Artigo | edição 5 | Maio-Agosto de 2009
Os jornais para comunidades estrangeiras no contexto da globalização: processos de desenraizamento, exclusão e construção de novas identidades
 
Cristina Miyuki Sato |
 
Introdução

O aumento considerável de jornais, revistas, livros e meios eletrônicos para o público nipo-brasileiro (1) vem desmentindo a idéia de que os sentimentos étnicos ou de grupo tenderiam a desaparecer nas sociedades modernas, especialmente nas grandes cidades. A chamada globalização e os avanços tecnológicos na transmissão de informações parecem acentuar processos de exclusão e desenraizamento de segmentos formados por pobres, estrangeiros e minorias historicamente estigmatizadas.

No campo da comunicação, o atual estágio do capitalismo fez surgir produtos que constroem novos territórios geográficos para a sua circulação, aponta Alice Mitika Koshiyama (Koshiyama, 2003). As diversas possibilidades de mídia dinamizaram a tradicional imprensa para comunidades estrangeiras no Brasil, em especial a nipo-brasileira. O público formado pelos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil ganhou novos contornos e definições com o fenômeno “dekassegui”. No final dos anos de 1980, brasileiros com ascendência japonesa foram trabalhar como operários no Japão e construíram uma outra comunidade nipo-brasileira, agora baseada no Japão.

As novas empresas de comunicação dessa imprensa se organizam em complexos midiáticos, trabalhando simultaneamente com meios impressos e eletrônicos. Diferentemente do que ocorria com os antigos jornais para imigrantes japoneses no Brasil – destinados exclusivamente aos patrícios que viviam no Brasil –, esses veículos atendem públicos que transcendem fronteiras nacionais e continentais. Surgiram sites, revistas e livros para públicos segmentados, como os jovens, que podem ser consumidos tanto no Japão quanto no Brasil.

A familiaridade com a leitura e com o jornalismo é um aspecto relevante na trajetória dos japoneses no Brasil. No Japão, a educação obrigatória e o jornalismo surgem com a modernização do país a partir do século 19. O aparecimento de um jornalismo genuinamente japonês ocorreu em 1868, em plena guerra civil que se seguiu ao golpe de Estado que derrubou o xogunato Tokugawa. Muitos informativos eram distribuídos diariamente, demonstrando a existência de uma demanda suficiente e uma infra-estrutura adequada em termos de impressão e distribuição (2).

A publicação de jornais foi uma das manifestações culturais mais antigas e importantes dos imigrantes japoneses no Brasil. Além dos chamados “grandes jornais” editados em japonês na cidade de São Paulo, houve muitos boletins e revistas publicados por associações de imigrantes em todo o país.

Existem diferenças profundas entre os jornais nipo-brasileiros publicados no Brasil, voltados para imigrantes, e os veículos de comunicação sediados no Japão, destinados aos trabalhadores dekasseguis. A revista Made in Japan (3) é apontada no estudo de Koshiyama como uma experiência inovadora e um projeto de comunicação bem sucedido que propõe organizar a comunidade nikkei em língua portuguesa no Brasil e no Japão, contribuindo para dar-lhe visibilidade e identidade.

Os demais projetos de comunicação sediados no Japão, como os jornais International Press e Tudo bem, também promovem os valores ideológicos do capitalismo internacional, como faz a revista Made in Japan. Por serem factuais, apresentam as contradições do sistema, como o desemprego e os preconceitos que os brasileiros sofrem, mas sempre descontexutalizados das suas causas.

A existência dos meios de comunicação continua essencial para os processos de mudanças numa sociedade. O suporte material das informações se sofisticou e foi ampliado, mas a projeção de idéias que interferem na realidade do público continua dependendo de veículos de comunicação. Seja com os antigos kawaraban (4), seja com os modernos equipamentos que permitem a convergência de mídias, um veículo de comunicação só existe como tal ao se relacionar com eficiência com seu público, utilizando formatos e conteúdos acessíveis para suas mensagens.


