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Arquiteta assume diretoria do Museu Paulista

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O fim das sacolas plásticas

 

Raphael Martins

Sheila Ornstein


Mesmo se dizendo surpresa com a indicação, a primeira professora da FAU a ocupar o cargo revela-se uma gestora nata


A troca de diretoria do Museu Paulista (MP), popularmente conhecido por Museu do Ipiranga, gerou surpresa dentro da Universidade. Tudo por causa da nomeação de Sheila Ornstein para o cargo. A professora do Departamento de Tecnologia da Arquitetura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) é a primeira arquiteta a comandar o museu, comumente gerido por historiadores. “Eu ainda estou numa fase de aprendizado. A minha preocupação é tentar entender os procedimentos de trabalho no museu, porque a minha experiência é toda ligada à unidade de ensino. Aqui você tem de cuidar da equipe do museu, dos visitantes e de um acervo gigantesco”, diz ela.

Seguindo o Estatuto da USP, foi analisado o perfil de três docentes das seis unidades que poderiam ocupar o cargo de diretoria – Museu Paulista, Escola de Comunicações e Artes (ECA), Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Faculdade de Direito (FD), Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) – para a formação de uma lista tríplice. Sheila foi, então, a escolhida pelo Conselho Deliberativo do museu e empossada pelo reitor.

2. “O Museu Paulista é, sem dúvida, o maior dos meus desafios. É algo que extrapolou as minhas expectativas. No sentido mais positivo”, diz ela

Apesar de a arquitetura não ser uma carreira usual no perfil dos gestores do Museu Paulista, a escolha de Sheila não veio por acaso. Entre 1993 e 2002, a professora ocupou altos cargos de gestão dentro da própria FAU. Entre 1993 e 1998, foi vice-chefe e chefe de seu departamento. De 1998 a 2002, foi vice-diretora da unidade. “Percebi que tenho um pouco essa vocação para ser gestora e administradora pública. Eu gosto do trabalho coletivo, de enxergar e propor soluções para problemas. Meu trabalho nunca foi isolado, sempre foi aberto com as várias equipes que trabalhei. Meu cargo hoje no museu, acredito que só foi possível, porque tive um percurso e aprendizado anterior na USP”, conta.

Mesmo surpresa com a indicação, a professora não se sentiu intimidada em nenhum momento: “O Museu Paulista é, sem dúvida o maior dos meus desafios. É algo que extrapolou as minhas expectativas. No sentido mais positivo”. Humilde, se diz honrada apenas com o convite para a lista tríplice e acredita ser um “dever” assumir o cargo, em retribuição a tudo que a USP já lhe ofereceu. Depois de 32 anos como docente, ela vê, na diretoria do MP, uma forma de contribuir um pouco a mais com a Universidade e até com a cidade de São Paulo, sua terra natal.

Sheila Ornstein viveu sua infância e adolescência no centro de São Paulo. O gosto pelos estudos e matérias técnicas aliada à influência de sua mãe, que cursara dois anos de arquitetura, sem concluir, fez com que o interesse pela carreira despertasse cedo: “A vida toda gostei de estudar e sempre tive uma ligação com desenhos e representações gráficas, com isso percebi que poderia seguir a profissão de arquiteta”. “Estudei, durante toda a minha vida, no Colégio Dante Alighieri. Na minha época, o ensino médio se dividia em clássico e científico. Eu fui para o científico”, completa.

O gosto pelo estudo, o interesse pelo conhecimento e o esforço acompanharam-na também pela graduação, de 1974 a 1978, na FAU. Durante o curso, o gosto pelo estudo fez com que se desenhassem os primeiros traços da carreira como docente: “O que me ajudou muito a decidir pela vida acadêmica foi o privilégio de fazer dois estágios na área de tecnologia da arquitetura com professores da FAU. Percebi que tinha um enorme interesse em trabalhar não com a pesquisa pura, mas com a pesquisa aplicada, em como eu poderia ajudar arquitetos na prática com a teoria da pesquisa. Foi aí que resolvi investir tudo na carreira acadêmica”. “A FAU é um celeiro de oportunidades. É uma escola em que se consegue seguir o caminho da sua vocação dentro da arquitetura que pode ir desde o acadêmico até para o mercado”, conclui.

Apesar de ter feito dez anos de sua carreira na FAU como gestora, Sheila jamais abandonou as atividades de professora universitária, permanecendo sempre com orientandos de iniciação científica, de mestrado, doutorado e grupos de pesquisa na área de Tecnologia da Arquitetura, mais precisamente em Avaliação Pós-Ocupação – segundo ela, uma avaliação de desempenho de edificações em uso, do ponto de vista da satisfação dos usuários e especialistas.

Mesmo com sua vasta experiência, Sheila encara a diretoria do museu como mais um passo na experiência de gestão: “Como o museu é diferente de outras unidades dentro da USP, ele requer um período de adaptação. As pessoas estão se adaptando à minha forma de agir e eu estou me adaptando a algumas especificidades do museu. Estou aos poucos tentando compartilhar experiências, como gestora e arquiteta, e, ao mesmo tempo, absorvendo a experiência e vivência de toda a equipe, para que a gestão seja bem-sucedida”.

A arquiteta afirma que pretende utilizar a experiência como chefe de departamento e como vice-diretora da FAU para imprimir qualidade na gestão administrativa. Como o museu nunca teve um arquiteto como diretor, Sheila conta que a preocupação de gestões anteriores era restrita nos campos de manutenção e conservação dos edifícios. “Além disso, temos que lembrar que os edifícios destinados a museus, mesmo os de grande valor histórico, já foram alterados para se adaptar às novas tecnologias. O museu tem que ter uma infraestrutura de atendimento às suas equipes, pesquisadores e visitantes, para que eles possam permanecer com condições térmicas, de iluminação e estrutura, confortáveis”, acrescenta.

Dentre os principais cuidados nesse processo, a nova diretora pretende resgatar a questão da qualidade nos projetos de arquitetura sem comprometer o valor histórico dos edifícios, atendendo, então, às normas de eficiência das edificações, como acessibilidade a pessoas com deficiência, sem prejudicar o edifício original.

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