Série de Entrevistas: Os Intercambistas

Por: Lisiane Brichi

Tendo em vista a importância do intercâmbio na vida de um jovem que busca qualificação, o Portal Biossistemas decidiu iniciar uma série de entrevistas com os alunos da Engenharia de Biossistemas que já vivenciaram essa situação, e a nossa primeira entrevistada é a Danielle Pessoa Cordeiro. A seguir, confira e compartilhe das experiências dessa futura engenheira:

Bom dia Danielle, obrigada primeiramente pela presença! Antes de tudo, nos fale um pouco sobre você.

Bom dia, sou a Danielle Pessoa Cordeiro, atualmente estou no quinto ano de engenharia de biossistemas, idealmente no sétimo período, e sou de São Paulo.

Danielle, você acaba de chegar de uma experiência de intercâmbio nos Estados Unidos.  Diga-nos o que te motivou a se desafiar  assim.

Como nosso curso é novo aqui no Brasil, eu sempre tive vontade de ter uma experiência profissionalizante num lugar em que a Engenharia de Biossistemas fosse mais consolidado e a Universidade de   Nebraska, a qual fiquei no campus de Lincoln, me concedeu isso. Ela foi a primeira a repaginar a engenharia agrícola como biossistemas nos Estados Unidos, bem como foi a pioneira ao criar  o departamento de Engenharia de Biossistemas  em 1990. Porém, também efetuei o intercâmbio para treinar meu inglês.

Como foi a sua adaptação ao país, tanto academicamente como culturalmente ?

Culturalmente eles – os norte americanos – são mais impessoais que os brasileiros, trabalham com o lema “just business”. Eles mesmos dizem que vivem numa bolha, então estranhei um pouco. Porém academicamente tive um aproveitamento melhor, devido ao modo em que as aulas eram ministradas, bem como a maneira de cobrança de desempenho. As aulas eram curtas, porém o “homework” era mais elaborado, com prazos e por consequência o aprendizado era mais certo, pois eu era obrigada a me dedicar. No fim das contas isso me ajudava pois não precisava “me matar” de estudar para as provas como faço aqui no Brasil, já que não temos essa cobrança constante.

Quais disciplinas você cursou na Universidade de Nebraska e como elas te potencializaram?

Eu cursei a disciplina de irrigação, num local que possuía um ótimo laboratório de hidráulica e nós tínhamos contato direto com produtores rurais, o que era muito bom. Cursei também a disciplina correspondente a de Sistemas de Geração Distribuída, ministrada para nós  aqui na FZEA, e lá ela era denominada como “Introduction to  Energy Systems”. E cursei por fim Instrumentação, que inclusive a metodologia utilizada pelo professor George Meyer, com o qual eu tive aula, é conhecida pelo professor Rubens Tabile, responsável por esta disciplina na Engenharia de Biossistemas da USP. Um fato interessante é que eu não conhecia Nebraska e quando cheguei lá acabei descobrindo que Biossistemas era um curso muito forte, até porque Nebraska está no meio do Corn Belt, região onde a agricultura é muito forte.

Aproveitando esta tua descoberta, como o Engenheiro de Biossistemas é visto tanto em Nebraska quanto no país?

Em Nebraska eu sei que é muito valorizado devido à forte agricultura e às questões energéticas, assim como nas cidades mais interioranas. Inclusive a disciplina “Introduction to  Energy Systems” me concedeu a oportunidade de uma entrevista de emprego numa empresa que fazia transporte de gás natural. Porém, nas grandes capitais o curso acaba não sendo tão conhecido porque as pessoas ainda continuam não entendendo muito bem a diferença entre engenharia de biossistemas e engenharia agrícola, até pelo tradicionalismo da engenharia agrícola no país. Em Nova York inclusive, quando expliquei o que cursava à uma pessoa, a mesma  disse “ahh é engenharia agrícola então”.

 Então a empregabilidade é boa lá?

Sim, não só em Nebraska como em todos os estados que fazem parte  do Corn Belt.

Lá você fez estágio? Se sim, conte como foi.

Fiz sim, na área de Irrigação com o professor Suat Irmack. Não tive um projeto meu mas participei de vários projetos diferentes, inclusive participei da instalação de um sistema de irrigação por gotejamento com fita enterrada e de manutenções numa estação meteorológica.

O que você espera do curso de Engenharia de Biossistemas no Brasil?
Espero que  nele  os alunos tenham tanta acessibilidade  aos conhecimentos teórico e prático quanto eu tive em Nebraska.

Se você pudesse dar algum conselho para quem ainda não fez intercâmbio e gostaria de fazê-lo, qual seria?

Diria que vale muito à pena, pois tanto culturalmente quanto academicamente você cresce demais. A saudade é natural, mas a experiência é muito gratificante e nunca você estará sozinho.

Muito obrigada Danielle pela entrevista, e muito bom término de curso!

Conheça mais sobre a University of Nebraska – Lincoln:

Essa Universidade possuí 145 anos, tendo sido criada em 1869. Em 2013 ela foi listada entre as top 50 Universidades públicas dos EUA. Como citado na entrevista o Departamento de Biossistemas da University of Nebraska-Lincoln foi criado em 1990 e possui pesquisas e cursos  nas áreas de Engenharia Agrícola, Mecanização, Sistemas biológicos entre outras. Conheça mais aqui: http://www.unl.edu/