A linguagem utilizada pelos jornais nipo-brasileiros

Atualmente circulam dois grandes jornais diários em japonês no Brasil. Ao final da Segunda Guerra Mundial surgiram três jornais para os imigrantes japoneses: o São Paulo Shinbun foi fundado em outubro de 1946, o Jornal Paulista passou a circular em janeiro de 1947 e o Diário Nippak foi criado em 1948. Apenas o São Paulo Shinbun resiste até os dias de hoje (dezembro/2007). O Jornal Paulista e o Diário Nippak, que desde o início tinham afinidades ideológicas uniram-se em 1997 para enfrentar as constantes dificuldades financeiras, dando origem ao atual Nikkey Shinbun.

Apesar das diferenças e rivalidades que marcam a trajetória de ambos os jornais, eles apresentam semelhanças quanto à organização de editorias. As manchetes reproduzem o noticiário dos jornais japoneses, e a seleção das matérias é praticamente idêntica. Trazem igualmente a tradução das principais notícias brasileiras e os acontecimentos da comunidade.

Outro aspecto em comum sempre foi a singularidade do idioma japonês utilizado. Da mesma forma que o japonês falado no Brasil, os redatores utilizavam expressões e vocábulos emprestados ou derivados da língua portuguesa. Em seu artigo sobre os empréstimos do português nos jornais nipo-brasieliros, Junko Ota mostra que o fator marcante no emprego do português nos textos desses jornais é a necessidade de expressar objetos e fatos que fazem parte da realidade dos falantes, envolvendo o emissor e receptor (OTA, 1994).

Esses estrangeirismos apresentam, segundo a autora, uma diferença simbólica em relação aos estrangeirismos adotados no Japão. Os estrangeirismos verificados nos jornais nipo-brasileiros evocam, “mais que o exotismo, o consenso entre o emissor e o receptor, a pressuposição do emissor em relação ao emissor como um outro membro da mesma comunidade”.

O consenso é um aspecto fundamental da relação do público com um jornal de sua comunidade e, em boa medida, o que garante a leitura fiel – há leitores que acompanham esses jornais há décadas! Depoimentos de jornalistas e antigos administradores revelam que a relação dos jornais com seus assinantes (a venda avulsa em bancas é quase insignificante) e anunciantes é mais próxima e menos racional que em grandes empresas de comunicação.

As expressões extraídas diretamente do português (como ‘caderneta de poupança’ ou ‘inflação’) poderiam ser substituídas tranqüilamente por vocábulos japoneses ou ingleses, como se tornou comum no Japão. A opção de utilizar termos em português demonstra a cumplicidade lingüística com o leitor. Mais ainda: a utilização literal do japonês padrão tornaria os textos pedantes e poderiam humilhar o leitor, um imigrante enfrentando condições rústicas no interior de São Paulo ou do Paraná.

Um dos grandes pioneiros do jornalismo nipo-brasileiro no período anterior à Segunda Guerra Mundial, Rokuro Koyama, criticou em suas memórias os jornais que existiam na época:

    Ambos os jornais [Brasil Jiho e Nippak Shinbun] não eram jornais para imigrantes. Eram jornais que exalavam desprezo, superioridade em relação aos imigrantes. Como não conheciam o dia-a-dia, falavam do imigrante como um patrão que observa os empregados de longe. (KOYAMA, 1976, p.318).

A leitura dos jornais São Paulo Shinbun e Diário Nippak revelam que decaiu drasticamente a utilização de termos em português adaptados ao texto. Predominam atualmente os estrangeirismos correntes no japonês padrão, com a grafia adotada no Japão. São exemplos constantes palavras como purojekuto (do inglês project), imeeji (do inglês image), kurabu (do inglês club). Em outros tempos, seria natural encontrar essas palavras grafadas como purojeto, imaajen, kurube, aproximando-se da pronúncia em português.

