ISSN 2359-5191

06/10/2016 - Ano: 49 - Edição Nº: 116 - Ciência e Tecnologia - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Novos estudos buscam aperfeiçoar tecnologia de produção in vitro de embriões bovinos
Uma nova abordagem do estudo da fertilidade de touros promete trazer conhecimento e benefícios para a aplicação do melhoramento genético
Embriões produzidos in vitro em seus primeiros dias de vida. Foto: Letícia Signori de Castro, arquivo pessoal.

Na indústria de produção bovina, o emprego da técnica de produção in vitro de embriões (Pive) tem gerado amplo aumento na produtividade por conta de sua eficácia. Com a prática do melhoramento genético já inserida no mercado há algum tempo, praticamente não existem mais touros inférteis ou subférteis participando das seleções para reprodução. Mesmo assim, ainda existem falhas que atrapalham o aproveitamento total da aplicação da Pive.

A pesquisa da doutoranda Letícia Signori de Castro, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ), busca justamente entender as diferenças entre as proteínas ligadas ao DNA do espermatozoide de animais que geram um alto ou baixo número de embriões. Castro acredita que, examinando o conteúdo nuclear do espermatozoide, pode conseguir driblar a obsolescência dos métodos atuais de seleção de touros para Pive e garantir resultados ainda melhores para os produtores.

O estudo leva conceitos básicos da epigenética e da medicina humana e tenta adaptá-los como recursos para investigar as células bovinas. Um colega doutorando de Castro, Adriano Siqueira, utilizou recursos como sondas fluorescentes e citometria de fluxo para perfilar os espermatozoides bovinos com base em características que influenciam a taxa de fecundação de oócitos – o gameta feminino da vaca. Seguindo esse raciocínio, a doutoranda espera agora encontrar no perfil das proteínas do núcleo as respostas para a produção de embriões controlada a pente fino.


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Na foto, blastocistos corados com Hoechst, fluorescência que demarca o núcleo com a cor azul.

A fertilidade dos touros usados no projeto foi medida com base na taxa de blastocisto, ou seja, número de embriões produzidos in vitro sobre o número total de oócitos utilizados no processo. Até o momento, uma taxa de 40% é alta, enquanto 20% já não é tanto. Isso significa que um touro com um ejaculado de 40% de taxa produzirá 40 embriões que conseguirão se desenvolver até o estágio de blastocisto, de 100 oócitos que foram utilizados para Pive. Depois disso, cada embrião é inserido em vacas receptoras – as barrigas de aluguel da indústria bovina – até que possam ser chamados de bezerros.

A Pive é, dentre outras biotecnologias de reprodução como a inseminação artificial e a superovulação, aquela que proporciona maior ganho genético entre os animais. “Você consegue utilizar fêmeas e machos com alto potencial genético e assim criar embriões com  genética superior à dos pais em grande quantidade, tudo isso dentro do laboratório”, explica Castro.

Além disso, o ganho para o produtor é bastante vantajoso quando comparado ao das outras técnicas, especialmente se há possibilidade de separar os machos mais férteis dos menos férteis. Aliada à técnica do sêmen sexado, na qual é possível selecionar o sexo dos filhotes produzidos, a Pive pode obter, em 3 anos, um resultado que de outra forma seria alcançado em 15 (Fonte: In Vitro Brasil). A pesquisadora completa: “Os embriões de um animal de baixa fertilidade saem até três vezes mais caros do que os de touros de alta fertilidade, porque o custo do processo é o mesmo para os dois, mas a produção é menor.”

Os primeiros resultados do estudo estão previstos para os primeiros meses de 2017. Até lá, espera-se que a catalogação das proteínas da célula espermática esteja concluída. É um conhecimento ainda não registrado, apesar da posição do Brasil como referência mundial na produção in vitro de embriões.


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