Como bem sabemos, o país vem sendo convulsionado por várias tormentas, nas mais diferentes esferas da vida pública e social, que afligem e conturbam o ritmo normal de vida de seus cidadãos, e enfrentando, como temos presenciado e aqui mesmo debatido, crises nos mais diferentes e sensíveis setores, como o político, o econômico, o da educação, o da saúde, o da energia elétrica, o do petróleo, entre outros. Diante disso, a Revista volta seus olhos, neste número, para debater uma outra crise, não menos importante, que assombrou (e ainda assombra) as pessoas, principalmente no Sudeste, especialmente no estado de São Paulo e mais notadamente na Região Metropolitana da capital paulista, onde grande parte de seus moradores viveu um pesadelo diário durante todo o ano de 2014 – e se estendeu neste 2015. Estamos falando da fatídica crise hídrica, a maior em mais de 60 anos, que causou (e causa ainda) transtorno e comoção na mais densamente povoada região de toda a América Latina.
Uma crise de proporções tão graves e abrangentes, que, dois anos depois de iniciada, ainda atrai olhares atravessados e desconfianças profundas da população com relação ao que, de fato, está sendo feito pelos governantes, para não apenas superá-la no momento presente e imediato, mas para que não se repita no futuro. A simples menção, neste período, do chamado “Sistema Cantareira”, que abastece 8,1 milhões de pessoas na Grande São Paulo, causou indiscriminada e frequentemente “choro e ranger de dentes”, para usar uma expressão bíblica pertinente.
Dessa forma, o dossiê Crise Hídrica se reveste de uma importância fundamental para a compreensão da gravidade do atual momento hidrológico. Agradecemos, desde já, ao especialista José Galizia Tundisi, coordenador de um conjunto de autores (temas e textos) importantíssimo, dimensionando o que de fato aconteceu no período, além de apontar providências imediatas a serem tomadas para a solução dessa imensa crise, a qual transtornou a vida de toda uma região que, acreditava-se, nunca seria atingida da forma como foi. Crise Hídrica é uma leitura mais do que obrigatória.

 

FRANCISCO COSTA

 

 

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