Embora sejam menos constantes que no passado, alguns vocábulos claramente tomados do português continuam aparecendo nas matérias sobre a comunidade nipo-brasileira. É o caso da palavra “beterano” (veterano) na página 8 do Nikkey Shinbun de 01/12/2007, no lugar de “beteran”(do inglês veteran) ao fazer referência à festa de confraternização dos atletas veteranos do Ibirapuera. Mesmo no São Paulo Shinbun, em que praticamente os estrangeirismos dessa categoria foram abolidos, é possível encontrar um “bare tuudo” (vale-tudo) em matéria sobre um campeonato de luta livre ocorrido em Manaus (pág. 2 da edição de 01/12/2007)


Estratégias cognitivas

O caráter da interação entre o autor e leitor torna possível distinguir os discursos narrativos, descritivos ou argumentativos, segundo Ângela Kleiman (KLEIMAN, 2007, p.19). No caso de matérias em que aparecem os estrangeirismos, os textos narram e descrevem temas de conhecimento comum aos japoneses que vivem no Brasil. A intenção do autor aparece claramente, e o texto apresenta essas marcas formais: “Um campeonato de vale-tudo na Amazônia homenageia um japonês. Existe toda uma seqüência de fatos por trás disso. Vamos à história...”, começa o autor da matéria. O leitor reconhece o início de uma narração e prepara-se para alguma reminiscência sobre alguma figura heróica ou exótica da imigração japonesa nos trópicos.

A utilização de palavras-chave em português é uma fórmula freqüente no cotidiano dos imigrantes no Brasil. Expressões como veterano são muito usuais para um público leitor que envelhece a cada edição de jornal (há mais de uma geração os descendentes deixaram de ler jornais escritos apenas em japonês). Substitui-la pelo correspondente em inglês seria romper a relação de interação com o leitor.

Mesmo nos textos descritivos, que compõe a maior parte do jornal, são os estrangeirismos e referências ao Brasil que permitem ao leitor compreender a proposta do texto. Para a descrição ser bem sucedida, Kleiman afirma que o leitor terá que recriar as situações através de palavras do autor: “Devemos lembrar que a essência da descrição é a seletividade, pois o descritor não pode descrever exaustivamente, daí o viés avaliativo e da atitude [do leitor]” (KLEIMAN, 2007, p.19).


Conhecimentos prévios

O conhecimento lingüístico e textual não é suficiente para a compreensão das matérias dos jornais nipo-brasileiros. Há necessidade do chamado conhecimento de mundo ou conhecimento enciclopédico: “Para haver compreensão, durante a leitura, aquela parte do nosso conhecimento de mundo que é relevante para a leitura do texto deve ser ativada, isto é, deve estar num nível ciente, e não perdida no fundo da memória” (KLEIMAN, 2007, p.20).

Os textos em um jornal para imigrantes exigem do jornalista e do leitor diferentes estratégias cognitivas para integrar os diferentes níveis de conhecimento: conhecimentos dos ideogramas, do alfabeto ocidental e do contexto extralingüístico do Brasil. Há a necessidade de construir o que Kleiman chama de coerência local (construção de laços coesivos entre as seqüências) e a coerência temática (construção de um sentido único para essa seqüência de elementos) ativando-se conhecimentos prévios bastante diversificados (KLEIMAN, 2007, p.55).

Matérias sobre a política nacional trazem exemplos interessantes de princípios que o redator e o leitor utilizam para construir os sentidos no nível da microestrutura e da macroestrutura. Um exemplo interessante é a questão das siglas, inevitáveis nas matérias da editoria de Nacional de ambos os jornais. Nos títulos, as siglas como CPMF (Contribuição Provisória sobre as Movimentações Financeiras), PT (Partido dos Trabalhadores), PAC (Plano de Aceleração da Economia) aparecem sem a explicação em japonês, o que exige do leitor o conhecimento do alfabeto ocidental e da atualidade nacional.

