A partir dessa semana iniciamos uma coluna com o Engenheiro de Biossistemas e aluno de Mestrado da Universidade de Illinois Lucas Trevisan. Ele trará informações e novidades sobre a Engenharia de Biossistemas nos EUA. Nesse primeiro post ele nos conta um pouco sobre a reunião anual da ASABE (Conheça mais a ASABE).
ASABE é a sigla em inglês para: Sociedade Americana de Engenheiros Agrícolas e Biológicos (American Society of Agricultural and Biological Engineers). Uma das associações mais importantes e com maior influência referente ao desenvolvimento da agricultura nos EUA. Ela é uma associação já estabelecida a mais de 100 anos e tem como objetivo fornecer conexões para o desenvolvimento de sistemas crescentes e sustentáveis, ligando engenheiros, pesquisadores, produtures, etc. De acordo com a visão da ASABE, seu trabalho é para que seus membros sejam lideres em produção, transporte, armazenamento e uso de fontes renováveis, colocando a ciência a trabalho das necessidades fundamentais dos seres humanaos: alimentos abundantes e seguros, água limpa, fibras, madeira, combustíveis renováveis, bio-produtos para melhorar e salvar vidas. Sempre sem perder o foco na proteção das pessoas, animais, vida selvagem e recursos naturais. De acordo com o próprio site da ASABE: “Os membros da ASABE são encontrados em quaisquer lugares onde a tecnologia se encontra com o mundo natural, encontrando novas maneiras de prover as necessidades para vida de forma sustentável”. Eu me associei ao ASABE em Julho deste ano e desde então venho acompanhando os trabalhos desenvolvidos através das publicações mensais.
Anualmente é realizado o encontro internacional da ASABE, onde estudantes, professores, pesquisadores, profissionais em geral e empresas podem apresentar seus trabalhos de pesquisa, buscar soluções, compartilhar e agregar conhecimento nos mais diversos tópicos que se enquadram no escopo da associação. Normalmente os alunos de pós-graduação da UIUC e outras instituições são incentivados a participar do evento com intuito de divulgar o trabalho que vem sendo conduzido, mas principalmente, trocar experiências com outros pesquisadores e empresas e assim melhorar ainda mais seus resultados. Outro fator muito importante é o contato com empresas, as quais também buscam profissionais qualificados para atuar em suas áreas de necessidade.
Os temas abordados pela ASABE são bem abrangentes. De forma geral, todos os temas relacionados ao seu escopo de atuação cabem em seus eventos e revistas. Existem edições e eventos específicos para certas áreas, mas o encontro anual que ocorreu em 2016 na Flórida abrangeu todas e quaisquer áreas partinentes à ASABE. Este ano foi minha primeira participação em um grande avento da ASABE e duas áreas me chamaram muita atenção. Armazenagem e controle de perdas em pós-colheita. Sendo os Estados Unidos o primeiro produtor mundial de soja, seguido bem de perto pelo Brasil, perdas em produção que podem chegar até 15%-20% resultam em um impacto grandemente significativo na produção, o que resulta em menores indices econômicos e de uma forma mais direta, menos alimentos disponíveis para consumo animal e principalmente para consumo humano. Outra área que me chamou muito atenção pela quantidade de temas foi a produção animal, muitos estudos vêm utilizando novas tecnologias a fim de se chegar a uma produção que cumpra os requerimentos do mercado.
Pela experiência que tive, a Engenharia de Biossistemas está presente em todos os tópicos abordados pela ASABE, muitas vezes não diretamente, mas sempre envolvida. Em praticamente todas as paletras e discussões que participei muito se falou da importância da tecnologia como forma de atingir as necessidades impostas hoje pela sociedade e também da inovação necessária para expandir horizontes. Além disso, a era da base de dados tem sido muito explorada, chegamos a um ponto onde cada vez mais temos dados e informações, e assim surge a necessidade de se processar esses dados e extrair deles o que realmente importa a cada setor. Sendo assim, não há como dizer que a Engenharia de Biossistemas não está fortemente presente em tudo o que movimenta o setor agrícola ao redor do mundo, apesar de cada lugar utilizar uma nomenclatura diferente para a área de estudo. O Engenheiro de Biossistemas, aqui, se torna o elo entre tópicos multidisciplinares, aproximando cada vez mais a Engenharia ao campo.
