LAC: Eugênio Bucci é o mais novo imortal da Academia Paulista de Letras
Leia, na íntegra, a matéria publicada por Susana Narimatsu Sato do LAC da ECA-USP em 06 de agosto de 2024.
Na última quinta-feira, 1º de agosto, o professor do Departamento de Informação e Cultura (CBD) da ECA, Eugênio Bucci, foi eleito para a Academia Paulista de Letras (APL), onde se juntará a personalidades como Ignácio de Loyola Brandão, Djamila Ribeiro, José Goldemberg, Tom Zé e João Carlos Martins.
Graduado em Jornalismo e em Direito, ambos pela USP, Bucci acumula mais de trinta anos de experiência profissional nos setores público e privado. Foi diretor de revistas e secretário editorial na Editora Abril, além de presidente da Radiobrás. Atuou como colunista e articulista em veículos de projeção nacional como Veja, Época, Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil e, desde 2008, assina artigos quinzenais no jornal O Estado de S. Paulo. Também assume, atualmente, a Superintendência de Comunicação Social da USP.
Na ECA, Bucci é professor titular desde 2017. Suas pesquisas teóricas e acadêmicas se concentram em temas como Ética e Imprensa, Comunicação Pública, Desinformação e Superindústria do Imaginário.
Autor de títulos como O Estado de Narciso – a Comunicação Pública a Serviço da Vaidade Particular, A Forma Bruta dos Protestos, Existe Democracia sem Verdade Factual?, A Superindústria do Imaginário e Roberto Marinho, publicou 12 livros individuais e cerca de 130 em regime de coautoria ou em coletâneas organizadas por outros autores. Além disso, possui mais de 60 artigos publicados em revistas científicas e é autor de mais de 1.500 textos em jornais e revistas de grande circulação.
Entre outras distinções, recebeu o Prêmio Esso em 2013 na categoria Melhor Contribuição à Imprensa, o Prêmio Excelência Jornalística 2012 de La Sociedad Interamericana de Prensa e o Prêmio Luiz Beltrão de Ciências de Comunicação em 2011, na categoria Liderança Emergente. Foi finalista do Prêmio Jabuti por cinco vezes e vencedor nesta primeira edição do Prêmio Jabuti Acadêmico.
Segundo o presidente da Academia Paulista de Letras, Antônio Penteado Mendonça, “o nome do Eugênio surgiu naturalmente. Ele é um intelectual da gema, um pensador, uma pessoa diferenciada pelas posições morais e coerência. Eugênio é uma grande aquisição para a Academia Paulista de Letras”.
Ao receber a notícia da eleição, Eugênio Bucci declarou: “De minha parte, digo que é uma honra imensa, além de uma grande alegria. A APL é um ambiente diverso, que reúne inteligências e sensibilidades de formações e conformações distintas, e se abre para mim como um convite para um convívio que muito vai me ensinar e muito vai me encantar. Estou feliz”.
Premiado com o Jabuti Acadêmico
Em 6 de agosto, apenas cinco dias após ter sido eleito para a APL, Eugênio Bucci também tornou-se vencedor do 1º Prêmio Jabuti Acadêmico. Seu livro intitulado Incerteza, um ensaio: como pensamos a ideia que nos desorienta (e orienta o mundo digital) recebeu o primeiro lugar na categoria Comunicação e Informação.
A obra premiada de Bucci concorreu pelo eixo Ciência e Cultura, no qual foram avaliados três critérios: relevância, inovação e potencial de impacto. Em seu livro, o professor reflete sobre a evolução da incerteza, conceito desconcertante, porém central na vida dos habitantes do século XXI. Enquanto algoritmos mapeiam intimidades e decifram o circuito secreto dos desejos de cada indivíduo, o tempo e o espaço tornam-se muito mais incertos para os humanos do que para as máquinas: a inteligência artificial sabe mais sobre as pessoas do que as pessoas sabem sobre a IA.
Ao passo que as big techs vasculham privacidades individuais, esses mesmos indivíduos não têm acesso aos obscuros mecanismos dos conglomerados tecnológicos. Nas palavras de Bucci, “a produção privativa de conhecimento gera a ignorância fabricada, que produz o desconhecimento, sobretudo o desconhecimento dos direitos. Na outra ponta, gera o aperfeiçoamento dos mecanismos de exploração lucrativa da incerteza”.
1º Prêmio Jabuti Acadêmico
Nesta primeira edição, a premiação recebeu 1.953 inscrições e contemplou 29 títulos. Lançada em 2024, a iniciativa é derivada do já consagrado Prêmio Jabuti, principal reconhecimento literário do Brasil, representando uma nova modalidade dedicada às áreas científicas, técnicas e profissionais.
Promovida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), com o apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o prêmio reconhece a crucial importância da produção acadêmica para o progresso cultural e científico do país, valorizando obras que ultrapassam as fronteiras do campo literário tradicional.
Segundo o curador Marcelo Knobel: “em um contexto em que a ciência e a educação enfrentam desafios, essa premiação dá voz e visibilidade aos pesquisadores e demais profissionais que impactam a sociedade”.
Publicado por Susana Narimatsu Sato