No caso do “olho” e do corpo das matérias, existe a preocupação em colocar entre parênteses a explicação das siglas, de forma bastante precisa, quando a sigla aparece pela primeira vez no texto. Todas as siglas são utilizadas como são conhecidas no Brasil, como Ibama, IBGE, DEM, CPI. As manchetes dos últimos dois meses de 2007 priorizavam a votação pela prorrogação da CPMF, nas quais o estabelecimento de sentidos recorre às regras como a parcimônia, canonicidade, coerência, recorrência, linearidade, de continuidade temática e de não contradição.

O processamento das informações durante a leitura se faz tanto a partir do conhecimento prévio e das expectativas e objetivos do leitor (processamento descendente ou de-cima-para-baixo) quanto a partir de elementos formais do texto a medida que o leitor os vai percebendo (processamento ascendente, ou de-baixo-para-cima). Esses dois processos de decodificação são descritos por Mary Kato (KATO, 1985) numa perspectiva de aprimorar as estratégias utilizadas para integrar as informações novas ao conhecimento prévio do leitor e à informação já fornecida no texto.


Reconhecimento instantâneo

A produção de textos em japonês para imigrantes que vivem há longo tempo no Brasil traz elementos interessantes para compreender a importância do reconhecimento instantâneo para a leitura proficiente. Neste aspecto, os jornais nipo-brasileiros privilegiaram no pós-guerra os ideogramas mais simplificados e numa quantidade menor que o utilizado no começo do século 20, acompanhando tendência verificada no Japão. Mesmo que o leitor não conheça a leitura precisa do ideograma, um leitor médio pode inferir o sentido da palavra por algumas pistas, a partir da análise de partes do ideograma.

Apesar da dificuldade com a memorização de centenas de ideogramas para uma leitura fluente do texto, uma das vantagens para um leitor proficiente é a possibilidade de reconhecer mais rapidamente as diversas seções e conteúdos sem a necessidade de um processamento ascendente. Pelas características da escrita japonesa, um leitor proficiente tende a obter informações pelo processamento descendente, com mais rapidez, “adivinhando” as idéias gerais sem precisar confirmar unidades pequenas (coesão entre letras e sílabas) como no alfabeto ocidental, baseado nos fonemas.

Não há pesquisas sobre o nível de escolaridade e de proficiência dos leitores dos jornais nipo-brasileiros, mas a linha editorial e a escolha dos ideogramas indica que o público é considerado proficiente. Em alguns casos ideogramas considerados mais complexos aparecem seguidos de sua forma de leitura. Foi o caso dos ideogramas que formam a palavra “hiketsu” (fórmula) na edição do Nikkey Shinbun de 01/12/07, na matéria sobre o aniversário do príncipe Akishino (A resposta referia-se à fórmula da paz conjugal do príncipe e sua esposa). A leitura do ideograma foi colocada entre parênteses, demonstrando a suposição de que o leitor poderia desconhecer a sua leitura correta.

Segundo Kato, quanto mais eficiente o leitor, maior o seu vocabulário visual – há pouca necessidade de desmembrar as palavras em unidades menores para sua compreensão. No caso de palavras desconhecidas em japonês, o leitor pode realizar decomposições sucessivas para conseguir identificá-la totalmente. No caso de “hiketsu”, caso o leitor reconhecesse o ideograma “hi” poderia inferir que a palavra se relacionava a “segredo”, o significado de parte da expressão.

Não se pode dizer que a diagramação seja confortável visualmente. As páginas se sucedem sem grandes diferenciações, com a sucessão de blocos compactos de ideogramas, com poucas fotos e espaços. O padrão pode causar estranheza para os padrões ocidentais modernos, mas trata-se de uma disposição gráfica bastante comum dos jornais do Japão.

