Bem que eles já mereciam uma homenagem. Juntar os nomes de Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre e Caio Prado Jr. foi uma das homenagens mais tocantes de toda a história da revista.
Sim, porque eles não são simplesmente três teóricos. Eles foram mestres no sentido mais amplo do saber, e cada um, à sua maneira, cuidou de repaginar e nos dizer o que era, é, este imenso país que é o Brasil. Assim, se na literatura nós podemos pensar numa geração de 30 – a princípio chamada regionalista –, o mesmo se dá com os três teóricos aqui abordados. São também a geração de 30, só que na teoria. Cada um à sua maneira: Freyre na Antropologia, Buarque de Holanda na História, Caio Prado Jr. na Sociologia. Foi a partir de suas generosas obras que as gerações posteriores trabalharam e repensaram o país.
Uma vez tive oportunidade de escrever que já não há mais intelectuais do porte de um Gilberto Freyre, por exemplo, com sua erudição enciclopédica e precoce. Penso que o mesmo vale para os nossos outros dois homenageados. Permanecem como símbolos e ideais de homens e trabalhos a serem alcançados. Penso também que esta modesta e oportuna homenagem a estes três grandes teóricos seja, de toda forma, um jeito simples de dizer-lhes muito obrigado pelo que representaram e representam para todos nós, que bebemos de seu saber, de sua erudição.
É... não há mais homens como Buarque de Holanda, Freyre e Prado Jr. Hoje, os três parecem compor uma constelação, parecem fazer parte de uma mitologia, seres vindos de um país distante para dizer a todos nós quem éramos e de onde vínhamos. Suas vidas intelectuais e pessoais influenciaram nossa própria vida. O dossiê "Intérpretes do Brasil – Anos 30" é a forma que a Revista USP encontrou para agradecer a estes três gigantes de nossa cultura.

FRANCISCO COSTA

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