Pecuária 4.0: A era digital chega à produção animal.

Figura 2. Apps, softwares e startups da produção animal

Texto por: Sérgio Luís de Castro Júnior, Engenheiro de Biossistemas, Mestrando em Engenharia de Sistemas Agrícolas (ESALQ/USP), Graduando em Engenharia da Computação (UNIVESP)

Avanços em eletrônica trouxeram à tona os sistemas computacionais e robóticos que marcaram a década de 70, período em que passávamos pela terceira revolução industrial. Quase 50 anos depois, estamos vivenciando a nossa quarta revolução: a indústria 4.0. Nesse cenário, os sistemas de produção inteligentes vêm ganhando cada vez mais destaque: de acordo com o engenheiro e economista Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial, “estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes”.

O setor agropecuário não ficou pra trás e o conceito Agricultura 4.0. já é bastante recorrente no meio acadêmico e empresarial. Vemos, assim, uma mudança de paradigma: estamos saindo de uma visão estereotipada do campo, enquanto uma cadeia pouco tecnificada e conservadora, e encarando o meio rural como um grande investidor em empreendedorismo e inovação. É nesse cenário que surgem as Startups voltadas para o agronegócio, as AgTech, que visam incorporar as ferramentas da revolução 4.0. para os diferentes desafios da produção vegetal e animal. O segundo senso da AgTech Garage, em parceria com a Esalq, mostra os interesses de mercado das empresas de inovação na agropecuária (figura 1).

Figura 1. Principais mercados de Startups (Fonte: AgTech Garage, 2017)

Na mesma lógica que a Agricultura de Precisão surgiu e posteriormente diferenciou-se da Zootecnia de Precisão, por incorporar desafios e sistemas bastante distintos, hoje já podemos colocar a Pecuária 4.0. como um novo conceito que já está revolucionando a produção animal.

Com isso, uma série de aplicativos e inovações para o mercado zootécnico brasileiro vem sendo propostos, seja por órgãos de pesquisa e principalmente pelas emergentes startups. A Embrapa, por exemplo, possui no seu catálogo alguns apps desenvolvidos em suas unidades, como o Suplementa Certo, para a gestão de suplementos na bovinocultura de corte, e a Roda da Reprodução, para a gado leiteiro. O Animalcomfort, dos grupos de pesquisa NUPEA e IFSP, propõe soluções para o conforto térmico dos animais. No grupo das Agtechs da pecuária, O Boi na Linha e o Uboi vem modernizando e facilitando a compra/venda de gado, enquanto a equipe do Bovcontrol e do Brabov desenvolveram sistemas de gerenciamento de dados zootécnicos. Há ferramentas que, que por sua vez, já focam o produto final, como é o caso da Brazil Beef Quality. Vale destacar também as empresas que exploram a produção de outros animais, como a Agroinova, que oferece soluções de gestão inclusive para a piscicultura. A Agriness, por sua vez, lançou o Oink, uma plataforma que oferece conhecimentos para a produção de suínos, enquanto a Gravitwave vem pensando em soluções de gestão na suinocultura. Na avicultura, temos como exemplo o Aniprev enquanto software de gerenciamento e o Agrofrango, lançado pela Agromanager.

Figura 2. Apps, softwares e startups da produção animal.

A Pecuária 4.0. vem, portanto, revolucionando o agronegócio ao incorporar novos profissionais e tecnologias na produção de animais, indissociáveis da nossa atual era digital. É nesse campo que age o Engenheiro de Biossistemas, reajustando os limites entre avanços tecnológicos e as necessidades do campo.

 

Referência:

SCHWAB, Klaus; DAVIS, N. Aplicando a quarta revolução industrial. Tradutor Daniel Moreira Miranda. EDIPRO, São Paulo, 2018.

AGTECH GARAGE. 2º Censo AgTech Startups Brasil. Disponível em: https://www.agtechgarage.com/censo/. 2017.