// Nas nossas DIASPÓRICAS#7, última edição de 2024, convidamos Vitor da Trindade e Elis Trindade para a oficina Tambores e Histórias Pretas, mais uma vez com curadoria colaborativa da profa. Andréia Nhur. Com inscrições até 05/12 pelo formulário, os encontros acontecem entre 09 e 12 de dezembro, das 14 às 17h30, na Sala Multiúso do Centro Maria Antônia, prédio em que o TUSP tem sede, encerrando em uma roda aberta a todo o público na quinta-feira, dia 12, às 15h.
Aprendizados e ensinamentos espelhados da fala de mães e pais para filhos e filhas. O que se canta e o que se conta. O que se come e o que se veste. A família referencial.
O cortejo real do Maracatu, os Orixás do Candomblé, seus tambores e movimentos divinos, a visão de quem não vê e o movimento de quem não anda.
Coisas para se pensar e fazer.
Em um momento em que decolonizar currículos e proporcionar práticas de inclusão e pertencimento são temas frequentes do debate na Universidade, é essencial olhar para os saberes da oralidade afrodiaspórica conduzidos pelos mestres, mestras e brincantes. Esta oficina ressalta a contribuição de uma família de artistas que marcou a história das artes negras no país, consolidando o compartilhamento de saberes ancestrais, ensinados e aprendidos de geração em geração.
\\ Os artistas
Vitor da Trindade é artista multimídia e herdeiro do patrimônio cultural da família Solano Trindade. Neto do poeta e teatrólogo Solano Trindade e filho da folclorista Raquel Trindade, foi iniciado artisticamente na adolescência como músico e dançarino do Teatro Popular Brasileiro, fundado por seus avós e pelo sociólogo Edson Carneiro. Atualmente, é presidente e diretor artístico da instituição, que passou a se chamar Teatro Popular Solano Trindade (TPST), e atua na formação de profissionais que praticam, estudam e ensinam os ritmos e danças da cultura negra, divulgando esse trabalho dentro e fora do Brasil. Mestre em etnomusicologia pela ECA-USP e doutorando em Filosofia pela Universidade de Música Franz Liszt de Weimar, na Alemanha, sua pesquisa se baseia na cultura oral e na ancestralidade afromatriciais. É autor do livro Oganilu, o Caminho do Alabê (2019) e já foi laureado com várias premiações no Brasil.
Elis Trindade é artista, pesquisadora e professora. Licenciada em Dança pela Faculdade Paulista de Artes, fundadora da companhia Ventos e coordenadora e intérprete do corpo de baile do Teatro Popular Solano Trindade desde 2008, onde sua falecida sogra, Raquel Trindade, ensinou-lhe e instruiu-lhe como sua substituta na direção coreográfica do grupo que existe desde 1974, e que tem como raiz o Teatro Popular Brasileiro formado por Solano Trindade e dona Margarida da Trindade desde 1950. É professora de dança, tendo seu trabalho focado em aulas que contemplem e reforcem a ideia da dança contemporânea afro-brasileira.
Em 2022, a dupla integrou o projeto “Cantar-dançar-batucar: encontro com mestre(a)s”, coordenado pela Profa. Dra. Andréia Vieira Abdelnur Camargo e apoiado pela PRG (edital PIAE-Santander), em que diversos mestres e mestras de culturas tradicionais vieram à USP para ministrar oficinas no contexto da graduação em artes cênicas. O projeto teve como inspiração o Encontro de Saberes, iniciativa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa (INCTI) em parceria com diversas universidades brasileiras, com vistas a incorporar os mestres de ofício e das artes tradicionais nos vários níveis de ensino e formação cultural. Com participação de estudantes e pessoas da comunidade externa à USP, o encontro com os Trindade foi um divisor de águas no Departamento de Artes Cênicas, já que os conteúdos envolveram práticas de dança, música, demonstração artística e uma palestra sobre racismo epistêmico e conhecimentos negrorreferenciados.
