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Laboratório Palavra Muda

O Teatro da USP realiza de 24 a 27 de julho de 2013 o Laboratório Palavra Muda, organizado pelos professores Jorge Larosa Bondía, da Faculdade de Educação da Universidade de Barcelona (ESP) e José Batista (Zebba) Dal Farra, do Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP, pela atriz e cantora Maria Simões e pela Cia. Ausgang de Teatro.

O laboratório é composto por dois encontros gratuitos, com Jorge Larrosa e o grupo Ausgang de Teatro, e quatro apresentações. Vinte participantes foram selecionados e participarão de ambos os eventos gratuitamente, contudo as apresentações noturnas também estão abertas ao público e limitadas a 78 lugares. Os ingressos terão o custo de R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia-entrada).

Palavra Muda é uma ação teatral teórico-prática e sua proposta se instaura no trânsito entre a pesquisa acadêmica e a obra artística, no campo de contato entre universidade e sociedade, e, portanto, no campo da extensão cultural.
O laboratório objetiva uma reflexão sobre a espessura poética das palavras e sua potência criadora, em confronto com a condição utilitária de mera informação, em um cenário de esvaziamento da presença e da experiência.

O impulso inicial do trabalho é o texto “Carta de Lord Chandos”, do austríaco Hugo von Hofmannsthal, na qual Lord Chandos descreve a seu amigo Francis Bacon os sintomas de uma estranha doença em que as palavras se esfarinham na boca como cogumelos podres. O rastro desta enfermidade atravessa o século XX e alcança dimensões de pandemia nesta sociedade que chama a si mesma do conhecimento, da informação e da comunicação. Poucos se deram conta, e é a esses poucos que temos que escutar. Em busca desta escuta, o “Laboratório Palavra Muda” propõe diálogos teatrais teórico-práticos da “Carta” com fragmentos de obras de alguns destes autores.

Sobre a Cia

Ausgang de Teatro atua nas interfaces de teatro, música e performance. Seus focos são a vocalidade poética e a dramaturgia da voz, em busca de uma dicção brasileira de rapsodos contemporâneos e interessados na reflexão crítica sobre as relações humanas na cidade. A Ausgang de Teatro procede do Grupo dos 7, trupe de teatro, música e memória, que atuou na cidade de São Paulo, na primeira década dos anos 2000.

Confira a programação completa:

24.07 – quarta-feira
20-22h | O Silêncio dos Animais – de Marguerite Duras e John Maxwell Coetzee.
25.07 – quinta-feira
14-17h | Encontro com Jorge Larrosa e Ausgang de Teatro.
20-22h | O Mundo como um Texto que já não diz – de Peter Handke e Valère Novarina.
26.07 – sexta-feira
20-22h | Humano Inumano – de Clarice Lispector e José Luis Pardo.
27/07 – sábado
14-17h | Encontro com Jorge Larrosa e Ausgang de Teatro.
19-22h | Apresentação rapsódica de todas as sessões.

Sinopses das apresentações

O silêncio do animal - Diálogos com Marguerite Duras e John Maxwell Coetzee
As criaturas mudas fazem ouvir sua voz. A morte silenciosa dos animais escreve através de vários secretários do invisível. Lord Chandos escreve uma carta na qual diz ter sido atravessado por ratos envenenados. Elizabeth Costello escreve uma declaração sobre a realidade das rãs do rio de sua infância. Lady Chandos escreve que vive coberta de baratas. Marguerite Duras escreve a morte de uma mosca. Estarão enlouquecendo?

O mundo como um texto que já não diz - Diálogos com Peter Handke e Valère Novarina
Lord Chandos perde a língua enquanto um tal K. aprende a falar. As vozes mecânicas da sociedade midiática e publicitária atravessam a cena. A língua máquina se apodera dos homens. O médico da peste, vindo do mundo barroco, diagnostica as enfermidades de nossa época. Estamos ficando mudos de tanto comunicar. Um filósofo escreve para o teatro e faz perguntas que ninguém responde. Haverá linguagem humana no futuro?

Humano Inumano - Diálogos com Clarice Lispector e José Luis Pardo
O inumano encanta o humano. Onde está a fronteira? Quem ousará atravessá-la? Marinheiros escutam a chamada de uns seres estranhos com cabeça de ave e seios de mulher. A música atravessa tudo. Clarice Lispector compartilha com Lord Chandos sua viagem para o silêncio. Um filósofo e um ornitólogo dialogam sobre a linguagem dos pássaros. Qual é o lugar do canto?

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