Este artigo, por meio da análise do conto “Sorôco, sua mãe, sua filha”, de João Guimarães Rosa (Primeiras estórias, 1962), procura dialogar alguns de seus elementos e procedimentos literários a noções e posturas tanto estéticas como ideológicas elaboradas pelo ensaísta, poeta e romancista martinicano Édouard Glissant, principalmente com relação à Poética do Diverso, abordando o tratamento da alteridade, sua opacidade e o papel central do canto na narrativa escolhida.
Trata-se aqui de uma aproximação entre noções desenvolvidas pelo filósofo martinicano Édouard Glissant (1928-2011) em alguns de seus ensaios e o romance Grande sertão: veredas (1956) de João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor brasileiro. Pretendi identificar algumas ressonâncias entre a escrita de ambos considerando as extrapolações de seus gêneros “originais”, ficção e ensaio, e como imbricam ética e estética.
Trata-se aqui de uma aproximação entre João Guimarães Rosa (1908-1967), escritor brasileiro, e Édouard Glissant (1928-2011), filósofo, romancista, poeta e crítico martinicano. Os textos escolhidos para tal aproximação foram o Grande sertão: veredas (1956) e a produção ensaística de Glissant de modo geral. Pretendi identificar e analisar ressonâncias entre a escrita de ambos. Consideraram-se primeiramente as extrapolações de seus gêneros originais, ficção e ensaio, e como muitas vezes procediam paralelamente no trabalho da linguagem e sua implicação política, isto é, a relação entre ética e estética. Longe de formalismos, os autores entendem a expressão como intimamente ligada ao seu conteúdo e assim assumem a opacidade da linguagem, potencializando seu aspecto poético e retirando-a de práticas automatizadas ou instrumentais. Investigou-se principalmente: (1) a partir de Deleuze e Guattari, a concepção rizomática do texto e suas linhas de fuga; (2) a situação narrativa em Grande sertão: veredas; e (3) a partir da noção de opacidade de Glissant, sua realização como procedimento estético na contaminação do tratamento do espaço ficcionalizado.