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NEGRXS”, 18o Ciclo do Programa TUSP de Leituras Públicas, registra parte da pluralidade de vozes que se levantam contra o racismo. A intenção foi congregar a pesquisa dramatúrgica de alguns grupos paulistas sobre suas raízes a trabalhos de autores internacionais, unidos na luta por igualdade.

A intenção deste atual ciclo é celebrar a atualidade e potência das construções dramatúrgicas de três grupos que investigam as raízes afro-brasileiras paulistas – Coletivo Negro, Cia. Os Crespos e Capulanas Cia. de Arte Negra (e seus colaboradores dramatúrgicos Jé Oliveira, José Fernando de Azevedo e Cidinha da Silva) – e ao mesmo tempo vinculá-los em suas singularidades a algumas vozes internacionais que há tempos se empenham no levante em favor da igualdade humana: o norte-americano Amiri Baraka, o angolano Pepetela e a haitiana Évelyne Trouillot.

18.09   Revolta da Casa dos Ídolos | Pepetela
25.09   Movimento Número 1: O Silêncio de Depois… | Jé Oliveira e Coletivo Negro
02.10   Dos Desmanches aos Sonhos: Poética em Legítima Defesa (trilogia) | Cidinha da Silva, José Fernando de Azevedo e Cia. Os Crespos
09.10   O Azul da Ilha | Évelyne Trouillot
16.10   O Poder Negro | Amiri
 Baraka
23.10   SANGOMA | Cidinha da Silva, Kleber Lourenço e Capulanas Cia. de Arte Negra
30.10   Encerramento: DANDDARA

SINOPSES

A Revolta na Casa dos Ídolos (1978) | Pepetela [Angola] | Ao contar uma história passada no Reino do Kongo de 1514, frente a uma Angola recém-independente, a narrativa revela as explorações sofridas por aquele povo diante das ambições dos portugueses e da aristocracia local, registrando o despertar de consciência de uma sociedade em transformação. Escrito em 1978, três anos após a independência angolana, a peça narra uma revolta causada por um monge capuchinho italiano que convencera o rei a queimar os ídolos e os feitiços. A peça é não somente um manifesto contra a colonização que se findava, mas também um alerta contra possíveis amarras da nova sociedade em formação.

Movimento Número 1: O Silêncio De Depois… (2012) | Jé Oliveira e Coletivo Negro
O Coletivo Negro (Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues, Jé Oliveira, Jefferson Matias, Raphael Garcia e Thaís Dias) retrata quatro personagens desterrados que, após uma desocupação violenta para a construção de uma linha férrea, se reencontram onde moravam. Por meio de narrativas, tentam refletir acerca daquele etnocídio e, ao mesmo, enterrar seus mortos, que nunca chegaram de fato a morrer. A inspiração veio da necessidade de aprofundar as relações entre as narrativas pessoais e o modo como representam e refletem a história. O trabalho baseou-se em fotografias, cartas, poemas, receitas de família, simpatias, estudos sobre o teatro experimental do negro, leituras de autores africanos e viagens à comunidades quilombolas.

Dos Desmanches aos Sonhos: Poética em Legítima Defesa | Cia. Os Crespos
Projeto cujo foco é investigar, por meio de pesquisa cênica-áudio-visual, o impacto da escravidão e as esferas das relações entre afetividade, negritude e gênero no Brasil, cujo resultado é uma trilogia dramatúrgica que aborda as relações intersubjetivas de desejo e construção de identidade. Desde 2013 Os Crespos desenvolvem uma pesquisa cujo objetivo é discutir a construção de uma cena teatral de abordagem social e racial, articulando a experiência existencial do negro a partir de sua afetividade, e abordando aspectos como corpo, alteridade, família, sexo, marginalidade, beleza e valorização.

