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Escola de Engenharia: 60 anos

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A saúde brasileira tem cura?

 

Por Aldrin Jonathan
O edifício E-1, consolidação do estilo arquitetônico moderno, foi construído na década de 50

O edifício E-1, consolidação do estilo arquitetônico moderno, foi construído na década de 50

Decisiva para o desenvolvimento da engenharia nacional, a Escola é difusora de tecnologia e recursos humanos

 

“Expressivas cerimônias assinalaram a aula inaugural da Escola de Engenharia de São Carlos [ESSC]”: essa foi a manchete em 18 de Abril de 1953 do jornal “A Cidade”, diário vespertino local. Merecedora de capa, a matéria destacava a importância do “acontecimento de profundo significado na vida cultural e científica do país”. Sinônimo de qualidade e reconhecimento na área de pesquisa, ensino e extensão, a Escola de Engenharia está celebrando seu sexagésimo aniversário.

As comemorações começaram em dezembro do ano passado e foram até maio deste ano, congregando encontros com ex-alunos, atividades culturais e o lançamento do Repositório Digital, que reúne documentos, fotos, vídeos e produção acadêmica que recontam a história da Escola. Durante a programação, foram discutidas questões relacionadas ao futuro da EESC. Ainda ocorrerá lançamento de livro em homenagem aos 60 anos, mas ainda sem data definida.

Fazendo parte do interesse do Estado em desenvolver e difundir o ensino superior para o interior, a Escola foi criada pela Lei estadual 161 de 24 de setembro de 1948, originada de projeto do deputado Miguel Petrilli. A aula inaugural, que deu início às atividades e teve como tema a influência da engenharia sanitária no progresso nacional, foi proferida pelo então governador de São Paulo, Lucas Nogueira Garcez, e ocorreu no edifício da Casa d’Itália, que hoje abriga os Institutos de Física e de Química e o Centro de Divulgação Científica e Cultural, vinculado à Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária.

Apenas em 1956, quando parte do edifício E-1 foi concluída, a ocupação do atual campus começou. O Bloco E-1, consolidação da arquitetura moderna, só ficou pronto em 1957. A célula inicial da Escola de Engenharia teve grande importância na criação dos demais institutos, bem como no desenvolvimento da área de exatas e tecnológicas. Além da Escola de Engenharia, o campus de São Carlos é composto pelos Institutos de Física, de Química, de Ciências Matemáticas e de Computação e pelo Instituto de Arquitetura e Urbanismo.

Engenharia Civil e Engenharia Mecânica foram os cursos que deram início à graduação, em 1953, com um total de 50 vagas. Atualmente a Escola conta com cerca de quatro mil alunos espalhados entre os dez cursos de graduação e os dez de pós-graduação. A estruturação da pós-graduação só ocorreu em 1970, passando a formar pesquisadores, nos níveis de mestrado e doutorado, de outras universidades do Brasil e do exterior e se consolidando como um dos melhores programas nacionais de pós-graduação na área de engenharia.

“Nossos cursos de graduação estão entre os mais concorridos do vestibular e formam engenheiros qualificados e requisitados pelo mercado de trabalho. Na pesquisa, temos mais de 80 grupos de estudo em Engenharia e áreas interfaceadas, enquanto na pós-graduação nossos programas têm notas excepcionais na avaliação da CAPES [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]. Temos projetos aplicados diretamente à comunidade e outros com resultados mais indiretos, mas não menos importantes”, explicou o diretor da EESC, Geraldo Roberto Martins da Costa.

A EESC possui 8.632 egressos da graduação e 6.600 dos cursos de pós-graduação que ocupam posição sólida no mercado, destacando-se em universidades, institutos de pesquisa, indústrias e no cenário político. Conectada ao que é essencial para o aperfeiçoamento da indústria brasileira, destaca-se como difusora de tecnologia, conhecimento, recursos humanos e desenvolvimento para os empreendimentos regionais.

Adotado pelo primeiro diretor, professor Theodoreto de Arruda Souto, o lema da EESC aponta para o papel da universidade em reverter tecnologia à sociedade: “Nesta Casa se procura a verdade científica e se estuda a técnica de adaptação das energias da natureza ao serviço da humanidade”.  De acordo com o professor João Fernando Gomes de Oliveira, do Núcleo de Manufatura Avançada, a Escola tem atuação importante tanto na sociedade, por meio de diversos projetos e pesquisa, quanto no mercado de trabalho.

Fundamental para o enriquecimento dos estudantes enquanto cidadãos, o Centro Acadêmico Armando Salles Oliveira (CAASO) foi criado em 1953, mesmo ano de início dos cursos de graduação. Segundo o docente João Fernando, o CAASO, órgão de representação dos estudantes, “criou uma perspectiva de integração com a sociedade que completou a formação deles”, em termos sociais e humanos. O centro acadêmico possui cursinho pré-vestibular administrado pelos alunos e voltado para a sociedade de baixa-renda, cuja proposta é possibilitar a formação de jovens estudantes de forma a prepará-los para o pleno exercício da cidadania e para o mundo do trabalho.

 

Internacionalização

Eventos celebraram aniversário de 60 anos da Escola de Engenharia de São Carlos completou

Eventos celebraram aniversário de 60 anos da Escola de Engenharia de São Carlos completou

Atenta aos paradigmas globais, a Escola de Engenharia de São Carlos tem contribuído de maneira significativa para a internacionalização da Universidade de São Paulo. Apenas em 2013, enviou 315 alunos de graduação ao exterior, sendo a segunda maior Unidade da USP nessa categoria, em termos absolutos, segundo dados da Comissão de Cooperação Internacional (CCInt) da EESC.

