foto: Fazenda Agrindus.
Agradecimentos ao laticínio pela presença no evento. Foto: Fazenda Agrindus/Letti.

Durante a palestra, a representante da Agrindus (e diga-se de passagem, ex-aluna de nossa Faculdade) mostrou aos alunos dados sobre a importância da empresa no cenário da produção de leite no Brasil, além de sistemas de manejo e tecnologias modernas utilizadas para a geração de produtos de qualidade. Segundo a representante, 93% da produção nacional de leite tipo “A” encontra-se no estado de São Paulo e 40% da produção de leite no país é informal – o que significa que não passa por sistemas de inspeção, estando sujeito a fraudes dos mais diversos tipos.

Uma maior produtividade de leite está relacionada à qualidade do alimento fornecido e do conforto dos animais – o que pode ser visto durante a visita à sua unidade. O rebanho da Agrindus é 100% rastreado, o que permite aos gestores verificar a incidência de doenças, manejo e dieta utilizadas, dentre outros.

Para a produção de leite do tipo “A” deve haver um controle sanitário rigoroso das etapas que antecedem a chegada ao consumidor, como as rotinas de ordenha, os equipamentos e seus utensílios de apoio, resfriamento do leite, sanidade do ambiente, transporte, bombeamento e estocagem deste produto. O contato com o leite deve ser mínimo para não prejudicar sua qualidade microbiológica. Durante o processo produtivo verifica-se uma grande automação de sistemas, como: processo de ordenha, controle ambiental (ventiladores, aspersores), sistema de identificação dos animais (tags), dentre outros.

O setor oferece muitas oportunidades de emprego em nosso país. A presença de profissionais capacitados no mercado, que aliem os conhecimentos da produção animal com o uso de alta tecnologia, de modo a gerar maior valor agregado e segurança alimentar ao leite, é altamente desejável para as empresas e ao mercado consumidor, conforme exposto na palestra.

3º dia – Materiais não convencionais

O terceiro, e último dia, de palestras do bloco de Construções e Ambiência teve início com a palestra do prof. Dr. Holmer Savastano Junior, cujo tema foi “Construções não convencionais para biossistemas”.

Durante a palestra o prof. Holmer apresentou seu laboratório de Construção e Ambiência, localizado na FZEA, que possui como linha de pesquisa as seguintes áreas: conforto térmico, fibrocimento, painéis de partículas, cinzas residuais e adições de minerais, concreto leve e materiais cerâmicos.

O núcleo é formado por diversos pesquisadores que atuam em diferentes áreas do conhecimento, dentro e fora da Universidade de São Paulo. Foto: Divulgação.
O núcleo é formado por diversos pesquisadores que atuam em diferentes áreas do conhecimento, dentro e fora da Universidade de São Paulo. Foto: Divulgação.

O professor também destacou o Núcleo de Pesquisa em Materiais para Biossistemas (BioSMat), que possui como objetivo principal a produção do conhecimento na área de materiais voltados para o setor agroindustrial, contribuindo com o desenvolvimento do processo de fabricação e aplicação de materiais compósitos, nanocompósitos de matriz inorgânica e polimérica vinculados ao setor agropecuário. 

Segundo o professor Holmer o principal objetivo dos estudos desenvolvidos pelos alunos de Engenharia de Biossistemas na área é a utilização de resíduos agroindustriais como potenciais fontes de matérias- primas não convencionais para construção.

Encerrando as palestras do bloco Construções e Ambiência a FZEA recebeu o prof. Dr. Antônio Beraldo da FEAGRI/ Unicamp que apresentou como tema da palestra “Materiais alternativos para a construção: bambu e resíduos vegetais”.

O bambu é uma matéria-prima muito utilizada em diversas partes do mundo para os mais variados fins. Diversas aplicações podem ser efetuadas com esta gramínea, desde seu uso em construções muito simples, tais como singelas cercas, na proteção de culturas, e até mesmo na construção de sofisticadas pontes, que conseguem vencer vãos livres superiores a 50 metros. No Brasil, no entanto, ainda não se aproveita todo o seu potencial.

O professor Antônio apresentou algumas das principais utilizações do bambu, desde suas mais simples utilizações até as atuais pesquisas que têm sido desenvolvidas buscando combinar suas simples fibras com sofisticadas matrizes poliméricas ou cimentíceas. Os compósitos assim obtidos mostram um excelente desempenho físico-mecânico, prestando-se para diversas aplicações industriais.

Agradecimentos à Infibra pela participação. Foto: Infibra.
Agradecimentos à Infibra pela recepção. Foto: Infibra.

O dia terminou com a visita técnica a empresa Infibra, situada na cidade de Leme/SP, onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer o processo de fabricação de telhas através da utilização de diferentes materiais, tais como amianto, cimento, PVA e polpa celulósica. Os procedimentos e maquinários utilizados para a produção de telhas, desde a obtenção da mistura de cimento e amianto, até os acabamentos finais de montagem também puderam ser vistos pelos alunos.

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