ALÉM DO PONTO (2011) | Texto de José Fernando de Azevedo e Dramaturgia de José Fernando de Azevedo e Os Crespos | A partir da perspectiva do impacto da escravidão na forma de amar da população brasileira nasce o argumento da primeira montagem: Um casal em separação tenta entender suas dificuldades de viver e enfrentar o amor.
ENGRAVIDEI, PARI CAVALOS E APRENDI A VOAR SEM ASAS (2013) | Texto de Cidinha da Silva e dramaturgia de Cidinha da Silva e Os Crespos | Considerando questões como relações com o corpo, trauma, violência masculina, sexo, sobrevivência e aferição social, o texto baseia-se em depoimentos e experiências de 55 mulheres negras, de diversas camadas sociais e profissões: integrantes do sistema prisional, donas de casa, sambistas, religiosas de matrizes africanas, empresárias, líderes comunitárias, prostitutas, entre outras. A peça propõe dar voz e rever estereótipos sobre a mulher negra, construindo uma nova relação de alteridade e valorização.
CARTAS A MADAME SATÃ OU ME DESESPERO SEM NOTÍCIAS SUAS (2014) | Tentativa dramatúrgica de teatro-ensaio de José Fernando de Azevedo, dramaturgia de José Fernando de Azevedo e Os Crespos | O texto parte da pesquisa sobre a homoafetividade de homens negros e sua sociabilidade diante dos estereótipos sexuais de virilidade. O tom confessional mescla a força do gesto e a delicadeza do discurso, buscando a cumplicidade do espectador para tornar público essa afetividade cercada de tabus. Histórias ou pedaços de histórias ganham vida na pele de Sidney Santiago, personagem que é ator e que portanto pode viver muitas vidas. Ao mesmo tempo em que constrói imagens e discursos sobre essas histórias, ele se corresponde com a mítica figura de Madame Satã.

O Azul da Ilha [Le bleu de l’île] (2012) | Évelyne Trouillot
Todas as cenas acontecem sob a lona azul de uma caminhonete. Todos os passageiros se conhecem, pois vêm da mesma cidadezinha. Alguns, como Ronald, Fifi, Edgar e Romaine, estão ligados por fortes laços de família ou de amizade. Conversam sobre as razões de partirem, evocando uma vida difícil. Para a maioria, o objetivo é buscar trabalho, para ajudar quem ficou ou futuramente abrir um pequeno comércio. Precisam para isso burlar a vigilância dos guardas dominicanos e cruzar a fronteira. Ao longo da viagem, a direção imprudente, o mau estado das estradas e a ameaça constante de serem descobertos trazem angústia aos passageiros, somada a sentimentos de ansiedade, culpa e arrependimento. A esperança é o tênue fio que os une, com diferentes graus de ceticismo. Tradução coletiva da turma de “Iniciação à prática da tradução francês-português”, eletiva do curso de Letras da Unifesp de Guarulhos, no 1o semestre de 2017. Revisão final de tradução de Ana Cláudia Romano Ribeiro.

O Poder Negro [Dutchman] (1964) | Amiri Baraka (LeRoi Jones)
Expondo o racismo e a violência das relações entre brancos e negros na sociedade norte-americana, a ação da peça se concentra quase que exclusivamente em Lula, mulher branca, e Clay, homem negro, que andam de metrô na cidade de Nova York. As órbitas destas personagens se interceptam e o que de início é uma cortês conversa entre passageiros chega ao tormento mútuo, movendo-se da provocação lasciva à perseguição aberta. O conflito cada vez mais denso revela as diferenças dentre os mundos dessas duas figuras, que nunca poderão ser reconciliadas.

SANGOMA: Saúde Às Mulheres Negras (2012) | Texto: Cidinha da Silva e Capulanas Cia. de Arte Negra | Dramaturgia: Kleber Lourenço e Capulanas Cia. de Arte Negra
Seis Sangomas habitam uma casa sagrada com laços ancestrais. Sangomas são mulheres escolhidas espiritualmente por seus ancestrais para darem continuidade aos trabalhos de cura espiritual e física dentro da comunidade. São vozes muitas vezes caladas, que despertaram do silêncio para brotar vida e relatar as enfermidades causadas em suas relações com o mundo, com o outro e os caminhos que percorreram para chegar à cura. A construção das personagens e suas histórias de vida foram compiladas a partir de atividades de formação realizadas pelo grupo.

Programa de Leituras Públicas do Teatro da USP propõe, a cada ciclo semestral, a leitura de peças teatrais selecionadas a partir da obra de um autor ou tema específico e é realizada pelo público presente em encontros abertos com a mediação da equipe artística do TUSP.  Venha ler conosco!!