“A linha de ação tem se concentrado em: divulgação de oportunidades; estabelecimento de convênios efetivos; recebimento de estrangeiros; envio de alunos; preparação de material de divulgação em outros idiomas, incluindo a tradução do site para a língua inglesa; recepção de delegações estrangeiras, etc.”, de acordo com relatório elaborado pela CCInt.

A EESC possui 41 convênios, sendo quatro de duplo diploma: École Centrale de Paris, École Centrale de Lille, École Polytechnique, e Instituto Superior Técnico (Lisboa). De acordo com a CCInt, está em processo de assinatura um convênio com o consórcio ParisTech, que incluiria 10 renomadas instituições francesas. A política de internacionalização contribuiu não apenas para o reconhecimento internacional da Escola, como também para auxiliar no objetivo da Unidade que é tornar-se uma escola de engenharia de classe mundial.

“Queremos que a EESC esteja inserida cada vez mais na sociedade e, para isso, estamos trabalhando no sentido de ampliar o número de cursos oferecidos na graduação, nos aproximar mais da sociedade e da indústria para ter um feedback do mercado e das demandas sociais e aumentar o número de convênios com instituições internacionais, o que hoje é imprescindível para a atualização, colaboração e complementação do ensino e da pesquisa.”, afirmou o diretor Geraldo da Costa.

 

São Carlos: Capital da Tecnologia

A criação da Eesc interferiu na estrutura da cidade São Carlos, que era uma pacata cidade interiorana sem atrativos culturais e profissionais na década de 50, transformando-a em polo de vanguarda em pesquisa e na produção industrial, caracterizada pela presença de indústrias importantes: motores (Volkswagen), aviação (Embraer), compressão (Tecumseh) e produção de lápis (Faber Castell). O polo industrial de São Carlos, estimulado pela existência de grande número de técnicos e engenheiros, possibilita o desenvolvimento de tecnologias de ponto tanto na área de indústria básica, como na de ponta (militar e aeronáutica).

A cidade possui grande número de doutores em relação à sua população: um pesquisador doutor para cada 180 habitantes, enquanto a relação nacional é de um doutor para cada 5.423 habitantes. De acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), enquanto a média brasileira é de praticamente três patentes para cada 100 mil habitantes, em São Carlos a relação é cinco vezes maior.

Segundo o professor João Oliveira, a ESSC causou inúmeros impactos na cidade de São Carlos.  “O maior impacto foi a criação de empresas de alta tecnologia que nasceram de cursos da pós-graduação”, afirmou o docente. Além disso, para o docente a existência dos alunos provocou uma mudança natural do comércio que se adaptou ao universo estudantil: há grande número de bares, lanchonetes, livrarias e de moradias estudantis.

“Ensinar e pesquisar engenharia numa cidade do interior certamente, no início dos anos 50, foi um projeto que a própria comunidade acadêmica da época não olhava com muito entusiasmo. No entanto, as ações de nossos antecessores mostraram que era possível fazer isso, sim, e fazer com qualidade e competência.”, afirmou o diretor Geraldo da Costa.

Ao longo desses 60 anos, a Escola de Engenharia contribuiu de maneira decisiva para que São Carlos deixasse de ser uma região tipicamente rural e se tornar a Capital nacional da Tecnologia. Influência para o desenvolvimento nacional, a Escola se constitui como uma instituição de grande importância para o aperfeiçoamento tecnológico, destacando-se na formação de profissionais altamente qualificados e na construção do futuro do país.

 

Programa EESC Sustentável

“Queremos que a EESC esteja inserida cada vez mais na sociedade”, afirma o atual diretor, Geraldo da Costa

“Queremos que a EESC esteja inserida cada vez mais na sociedade”, afirma o atual diretor, Geraldo da Costa

A preocupação com a preservação ambiental demanda, no âmbito educacional, a formação de profissionais conscientes das questões socioambientais e aptos a desenvolverem soluções para problemas relacionados ao tema. Buscando primar pela ampliação de ações em prol da sustentabilidade, a EESC desenvolveu no início gestão do atual diretor Geraldo Roberto Martins da Costa, o Programa EESC Sustentável.

Iniciado em 2011, em parceria com o USP Recicla, visa à inserção do tema sustentabilidade nas atividades acadêmicas, por meio de ações presentes no dia a dia da universidade. O intuito é desenvolver diretrizes que promovam a formação de pesquisas e recursos humanos a fim de enfrentar, por parte da comunidade acadêmica, os desafios da sustentabilidade. Além disso, tem por objetivo intensificar as ações implementadas por meio de programas institucionais como o Programa de Uso Racional da Água, Programa de Uso Racional de Energia e Programa USP Recicla.

De acordo com o Professor João Oliveira, do Núcleo de Manufatura Avançada, esse tema já estava presente na Escola muito antes de ganhar corpo no âmbito mundial. A inclusão da temática ambiental teve início no curso de Engenharia de Produção. A intenção é que todos os cursos possibilitem a formação de engenheiros em sintonia com as diversas demandas ambientais. Segundo o Professor Fábio Guerrini, que presidiu a Comissão responsável pelos eventos comemorativos, todos os cursos estão passando por inserção do tema sustentabilidade.

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