Uma vantagem desse padrão são as colunas estreitas, facilitando a antecipação dos próximos elementos da leitura, que depois serão apenas confirmados (KATO, 1985, p.28). Para evitar demora e equívocos na leitura de um texto, é preciso dar atenção especial às “pistas” que permitem as adivinhações antecipadas do leitor. A seqüência deve trazer unidades de significação mais conhecidas primeiro, para que o leitor não tenha que interromper a leitura a todo momento para realizar operações analíticas e sintéticas que o obriguem a voltar para o início dos períodos a cada processamento.

A linguagem dos jornais deixou de ser próxima da oralidade dos imigrantes. Essa característica era identificável com as cartas e artigos de imigrantes pioneiros, publicados por esses jornais em seus primórdios. Os fundamentos do texto acessível estavam claramente presentes, como provam a predominância de palavras que pertenciam ao universo semântico do imigrante – fazenda, camarada, patrão, por exemplo – embora não fizessem parte do seu léxico visual.


A linguagem dos jornais e o leitor imigrante: quem mudou primeiro?

O gradativo abandono do colônia-go (linguagem da colônia) pelos jornais pode ser explicado por alguns fatores, como a mudança no perfil dos jornalistas, dos próprios leitores e as transformações na língua japonesa. No contexto da globalização, a linguagem utilizada no Japão chega mais rapidamente ao Brasil, sendo incorporada pelos jornais nipo-brasileiros. Provavelmente o maior intercâmbio com o Japão – parentes dekasseguis, TV a cabo e internet com noticiário ao vivo – alterou o japonês falado pelos imigrantes, mesmo os que residem há muitas décadas no Brasil.

Alguns dos fatos aqui apontados já se verificam nos jornais em português publicados para os dekasseguis no Japão. Na década de 1990, jornais como Tudo bem e International Press utilizavam muitas palavras japonesas do cotidiano das fábricas: zangyo (hora-extra), yakin (jornada noturna), kenko hoken (seguro de saúde). Com o desenvolvimento dos jornais, que se modernizaram, os estrangeirismos diminuíram drasticamente, restringindo-se principalmente aos anúncios de trabalho.

As especificidades da relação do estrangeiro com a imprensa de sua comunidade podem encobrir dificuldades em relação à leitura e à acessibilidade das informações. Provavelmente ocorrem construções equivocadas, por parte do redator, e percepções inadequadas, por parte do leitor, que levam à incompreensão das informações. Os diferentes graus de isolamento e preconceitos sofridos pela comunidade no país receptor acarretam maior ou menor dependência dos leitores desses jornais.

Diante da ausência de outras fontes de informação, o jornal da comunidade torna-se importante espaço de auto-referenciação e de prestação de serviços. São fatores que facilitam a construção de uma “estrutura lógico-informacional” e levam ao engajamento natural dos leitores na leitura, que necessitam de informações cruciais para sua sobrevivência (ofertas de trabalho), conforto (produtos do seu país de origem) e lazer (agenda de eventos da comunidade).

Os textos devem se preocupar em não impor tarefas que desencorajem a leitura, segundo Kleiman. Outros autores, como Bocchini mostram a importância de identificar o leitor e utilizar o seu universo contextual (BOCCHINI, 1994). Explicações precisas dos termos desconhecidos são cruciais para escrever um texto acessível. As opções não devem ser estéticas, pedantes, ao gosto de quem escreve. A acessibilidade e eficiência somente serão possibilidades reais quando o leitor (ou o público) virarem prioridade. Nesse sentido, os jornais nipo-brasileiros que sobreviveram provavelmente foram os que acompanharam as mudanças de mentalidade e de identidade do seu público.

As falhas de compreensão ocorrem pelas lacunas nos processamentos do leitor. Outro desafio é permitir que todos os cidadãos tenham a oportunidade de vivenciar o maior número de experiências possível, construindo conhecimentos prévios de diferentes naturezas: contato com a natureza, artes plásticas, música, diversidade cultural. Um processo ativo e engajado da leitura não pode ser um ato mecânico que remete ao já conhecido, pois seu grande diferencial está no potencial transformador, em permitir a reflexão e a abstração.

