Pensar o rádio hoje é uma redundância. No ótimo sentido, claro. Inimaginável um mundo sem rádio. Numa cidade como São Paulo, por exemplo, assolada por enchentes em estações de tempo mais ou menos definidas, impensável estar no carro e não sintonizar o dial nas notícias do trânsito, principalmente se o horário for de pico. Mas, além das inquestionáveis notícias, há um sem-número de atrativos que fazem do rádio uma espécie de companheiro. Por exemplo: seu time de futebol está fazendo uma partida não transmitida pela TV. Quem é que te salva nesses momentos que, você não sabe muito bem por quê, mas se tornam cruciais? O rádio, é claro.
Competindo hoje com a TV e com a Internet, o rádio guarda, de certa maneira, uma relação afetuosa de companheirismo com seu ouvinte. Seja através dos programas de entretenimento, seja naquela estação preferida, sintonizada diuturnamente, em que se ouve a música "adequada" a você – o tempo todo. Não é possível esquecer ainda as rádios religiosas, que levam a mensagem "do Senhor" a rebanhos incalculáveis, vinte e quatro horas por dia (outro dia fiquei aturdido girando o dial em AM e me deparando com uma pregação evangélica em português e imediatamente traduzida para o espanhol, com toda a ênfase – o Mercosul está aí, pois não).
Como começou, como se desenvolveu, em que estágio está o rádio brasileiro é o que averiguamos neste dossiê intitulado "80 Anos de Rádio". Um grupo de bambas na matéria, coordenados competentemente pelo professor Mario Fanucchi, encarregou-se de nos mostrar a amplidão alcançada por este meio de comunicação que, apesar de TV, Internet, etc., mantém, e amplia a cada dia, seu público cativo. Do pioneirismo de Roquette-Pinto às rádios online, está tudo aí. Confira o leitor. Vale a pena.

FRANCISCO COSTA

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