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Buscando atualizar a figura de um José cuja santidade é construída em cima do silenciamento e da renúncia ao protagonismo masculino, o espetáculo Um homem chamado José retorna ao TUSP, desta vez em nossa sala na Rua Maria Antônia para uma série de apresentações gratuitas entre 12 e 15 de dezembro, de quinta a sábado, às 21h, e, no domingo, às 19h. Com dramaturgia de Marcos Barbosa, direção de Marcos Azevedo e atuação de Otacílio Alacran, a peça é centrada no tema da paternidade. O texto aponta aspectos da dimensão simbólica do imaginário transcultural humano, em especial as ressonâncias do patriarcalismo junto à sociedade contemporânea.

A ideia da criação foi promover uma reflexão sobre como José, com seu jeito acolhedor e silencioso, fundou um novo conceito de masculinidade que ia contra os princípios morais da época. “Naquele momento uma mulher que falasse que engravidou de um certo espírito santo seria vista como adúltera e, provavelmente, acabaria apedrejada. Mas ele escolheu ficar com Maria e cuidar desse filho”, comenta Otacílio Alacran.

A criação cênica nasceu do interesse de Alacran por um teatro focado no trabalho do ator. É ele quem constrói os significados de cada ação – o público acompanha o furor verbal de José, que modula muito a sua voz e aposta em pausas e gestos marcantes, contando com a preparação corporal de Élder Sereni, do trabalho musical de Fábio Cintra, da direção de ator de Marcos Azevedo e o apoio e ajuda de toda a equipe artística.

“A palavra de um José, um carpinteiro, que adotou um filho – a despeito da conversa de que o menino era prova da safadeza de sua esposa (Maria). José se muda de cidade, para ter paz com a família, a família cresce. José zela pelos filhos, mas o mais velho, rebelde, entra em atrito constante com a família. José confronta o primogênito e o garoto foge de casa. Durante um tempo, tudo que tem do filho são notícias vagas, de que ele estaria envolvido em confrontos com muita gente poderosa, embora não fosse rico nem tivesse instrução nem cargo político, nada assim”

(Fragmento nuclear do roteiro inicial de Marcos Barbosa)

Histórico do espetáculo
Em 25 de dezembro de 2020, Um homem chamado José foi apresentado por meio de uma transmissão online direto da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Cocaia, na Diocese de Guarulhos, São Paulo. A sessão foi impulsionada pelo 150º aniversário da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja Católica e pela carta apostólica Patris Corde do Papa Francisco.

Com duas leituras dramáticas gratuitas em dezembro de 2023, o trabalho finalizou o 26º Ciclo do Programa TUSP de Leituras Públicas, intitulado PAI BRASIL. Em fevereiro de 2024, a peça seguiu para mais uma leitura em Fortaleza e, em março, para a Oficina Figueira do Cambuci.

A estreia nacional se deu em 21 de junho, quando encerrou o XV Festival de Teatro de Fortaleza junto com o lançamento do livro-base da montagem, Um evangelho de José, de Marcos Barbosa. Entre os dias 8 e 11 de agosto, o espetáculo realizou apresentações no TUSP Butantã, seguido de recente temporada na Casa SLAMB de 04 a 26 de outubro de 2024.

Sobre a equipe
Marcos Barbosa atuou em seu trabalho com dramaturgia para o teatro junto a companhias como CELCIT (Argentina), Teatro D’Dos (Cuba), Lorraine Hansberry Theatre (EUA), Royal Court Theatre e Young Vic Theatre (Inglaterra) e tem cerca de quinze textos com diversas encenações no Brasil. Barbosa publicou “Um Evangelho de José” pela editora da Escola Superior de Artes Célia Helena, onde atua como professor e pesquisador.

Marcos Azevedo é ator, diretor e dramaturgo. Cursou a Escola de Arte Dramática – EAD (ECA/USP). Seu solo “Caliban” estreou no Edimburgh Festival/Escócia e fez temporada em Londres.  Integrou a Cia de Ópera Seca de Gerald Thomas, onde atuou por uma década, viajando para Portugal e Croácia. É autor de “A Verdade Relativa da Coisa em Si” – Prêmio Funarte de Dramaturgia (com Beto Matos). Dirigiu várias peças com foco no ator e na performatividade.  Junto ao Coletivo Phila7 há 15 anos, destaca-se “Play on Earth”, com grupos de Singapura e Inglaterra. Recentemente atuou em “Murder Mistery” e em “O Camareiro”, onde foi ator indicado ao 8º Prêmio Bibi Ferreira.

Fábio Cintra é compositor, diretor musical, regente e educador musical. É professor dos departamentos de Música e de Artes Cênicas da ECA-USP, onde desenvolve pesquisa prática e teórica na interseção entre performance, improvisação e criação sonora contemporânea para as artes da cena. No teatro, fez a direção musical e a música original de espetáculos de Carlos Alberto Sofredini, Ulysses Cruz, Gabriel Vilela, Bia Szvat, entre muitos outros, no Brasil e no exterior.