O jornalismo em língua estrangeira no Brasil reflete as formas pelas quais os membros da comunidade se relacionam com sua identidade de origem e como exercem a cidadania no país em que vivem. A linguagem adotada em seus textos tem permitido a interação dos jornais com seu público leitor, acompanhando a negociação de sua identidade no país.

 
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AVIGHI, Carlos Marcos. Condições formadoras da editoração e opinião pública no Japão (séculos 17/19). Tese de livre docência. São Paulo: Escola de Comunicações e Artes-USP, 1996.

BOCCHINI, Maria Otilia. Formação de redatores para a produção de textos acessíveis a leitores pouco profecientes. Tese de doutorado. São Paulo: ECA-USP, 1994.

KATO, Mary. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 2007.

KOSHIYAMA, Alice. Globalização e Comunicação: mudanças na comunidade nikkei e construção de novas identidades na revista "Made In JAPAN" (1998-2002). http://www.facom.ufba.br/Pos/gtjornalismo/doc/2003/mitika2003.doc.

KOYAMA, Rokuro. Koyama Rokuro Kaisoroku [Memórias de Koyama Rokuro]. São Paulo: Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, 1976.

OTA, Junko. “Os empréstimos do português nos jornais japoneses do Brasil”. In: Revista do Centros de Estudos Japoneses. São Paulo: vol. 14, 1994, pp. 41-54.

 
(1) Dentre os jornais impressos alguns se destacam pela tiragem (embora sejam números declarados pelas empresas, sem comprovação), pela longevidade ou pela ampliação de outros negócios editoriais ou eletrônicos: International Press (Publicado semanalmente em português no Japão. Tiragem: 60 mil exemplares); Jornal Tudo Bem (Jornal semanal editado em português no Japão. Tiragem: 50 mil exemplares); Jornal Nippo-Brasil (Jornal semanal editado no Brasil. Tiragem: 53 mil exemplares); Nikkey Shimbun (Jornal diário editado no Brasil. Tiragem: 30 mil exemplares); São Paulo Shimbun (Jornal diário editado no Brasil. Tiragem entre 15 e 20 mil). Há outras publicações regionais ou que atendem segmentos específicos, como o Jornal Brasil Seikyo (Jornal semanal da entidade religiosa Brasil Soka Gakkai Internacional. Tiragem: 40 mil exemplares); Jornal Colônia da Noroeste (Jornal mensal com tiragem de 2.500 exemplares); Jornal das Nações (Publicação semanal com notícias de todas as comunidades, especialmente a japonesa); Jornal Keizai Hoti (Publicação semanal totalmente escrito em língua japonesa. Tiragem: 4 mil exemplares); Jornal Shopping Information (Jornal mensal em japonês e português.Tiragem: 5 mil exemplares); Nikkey de Campinas (Jornal mensal, com tiragem de10 mil exemplares); Paraná Shimbun (Jornal semanal nipo-brasileiro paranaense. Tiragem: 5 mil exemplares); Rosso no Tomo - Associação Clube dos Anciãos do Brasil (Jornal mensal em japonês. Tiragem: 2 mil exemplares); Utiná Press (Jornal mensal da comunidade okinawana no Brasil. Tiragem: 4 mil exemplares).

(2) Ver mais sobre os primórdios da imprensa periódica japonesa em Avighi (1996).

(3) Revista mensal sobre atualidades e cultura do Japão em português. Tiragem: 70 mil exemplares (50 mil no Brasil e 20 mil no Japão).

(4) Folhas ilustradas, xilogravadas em madeiras ou em moldes de barro (kawara, de onde vem o nome), que traziam relatos de grandes tragédias, romances ou eventos sobrenaturais que agradavam o gosto popular.

 
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