Para onde foram as abelhas?

Fonte: Ideia do aplicativo é monitorar as ocorrências de envenenamento e sumiço de abelhas (Foto: Acervo/Ed. Globo) - http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2014/05/aplicativo-online-ajudara-na-protecao-abelhas.html
Fonte: Ideia do aplicativo é monitorar as ocorrências de envenenamento e sumiço de abelhas (Foto: Acervo/Ed. Globo) – http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2014/05/aplicativo-online-ajudara-na-protecao-abelhas.html

Keylla Guiguer – Graduanda em Engenharia de Biossistemas.

Em 1995 foram feitos nos EUA os primeiro relatos apontando o desaparecimento em larga escala de abelhas, o prenúncio de um fenômeno que hoje representa o maior desafio da apicultura mundial.

Estudos científicos indicaram que este desaparecimento era sintomático e epidêmico, causado por um distúrbio que mundialmente passou a ser denominado CCD (Colony Collapse Disorder – Síndrome do Colapso das Colônias) ou Desaparecimento das Abelhas. Os números atuais são alarmantes e crescentes. Nos EUA um grande percentual das colônias de abelhas tem desaparecido anualmente. Mas efeitos semelhantes também já se pronunciam na Europa, na América do Sul e outros continentes. No Brasil, em particular, a síndrome já se manifesta em vários estados, como SP, RS, SC e MG.

O CCD é identificado quando uma colônia de abelhas é reduzida, em poucos dias ou semanas, a um número muito pequeno de abelhas, causando o enfraquecimento da colônia e, muitas vezes, sua extinção. As abelhas simplesmente desaparecem sem deixar rastros, largando para trás crias, mel, pólen e, às vezes, a própria rainha.

O sumiço das abelhas é um problema que já mobiliza agricultores, apicultores, meliponicultores e pesquisadores, de várias partes do mundo e que agora passa a fazer parte das grandes discussões mundiais sobre a produção de alimentos. A importância das abelhas ultrapassa as atividades de produção dos subprodutos apícolas, como o mel, cera, própolis, geleia real e veneno. É importante enfatizar que as abelhas, com mais de 25 mil espécies no mundo, são os principais insetos polinizadores da natureza e exercem grande relevância nas atividades agrícolas pela polinização de mais de 70% das culturas agrícolas e de 85% das plantas com flores de nossa biodiversidade.

Atualmente aposentado da FFCLRP, o professor Lionel Segui Gonçalves, preside o Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (CETAPIS). Gonçalves criou e coordena o movimento “Bee or not to be?” que busca assinaturas on-line para a Petição pela Proteção das Abelhas.

A iniciativa, que já conta com mais de 3.300 assinaturas, baseia-se em estudos que apontam associação entre redução das populações de abelhas e uso de agrotóxicos. Segundo o especialista, este desaparecimento traz como principal consequência a falta de alimentos. “Aproximadamente 70% dos alimentos que consumimos dependem da polinização das abelhas. Elas também polinizam as áreas verdes. Assim, se elas acabarem, podemos sucumbir por falta de oxigênio”, alertou o Professor Lionel.

Visando aumentar o monitoramento e proteção das abelhas os responsáveis pela campanha “Bee or not to Be” lançaram um novo aplicativo chamado de “BeeAlert”.

A iniciativa é inédita e o aplicativo é a primeira plataforma online por georreferenciamento que poderá dimensionar a morte ou o envenenamento de abelhas por agrotóxicos usados nas lavouras e o desaparecimento de colméias. “Com esta ferramenta, apicultores e pesquisadores poderão documentar e divulgar as ocorrências deste fenômeno, provendo informações importantes sobre a intensidade, local da ocorrência e possíveis causas, dando a todos a real dimensão do problema”, afirma Daniel Malusá Gonçalves, diretor da 6P Marketing & Propaganda, agência responsável pelo desenvolvimento e lançamento do aplicativo.

O BeeAlert pode ser acessado de computadores, smartphones ou tablets. A ferramenta foi desenvolvida em língua portuguesa, mas já existem versões em espanhol e inglês. A ferramenta foi testada por pesquisadores e produtores de abelhas e visa mostrar, em tempo real, o local e a intensidade das ocorrências, dados ainda desconhecidos no setor. “O BeeAlert é uma plataforma de registro coletivo das ocorrências do desaparecimento ou perda de abelhas, com informações sobre o local e a quantidade de casos, compartilhadas online”, explica Gonçalves.

As ocorrências registradas no aplicativo servirão de base para publicações científicas e até o final de 2014, os pesquisadores esperam obter resultados significativos. O desafio, segundo eles, é divulgar a existência da ferramenta e multiplicar o uso.

Referências:

Movimento criado por professor da FFCLRP alerta sobre efeitos de agrotóxicos em abelhas

http://ead.hemocentro.fmrp.usp.br/joomla/index.php/noticias/ultimasnoticias/563-aplicativo-ajudara-na-protecao-as-abelhas

http://www.semabelhasemalimento.com.br/

http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2014/05/aplicativo-online-ajudara-na-protecao-abelhas.html

Seja o primeiro a comentar