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Dona de uma personalidade que marcou Hollywood, a atriz e cantora alemã Marlene Dietrich é protagonista de exposição cinematográfica no CCBB
Até o dia 20 de outubro, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebe a mostra Marlene Dietrich, em homenagem a grande diva alemã, reconhecida mundialmente por seu talento no cinema e na música.
A diva
Nascida em Berlim em 1901, trabalhou com teatro e filmes mudos até a chegada da década de 30, quando o diretor austríaco Josef Von Sternberg a convidou para fazer o filme O Anjo Azul. Foi o início do trabalho da diva com o cineasta, que resultou em sete longas, entre eles O Expresso de Xangai e Marrocos. “Ambos entraram para a história do cinema graças a essa parceria frutífera que teve como base a reciprocidade de criatividade entre diretor e atriz”, afirma o curador da mostra, Arndt Roskens. Segundo ele, a presença da alemã foi fundamental para o sucesso dos filmes de Sternberg, enquanto o diretor “criou e aprimorou a diva Marlene que sobreviveu aos tempos como mito”.
Foi em Marrocos que Marlene chocou Hollywood pela primeira vez. Ousada, a atriz protagonizou uma cena em que canta vestida com roupas masculinas – numa época em que as calças ainda estavam restritas ao guarda-roupa dos homens – ao final da qual beija uma mulher presente na plateia. Roskens é cauteloso ao expressar a importância que Marlene teve para o processo de emancipação feminina. “Ela contribuiu para ampliar a percepção da mulher na sociedade e sua emancipação, mas o cinema sempre reflete condições sociais e o imaginário da época em que os filmes são feitos. Marlene representa uma mudança que já estava em curso na sociedade”, explica.
Além de símbolo da independência feminina, Marlene também teve atuação de destaque por sua posição contrária ao nazismo. Convidada por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do Reich, para protagonizar um filme que exaltasse o regime de Hitler, a diva recusou a proposta e se tornou cidadã estadunidense, fato que trouxe repercussão negativa para ela dentro de seu país natal. Durante a Segunda Guerra Mundial, a atriz e cantora marcou presença no front dos Aliados, onde se apresentou para os soldados, como forma de animá-los naquele momento tão difícil. Com o término do conflito, Marlene passou a cantar em grandes shows em Las Vegas, marcando o início de sua carreira na música. A diva morreu em Paris, em 1992, onde viveu seus últimos anos reclusa e recebendo visitas apenas de pessoas íntimas.
A mostra
Com 25 filmes, incluindo dois documentários, a mostra Marlene Dietrich é realizada paralelamente no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e Brasília, e a grade de programação segue as especificidades de cada cidade. “Esperamos uma plateia muito diversificada, porque Marlene é uma personagem com apelo a pessoas com interesses bastante diversos”, afirma o curador.
Reproduzir todos os longas da carreira da atriz alemã seria impossível, então a organização da mostra optou por apresentar os filmes mais representativos de Marlene, que possibilitam que o público conheça as diversas facetas da artista. “Incluímos vários clássicos de grandes diretores, como Pavor nos Bastidores, de Alfred Hitchcock, Testemunha de Acusação e A Mundana, de Billy Wilder, A Marca da Maldade, de Orson Welles, além de filmes menos vistos, como o mudo Flores de Paixão que ela filmou ainda na Alemanha dos anos 20”, informa Roskens.
Perguntado sobre qual filme da mostra sintetizaria de forma mais completa a carreira de Marlene, Roskens afirma que como a atriz possui trabalhos muito diversos, o longa mais indicado varia conforme o aspecto da diva que o espectador deseja conhecer melhor. O Anjo Azul é apropriado para quem quer entender o início de sua carreira e a criação do mito, já O Expresso de Xangai é indicado para aqueles que desejam ver inovação na linguagem do cinema. Mulher Satânica é para quem busca a essência da diva artificial, enquanto o destaque na atuação fica por conta de Testemunha de Acusação.
Também chama a atenção o documentário Marlene, de Maximilian Schell. Nos anos 80 a atriz concedeu ao cineasta uma longa entrevista, que durou vários dias, mas não permitiu que sua imagem fosse capturada. Schell então utilizou o áudio das gravações juntamente com diversas imagens da carreira de Marlene, de forma muito criativa. “Nós ouvimos Marlene olhando para sua vida e carreira na retrospectiva às vezes amarga, às vezes contente, mas ela continua a mesma pessoa interessante e polêmica que foi durante sua vida toda”, afirma Roskens.
Serviço
Os ingressos para a mostra custam R$ 4,00 (inteira) e R$ 2,00 (meia-entrada). O CCBB fica na rua Álvares Penteado, 112, Centro e funciona das 9h às 21h, de quarta a segunda. Confira a programação completa da mostra Marlene Dietrich no site www.bb.com.br/cultura.
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