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Em março deste 2011 o mundo viu boquiaberto um fenômeno surpreendente. Um terremoto, que alcançou 9 graus na escala Richter – ou seja, fortíssimo –, com epicentro próximo do nordeste do Japão, gerou o tsunami mais bem documentado em imagens da história, com ondas de nada menos de dez metros de altura. À fúria da natureza somou-se outro acontecimento que tem a ver exclusivamente com o homem, pois ambos os eventos acarretaram danos dramáticos à usina nuclear de Fukushima-Daiichi, liberando radioatividade em terra e na água marinha num raio de 20 km, fazendo com que o governo japonês evacuasse a população de toda a área adjacente. O fenômeno foi tão contundente, que chegou até as costas do Chile, no Pacífico sul, com ondas de dois metros de altura. Às pessoas que puderam, em algum momento, acompanhar a série devastadora de imagens exibidas à exaustão pela TV e pela Internet, não restou outro sentimento que não o assombro. Como assombroso foi o fenômeno natural idêntico, em 2004, gerado no Oceano Índico, avassalando a Indonésia e matando cerca de 300 mil pessoas. Entretanto, aquele fenômeno nem de longe teve cobertura midiática, “em seu transcorrer”, como o do país do sol nascente. Pois vimos em imagens chocantes (passe a palavra), por exemplo, o exato instante em que o aeroporto de Sendai era inundado pelas águas como num pesadelo. E a simples imagem de grandes embarcações sendo levadas para um ou outro lado, como se fossem feitas de palitos de fósforo nas mãos de crianças brincando n’água, dá uma pálida ideia do peso do golpe que abalou o povo japonês naquele dia fatídico. Não bastasse o quase irreal tsunami causado pelo imenso terremoto, o perigo concreto da radioatividade completou um cenário de tragédia que tem e terá desdobramentos durante muitos e muitos anos ainda – lembremos de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia.
Foi pensando nesses três eventos funestos que trouxemos um dossiê no mínimo precioso. “Catástrofes” foi inspirado nos eventos ocorridos no Japão e responde a questões que surgiram a partir deles, principalmente para nós. Por exemplo: há risco de terremotos fortes e tsunamis no Brasil? E importantíssimo: nossas usinas correm algum tipo de perigo como as daquele país? (A Alemanha, por exemplo, devido ao ocorrido em Fukushima, resolveu desativar suas usinas nucleares a partir de 2020.) E mais: num país como o nosso, com tantas fontes de energia, vale a pena investir em energia nuclear?
Essas e muitas outras questões são brilhante e minuciosamente discutidas neste nosso dossiê. Você se surpreenderá com a quantidade, e qualidade, das informações e análises aqui contidas sobre esses assuntos. Boa leitura.
FRANCISCO COSTA
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