Do ponto de vista daqui, de hoje, um dossiê Futebol é quase óbvio. Mas no fim do ano passado, quando o tema era uma margem num futuro ainda nebuloso, ele foi descartado como um duplo maneirismo. À medida que 94 avançou, entretanto, e os preparativos para a Copa dos EUA se concretizavam, a palavra futebol começou a empolgar. É preciso dizer que bem antes da Globo anunciar dois satélites para cobrir a copa, muito antes de futebol virar moda, o martelo em torno do tema já tinha sido batido na Revista USP. E do início da copa para cá, quanto o ritmo de um campeonato mundial se tornou corriqueiro, integrado, aderido mesmo ao dia-a-dia, assistiu-se a um fenômeno único: o campeonato do mundo foi sendo pouco a pouco digerido, num grau nunca visto antes, pelo torcedor. Degrau a suado degrau, foi acontecendo um clima de inteligência em torno das pelejas – não em torno do escrete, por este só restava torcer –, que casou as batalhas ocorridas dentro de campo com as análises individuais de milhões de torcedores país afora. A exposição demasiada da mídia ao evento gerou, por sua vez, esse lance genial de cumplicidade entre escrete e torcedor, em que este sabia exatamente o que aquele precisaria. Lançamento em profundidade, que no final das contas forneceu subsídio ao torcedor brasileiro para enfrentar o último lance de pugilato da Copa dos EUA: os pênaltis – uma espinha de peixe entalada na garganta da cultura futebolística nacional. Futebol é a contribuição em verso, prosa e artes plásticas da Revista USP para este momento único do futebol brasileiro.

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