Diálogos do LAE: “O que a produção está fazendo em prol do bem-estar dos suínos?”

Texto escrito por Tauane Baitz, aluna de graduação de Engenharia de Biossistemas em FZEA-USP, orientada do Prof. Dr. Fabrício Rossi no Programa Unificado de Bolsas da USP.

O Diálogos do dia 10/10/2017 recebeu a Médica Veterinária Juliana Cristina Rego Ribas, coordenadora de produção da Agroceres PIC.

Na última terça feira (10 de outubro), ocorreu mais um Diálogos do LAE (Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal), com a médica veterinária Juliana Rego. O fórum de discussão tinha como o principal intuito discutir a questão do bem-estar na produção, apontando os possíveis problemas e apontando algumas soluções.

A produção de suínos vem aumentando cada vez mais, com uma previsão de aumento de 2,4% entre 2015 a 2025 no Brasil, sendo o maior crescimento localizado na região centro-oeste do país e a região sul responsável por 50% da produção. Com um maior aumento na produção é exigido um maior esforço em relação a eficiência da produção de suínos, o que requer um maior desafio em relação ao bem-estar animal, sendo de extrema importância para a otimização da produção. O maior desafio no Brasil é que não há leis específicas sobre o bem-estar animal, e só a partir do final da década de 2000 que começaram a surgir algumas recomendações.

As campanhas no mundo acabam reforçando a falta de bem-estar para suínos, como a prisão em celas. Temos que ter em mente que bem-estar não é só a questão de celas, é bem mais amplo do que podemos imaginar. Algumas empresas prometeram que terão sua produção de suínos livres de gaiolas, sendo que os fornecedores do McDonald’s estipularam um prazo até 2022, JBS (Seara) tinha como previsão até 2016 e a BRF (Sadia e Perdigão) com previsão até 2026.

Segundo Temple Grandin, professora de Bem-Estar Animal da Universidade Estadual do Colorado, nos EUA, e uma das maiores especialistas sobre o tema no mundo:

“É possível comer a carne de um animal que teve uma vida boa e morte sem dor.”

Os consumidores tomaram consciência do quanto a questão do bem-estar é importante, mudando o seu perfil de consumo, priorizando bem-estar animal, o nutritivo e nutricional, o sensorial e a funcionalidade, fazendo com que os produtores se adequem para satisfazer esse mercado consumidor mais exigente.

Durante o diálogo, foi discutido alguns problemas e possíveis soluções, como a gestação coletiva e apresentando várias possibilidades como ESF, baias pequenas ou mini-box. Para escolher um desses métodos, analisar o que é viável para o produtor é fundamental. Algumas questões sobre melhoramento na alimentação para a diminuição de sensação de fome crônica, sobre a castração (sendo a vacina de imuno castração mais adequada para evitar o sofrimento) também foram discutidas. Foram apresentandas também novas opções como alternativa à mossagem (sistema de marcação australiano), sendo a tatuagem ou brincos, os mais adequados.

Há muito a ser feito, e o Engenheiro de Biossistemas pode auxiliar no aperfeiçoamento ainda de técnicas e tecnologias, além de automatizar os ambientes, ou desenvolver materiais e ambientes mais adequados para amenizar o estresse térmico e evitar perdas e aumentar a produtividade. Assim, as exigências do mercado consumidor poderão ser atendidas, visando sempre o bem-estar.

O próximo diálogo do LAE será sobre “A importância da qualificação de mão-de-obra para o manejo e bem-estar animal”, e receberá o Professor André G. Cintra, no dia 29 de novembro de 2017. As inscrições podem ser realizadas através do site a abaixo:

<https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfqU051UrOpeOjGveVZ6rE4H7pNmIhgbYjRn7358-AK9slxMQ/viewform?usp=sf_link.>