Protocolo Agroambiental prevê mudanças na colheita da cana-de-açúcar

Atualmente, a colheita da cana-de-açúcar costuma ser executada por um dos três diferentes métodos: manualmente, mecanizadamente ou com equipamentos de auxílio à colheita. A colheita manual é a mais comum no Brasil, e sua principal característica é a realização da queimada no canavial, cerca de 24 a 48 horas antes – com o objetivo de ocasionar a “eliminação de animais peçonhentos do entorno das plantações, trazendo maior segurança ao trabalhador, além do fato de facilitar o corte ao eliminar impurezas e reduzir perdas”.

Assim, firmou-se um acordo entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SMA) e os produtores de cana-de-açúcar – sendo denominado de Protocolo Agroambiental.

Este protocolo reduz os prazos para o fim das queimadas. Em resumo, para as áreas planas a mecanização deve ocorrer até 2014 – ao invés de 2021 – e para terrenos acidentados até 2017 – ao invés de 2031.

As vantagens e desvantagens desse novo acordo estão em discussão, e dependem de vários aspectos.

Ambientalmente, haverá redução na emissão de gases causadores do efeito estufa (principalmente o CH4, pois o CO2 ainda pode ser reutilizado por processos fotossintéticos). Também haverá redução das fumaças (fuligens), que causam diversos problemas respiratórios.

Socialmente, existirá uma questão relevante quanto ao desemprego em massa ocasionado pela substituição dos colhedores de cana por máquinas. Estima-se que 50 mil trabalhadores – migrantes do norte de Minas Gerais e dos estados do Nordeste, que vem para as colheitas – perderão seus empregos.

A cana quando colhida mecanicamente é mais dispendiosa, e a obrigação da utilização dessa técnica pode comprometer  os pequenos e médios agricultores.

Observa-se novamente que essa é mais uma medida de mercado que mostra a importância da qualificação profissional.

O engenheiro agrônomo Darci de Camargo Redi faz sua conclusão sobre o fim das queimadas, com tal finalidade, e comenta a influência sobre o açúcar no mercado externo: “A queimada tem que parar. Isso é ponto pacífico. É verdade que ela não prejudica tanto assim o solo, mas ela polui e nós precisamos aumentar as áreas de preservação e diminuir as áreas de cana, porque quem compra açúcar no mercado externo não vai querer comprar de quem queima ou de quem explora criança e trabalho escravo. Isso tem peso no mercado externo”, e finaliza: “A cana é uma boa cultura, ela conserva o solo. E o álcool é uma matriz energética que nós dominamos. Por isso precisamos preservar e valorizar”.

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