SCiO, um sensor de bolso que pode mudar nossa visão do mundo

Keylla Guiguer – Bolsista do Programa Aprender com Cultura e Extensão (2013/14). Orientada pelo Prof. Dr. Fabrício Rossi.

The handheld Scio scanner can detect the molecular makeup of certain objects Foto: http://time.com/87205/scio-scanner/
The handheld Scio scanner can detect the molecular makeup of certain objects
Foto: http://time.com/87205/scio-scanner/

Já pensou em ter em mãos um dispositivo que indique os valores nutricionais de um queijo? Ou que seja capaz de checar se há agrotóxicos em uma maçã? Ou que pode estimar a quantidade de álcool em sua cerveja? Pois o SCiO, um sensor molecular que entrou recentemente em campanha no Kickstarter (um site de financiamento coletivo, que busca apoiar projetos inovadores em geral voltados para tecnologia) quer levar estas e várias outras informações para a tela do seu smartphone.

“Imagine se houvesse uma maneira de saber qual melancia é a mais doce, quando o abacate vai amadurecer, quantas calorias, carboidratos ou proteínas estão em um shake, ou como suas plantas estão crescendo”, diz o co-fundador da Consumer Physics, Damian Goldring. “Imagine se houvesse uma maneira de saber a composição química de tudo o que você entre em contato.”

Mágica? Engenhosidade soa melhor. O que a Consumer Physics – empresa por trás do projeto – fez, foi criar um espectrômetro infravermelho portátil (o sensor pesa 20 gramas e mede 73 x 25 x 16,5 mm), isto é, um pequeno dispositivo que permite a análise da composição de materiais de diversos tipos a partir da medição do espectro da luz incidente.

Para descobrir a composição molecular de qualquer coisa, os cientistas têm um grande aliado: o espectrômetro. Este dispositivo mede com precisão o comprimento das ondas de luz refletidas pelo objeto estudado. Dado que cada molécula reage à luz de forma diferente, é possível estimar a composição do objeto apenas analisando seu espectro.

Em geral, espectrômetros têm o tamanho de um laptop e custam muito caro. Mas uma equipe de cientistas e engenheiros de instituições líderes, como MIT (Massachusetts Institute Technology) e Harvard criaram esta versão em miniatura de um espectrômetro, denominado SCiO.

O SCiO funciona assim: com sua fonte de luz ele ilumina o objeto a ser analisado, a luz refletida é então coletada pelo espectrômetro que envia as informações via Bluetooth para seu smartphone, os dados são enviados para a nuvem, e retornam uma análise “dentro de segundos” para seu smartphone, mostrando a composição do objeto analisado. O objeto será analisado de acordo com informações contidas em um banco de dados de assinaturas espectrais cadastradas, exibindo as informações de uma maneira fácil de entender. Por sua vez, as informações fornecidas pelos usuários em todo o mundo poderão ajudar a completar o banco de dados de assinatura espectral. Esta tecnologia tem sido padrão da indústria há décadas no controle de qualidade de óleos, esgotos ou produtos químicos. Mas o SCiO é o primeiro espectrômetro portátil para os consumidores, e oferece muito mais versatilidade de aplicação. O produto foi testado em demonstrações ao vivo com alta precisão.

O dispositivo é compatível com iOS e Android 4.3 ou superior e requer um aplicativo específico para funcionar. O smartphone necessita ter também, Bluetooth 4.0 LE para se comunicar com o SCiO. A bateria do dispositivo pode ser recarregada por microUSB e promete autonomia de até uma semana.

“A primeira aplicação é para os consumidores interessados em saber o valor nutricional do que estão comendo”, disse à CNN, Dror Sharon, CEO de Consumer Physics. “Muitas vezes eu encontro pessoas que não sabem o que está no queijo, frutas e legumes e têm dificuldade em discernir o que devem comer”.

“Eu acho que isso pode capacitar as pessoas que querem mudar sua alimentação, seja por razões médicas ou treinamento, e pode ser educativo em nos ensinar a fazer as melhores escolhas nutricionais”, disse Dror Sharon.

Os usos não acabam com a comida. Aplicativos estão disponíveis para analises médicas ou na aferição da saúde de plantas domesticas. SCiO poderá ser também uma ferramenta de proteção para “clubbers” interessados em verificar se a sua bebida foi alterada, ou pacientes que desejam saber se suas pílulas possuem composição como anunciado.

Ainda não dá para saber se os dados são de todo confiáveis, mas muita gente está disposta a arriscar: a campanha, que tem meta de US$ 200 mil, arrecadou mais de US$ 1 milhão no Kickstarter .

Por que é legal? Porque o SCiO dá informações “mastigadas” e quase em tempo real sobre vários tipos de materiais.

Por que é inovador? A invenção precisa apenas de um pequeno espectrômetro e de um smartphone para funcionar.

Por que é vanguarda? O SCiO coloca nas mãos de qualquer pessoa informações que, via de regra, exigem equipamentos mais sofisticados ou mesmo análises em laboratório.

Vale o investimento? Para quem vê utilidade neste tipo de análise, com certeza: o SCiO custa a partir de US$ 199 mais US$ 15 de frete para quem estiver fora dos Estados Unidos. O envio começará em janeiro de 2015.

E você, o que acha dessa nova invenção, como ela poderia ser utilizada por nós engenheiros de Biossistemas, em diferentes áreas?

Referências:

http://time.com/87205/scio-scanner/

http://edition.cnn.com/2014/05/02/tech/innovation/molecular-sensor-fits-in-your-hand/