Élder Sereni é pesquisador do movimento, desenvolvendo processos criativos orientados a partir da corporeidade e dos vetores de atravessamento que compõe a vida. Apresentou como bailarino, diretor de movimento e preparador corporal no Brasil, Uruguai, Itália e Bélgica. Na área acadêmica é doutor em Pedagogia das Artes Cênicas (Unesp); coordenador de curso Teatro (Etec de Artes); coordenador de projeto de Cultura e Arte (CPS) e docente em Teatro e Dança.

Domingos Quintiliano iniciou sua carreira em 1984, no Centro de Pesquisa Teatral do diretor Antunes Filho. No ano seguinte, passa a trabalhar com o Grupo Boi Voador, dirigido por Ulysses Cruz, tornando-se o iluminador oficial da companhia e colaborador mais frequente na carreira desse diretor. Trabalhou com outros grandes diretores, atores e músicos, sempre foi muito bem recebido pela crítica. É ganhador de vários prêmios, entre os quais se destacam o PRÊMIO SHELL, PRÊMIO SHARP DE TEATRO, PRÊMIO BIBI FERREIRA, PRÊMIO A.P.C.A. e o PRÊMIO MOLIÈRE, os mais importantes do teatro brasileiro.

Iza Marie Miceli atua na área de planejamento, criação e formatação de projetos, e é especializada no acompanhamento de processos burocráticos das Leis de Incentivo à Cultura. Esteve/está à frente das produções “Ana Marginal – um navio ancorado no espaço”, direção Nelson Baskerville. “As Histórias Vistas de Baixo”, Coletiva Teatral Rainha Kong. “Da Instabilidade aos Sonhos”, Coletivo 28 Patas Furiosas. “Garotas Mortas”, Coletiva Palabreria. “O Lá é Aqui”, direção Angela Ribeiro. “O que restou do barro silenciou a mulher”, direção Eliana Monteiro. Participou de projetos com a Cia. Livre, Teatro da Vertigem, Casa Laboratório para as Artes do Teatro, Mundana Cia. e Terça Insana.

Otacílio Alacran é artista-investigador, ator e agente cultural no TUSP desde 2006. Integra a primeira turma do Curso Princípios Básicos de Teatro do TJA (1991). Conclui o Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura. Em 2005, por Quem Dará o Veredicto? é premiado como Melhor Ator e Melhor Espetáculo Júri Popular no XII Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga. Compôs o corpo discente do I Diplomado Internacional en Creación-Investigación Escénica sob coordenação de Jorge Dubatti (UBA) e Didanwy Kent (UNAM) culminando no experimento fílmico Portunhol. Atua em O Abajur Lilás e Navalha na Carne sob a direção de Marco Antônio Braz. Codirige o espetáculo La Pasión em la Materia, de Alberto Villarreal (coprodução México-Brasil). Concebeu os solos: Porque os Teatros Estão Vazios, Os Males do Tabaco e Strindberg, voz e violão. Como integrante da Cia. Pau D’arco de Teatro atua nas produções franco-brasileiras: Sonhos & Songes e Peça para quem não veio, de Maria Shu sob codireção Bia Szvat e Anne-laure Lemaire. Atua no espetáculo EDIFÍCIO, de Lucas Mayor e Marcos Gomes, além de dirigir e atuar no espetáculo Faraó Tropical, de Rafael Cristiano, contemplado pela 8ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP (2022) e fundando o coletivo AIAS do Brasil.

Sinopse
Um homem chamado José apresenta uma leitura original da figura bíblica de José, que se mostra inesperadamente contemporânea ao se revelar não-alinhada aos padrões de seu tempo, abrindo caminhos para uma nova masculinidade.

Ficha Técnica
Atuação: Otacílio Alacran / Dramaturgia: Marcos Barbosa / Direção: Marcos Azevedo / Música: Fábio Cintra / Preparação corporal: Élder Sereni / Iluminação: Domingos Quintiliano / Técnico teatral: Fernando Hideki Sagawa / Operação técnica: Augusto Milaré e Maria Rosa / Filmmakers: André Grejio e Sérgio Freitas / Fotos: André Grejio, Micaela Menezes, Nérido Martins e Sandro Coutinho / Produtora associada: Iza Marie Miceli / Apoio: Oficina Figueira do Cambuci e Teatro da USP – TUSP / Realização: AIAS do Brasil

Um homem chamado José | 12 a 15 de dezembro | quinta a sábado, 21h; domingo, 19h
12 anos | 90 minutos | 80 pessoas | Ingressos gratuitos, disponíveis no 1h antes de cada sessão
TUSP – R. Maria Antônia, 294 – V. Buarque – SP.