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editorial77

Assim como uma obra de arte, um quadro, manifesta sua genialidade a cada centímetro quadrado de sua composição, com as fotos de multidão se dá justamente o contrário: o excesso de rostos mistura-se de tal forma que acaba não sobrando "visível" nenhuma cabeça, nenhum corpo. O presente dossiê é na verdade uma tentativa impossível – dar visibilidade, pôr em evidência o grão de areia de uma duna. Imagens à parte, Sociedade de Massa e Identidade procura estabelecer as várias formas pelas quais "se estabelece" o indivíduo dentro do plano que se convencionou denominar, para o bem ou para o mal, globalizado. Tarefa titânica, de qualquer ponto que se olhe a questão. Na época da informação total, da segmentação classificatória – e portanto artificial –, sobra o ser humano como uma espécie de náufrago à deriva. À deriva, num momento em que o mundo impõe valores quase absolutos de fora para dentro. Pois era comum, até algumas décadas atrás, a convicção inabalável. Hoje, quando muito, é possível sustentar uma ou outra idéia. Duas guerras e uma revolução tecnológica brutal trataram de desconectar o homem de si mesmo, e o que sobrou da luta violenta da sobrevivência do "eu" foi uma aproximação cada vez mais perigosa – e contraditoriamente muitas vezes saudável – do "nós". Urrar contra a ditadura da informação, por exemplo, é dar murro em ponta de faca. Cada homem, cada mulher, é ao mesmo tempo um universo e parte minúscula, microscópica, de um todo. Não se trata de conversa mole, blablablá, como se diz. Principalmente num país como o Brasil, que se acostumou – não sem certo fundamento – com a idéia de ser um gigante. Talvez a questão que se coloque hoje seja: gigante em quê? É muito comum se ouvir, se ler, se contentar com idéias que, de tão repetidas, como num dominó acabam por ganhar peso de "verdade". Os antropólogos urbanos costumam usar um palavrão para definir a situação neste momento: falam muito em "relações pós-midiáticas" ("pós-mídia" é mais simples, convenhamos). No fim das contas, no limite, a vida do ser humano – e no caso do nosso dossiê, do brasileiro – se torna a sombra de uma citação. Onde, cargas d'água, tudo começou? Em que momento o angu virou caroço? Procuramos e encontramos algumas possíveis respostas aqui. O leitor tem diante de si, nas próximas páginas, um caleidoscópio que busca entender o problema da identidade – pelas bordas da massa. Mas dada a complexidade do tema, se ao fim do dossiê ele sair com mais perguntas do que quando começou a percorrê-lo, podemos nos dar por satisfeitos, isso indicará que cumprimos nossa tarefa.

O EDITOR

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Assim como uma obra de arte, um quadro, manifesta sua genialidade a cada centímetro quadrado de sua composição, com as fotos.... (leia na íntegra)

 

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