Desafios da nova biotecnologia

OLYMPUS DIGITAL CAMERA
Ilustração

O estudo da biotecnologia compreende o desenvolvimento e técnicas voltadas à adaptação ou ao aquecimento de características dos organismos vegetais e animais, visando ao aumento da produção. Ao longo de várias décadas, seu progresso vem proporcionando benefícios socioeconômicos e ambientais nas regiões agrícolas. A seleção de sementes, os enxertos realizados em plantas, o cruzamento induzido de diferentes animais de criação, a associação de culturas são algumas das técnicas agrícolas que fazem parte da biotecnologia. É possível cultivar plantas de clima temperado, como a soja, o trigo e a uva, em regiões de clima tropical, acelerar o ritmo de crescimento das plantas e a engorda dos animais; aumentar o teor de proteínas, vitaminas e sais minerais em algumas frutas, verduras, legumes e cereais; aumentar o intervalo de tempo entre o amadurecimento e a deterioração das frutas, entre inovações que beneficiam os produtores agrícolas, os comerciantes e os consumidores.

Por volta de 1990, entretanto, uma parte da biotecnologia chamada pesquisa genômica passou a lidar com um novo campo que gerou e continua gerando muita controvérsia: a produção de organismos geneticamente modificados (OGMs), os chamados transgênicos. No caso das plantas, estas se tornam resistentes à ação e pragas ou de herbicidas fabricados por grandes empresas multinacionais, o que leva o agricultor a utilizar somente uma marca de produto e a ficar totalmente dependente de uma única empresa. Outras modificações genéticas mais antigas, como o melhoramento das sementes ou o aumento na proporção de nutrientes dos alimentos, nunca chegaram a ser criticadas da mesma maneira.

No Brasil, o setor agrícola tem grande importância na economia, logo, o país ocupa a segunda colocação em área plantada com variedades transgênicas no mundo (40,3 milhões de hectares), atrás apenas dos Estados Unidos, o qual possui uma área de 70,2 milhões de hectares. Só o Mato Grosso, maior produtor de algodão e soja do Brasil, contribui para pouco menos de 25% dessa área (em torno de 11 milhões de hectares), superando Canadá (10,8 milhões de há) e China (4,2 milhões de ha). Dados recolhidos da Consultoria Céleres e do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA).

Do ponto de vista econômico, os benefícios da adoção de transgênicos na produção rural vão desde a redução de custos, por conta da diminuição das perdas, até ganhos por melhoria da eficiência operacional e maior flexibilidade no manejo.

Esta nova tecnologia possui muitos aspectos positivos e negativos, o que têm gerado grandes discussões. Entre as vantagens, pode-se citar o balanceamento nutricional possível nos alimentos, a capacidade de reduzir e evitar riscos de certas doenças do alimento, reduzir drasticamente o uso de agrotóxicos e, se possível, eliminar a utilização dos mesmos. Com isso, a planta fica mais resistente a processos naturais como seca ou geadas. Isso garante estabilidade nos preços e custos de produção. Quanto aos aspectos negativos, a falta de variabilidade genética leva a uma maior vulnerabilidade do cultivo quanto à invasão de pestes, podendo gerar super pragas. Outro ponto a se preocupar são as sementes estéreis, resultando num possível monopólio comercial. Ainda não se sabe sobre efeitos adversos das proteínas modificadas em seres humanos, entre outros aspectos que fazem os transgênicos serem tão polêmicos.

Engenharia de Biossistemas
Engenharia de Biossistemas

É importante salientar, entretanto, que não se pode generalizar esse tipo de estudo. O cultivo de plantas transgênicas é pesquisado e liberado caso a caso. Saber que atualmente o algodão ou o milho transgênico não oferecem riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas são significa que outros tipos de OGMs sejam igualmente seguros. Outro exemplo é o salmão transgênico, animal geneticamente modificado aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para consumo humano. Além disso, cabe ao engenheiro de biossistemas desenvolver técnicas de pesquisa mais refinadas e projetar sistemas que favoreçam produção sustentável, contribuindo na otimização da produção de alimentos, materiais e energia, tendo em vista o equilíbrio econômico, ambiental e social.

Referências
http://www.portalmaquinasagricolas.com.br/mato-grosso-se-destaca-na-adocao-de-biotecnologia-agricola/
http://transgeniaemvegetais.blogspot.com.br/2010/08/vantagens-e-desvantagens-de.html/

Seja o primeiro a comentar