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Professor de São Carlos recebe prêmio em Congresso Internacional

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A importância de dormir bem

 

Raphael Martins

Reconhecimento
A vontade de ir além no conhecimento condicionou a criação de um docente e pesquisador premiado
Adenilso da Silva Simão, professor do Departamento de Sistemas da Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) foi premiado no mais importante congresso da área de Teste de Softwares, o International Conference on Software Testing (ICST) 2012: “Foram dois prêmios que recebi nesse congresso, um deles na categoria principal, como melhor trabalho”. Nessa categoria, Simão concorreu com outros 175 trabalhos, de mais de 30 países.

Nascido em 28 de fevereiro de 1976, na cidade de Assis Chateaubriand, Paraná, Simão viveu até os 13 anos na zona rural. A família mudou-se para Brasilândia do Sul, onde ele terminou os estudos. No último ano de colégio, fez um simulado de vestibular e ganhou bolsa de estudos para fazer o cursinho na cidade de Umuarama. De cerca de 1.600 pessoas, Simão ficou em primeiro lugar.

Alexandre Petrenko, Adenilso Simão e Nina Yevtushenko, autores do artigo premiado no ICST 2012

A colocação não veio à toa. O interesse em sempre ir além do básico no aprendizado (em especial, matemática) garantiu bons resultados e incentivou a curiosidade desde cedo: “Quando fiz o vestibular, prestei para Computação e Direito. Eu não tinha bem definido o que queria fazer. Computadores eram muito raros, só famílias ricas tinham e eu tinha muita curiosidade de saber mais. Era uma carreira de que se falava bastante e tudo surgiu como uma oportunidade. Não era acessível como hoje. Mas já se falava bastante, viam-se em filmes, novelas. Na época tinha uma aura de mistério. Escolhi a computação por causa dessa visão externa, de leigo, que mexer em um computador devia ser muito legal”, conta.

Naquela época, início dos anos 1990, o professor lembra que a falta de contato com o mundo digital causava incertezas que jamais ocorreriam com os jovens de hoje em dia: “Era algo a que antes não tínhamos acesso. Hoje, não há ninguém que entre em um curso superior de computação que não tenha tido um computador em casa. Antes era uma novidade muito grande”.

Mesmo com premiações e experiências no exterior para pesquisa e especialização, Simão confessa que sentiu falta de ministrar aula

Entre 1994 e 1998, Simão estudou Ciências da Computação na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Logo de início, o jovem viu que, apesar das dúvidas iniciais, tinha feito a escolha certa: “Quando eu comecei a fazer o curso, foi paixão instantânea. Com uma semana eu já estava totalmente convencido. Nunca pensei em fazer outra coisa depois disso”.

O professor conta que desde o início da graduação, os alunos de sua sala eram muito curiosos e interessados em aprender mais sobre o mundo digital que despontava. Ele afirma ter passado grande parte do primeiro ano dentro do laboratório da UEM: “Fazia tudo das disciplinas e nos intervalos ficava no laboratório. Nós gostávamos muito do que fazíamos lá. Isso era um pouco o perfil da minha turma, que tem muitos mestres e doutores. De uns 30, são cerca de 15 mestres”.

Entretanto, a predisposição de Simão para a docência veio mesmo no meio do curso. Durante a graduação, ele conta que precisava trabalhar à noite para cobrir os custos dos estudos, “mas por volta do terceiro ano, comecei a trabalhar com iniciação científica, orientado pela professora Itana Gimenes. Até aquele momento, eu era uma pessoa essencialmente prática, queria ir para o mercado, trabalhar em empresas, gostava muito de desenvolver. Foi desse projeto, com a professora, que percebi que eu poderia fazer o que eu gostava dentro da pesquisa”.

“Eu gosto muito de ser professor. Eu ministro aulas gostando de fazer aquilo.”

No fim da graduação, ainda indeciso entre ir para o mercado de trabalho ou o mestrado, o impulso final para Simão foi o intermédio da professora Itana, que sugeriu a especialização: “Vim, então, para o ICMC para fazer o mestrado em teste de softwares (Redes de Petri) com o professor José Carlos Maldonado. Assim que eu comecei o mestrado, me identifiquei de novo com o que estava fazendo. Fiz o mestrado em dois anos e, logo que terminei, estava com tudo pronto para começar o doutorado”.

De 2000 a 2004, Simão fez o doutorado dando seguimento na mesma área do mestrado, também com o professor Maldonado. “Acho que durante a especialização, ficou muito claro que eu gostava de pesquisa e do estímulo intelectual que ela traz. Ser sempre desafiado com algo difícil. Sempre gostei de ir além, mesmo no tempo de colégio. Com a especialização, eu continuei fazendo o que já fazia desde criança, mas agora em outro nível”, reflete o professor.

Foi então que, nos últimos anos do doutorado, mais precisamente no fim de 2003, abriu no ICMC um concurso para docente que aceitava mestres. Essa prática não acontece com frequência na USP, mas por conta de várias circunstâncias e necessidade de um docente, o instituto acabou abrindo essa concessão: “Eram cerca de dez inscritos e eu passei. Comecei a trabalhar aqui em março de 2004 e terminei o doutorado em dezembro. Então, só mudei de categoria, mas já estava efetivado”.

Mas já em julho de 2008, Simão viajou para o Canadá para fazer seu pós-doutorado no Centre de Recherche Informatique de Montréal, onde ficou até julho de 2010.

Adenilso posa com André Endo, parceiro do segundo trabalho premiado no ICST 2012

O estudo premiado pelo ICST 2012 foi feito em parceria com outros dois pesquisadores (um do Canadá e uma pesquisadora da Rússia) e dá continuidade aos seus estudos dessa época: “Em 2005, comecei a orientar os primeiros alunos de iniciação científica, mestrado e alguns de doutorado. Do final do doutorado até 2008, trabalhei com Máquinas de Estados Finitos, um tópico específico que acabou culminando no prêmio. O outro trabalho foi premiado como melhor artigo, em um workshop mais específico na minha área, e foi desenvolvido com um aluno”.

Mesmo com premiações e experiências no exterior para pesquisa e especialização, Simão confessa que sentiu falta de ministrar aulas: “Eu gosto muito de ser professor. Eu ministro aulas gostando de fazer aquilo. Aqui na USP, somos professores antes de pesquisadores. O contato com os alunos é muito importante. Muitos resultados de pesquisa já saíram de discussões em classe”.

Em novembro de 2010, passou a ser coordenador do curso de bacharelado em Informática, vem ministrando disciplinas e orientando pesquisas em sua área de especialização. É casado desde o final da graduação, tem uma filha de 15 e um filho de 5 anos.

3 comentários sobre “Professor de São Carlos recebe prêmio em Congresso Internacional”

  1. Marielza Ortega Roma disse:

    Adenison, Parabéns!!!
    Você merece. Você sempre foi um batalhador, venceu e sua frase : “Eu gosto muito de ser professor. Eu ministro aulas gostando de fazer aquilo.", me emocionou, pois você dá um exemplo a toda essa geração que aí está, que é um profissional comprometido com aquilo que acredita e faz. Mais uma vez eu o parabenizo desejando que você cumpra sua missão colhendo os frutos que plantou.
    Marielza (Bibliotecária da EESC-USP)

  2. Hamilton disse:

    Parabéns Adenilso por mais uma vitória.

    Um grande abraço de seus amigos,

    Hamilton, Daniela Luiz Alberto e João Guilherme

  3. Claudio disse:

    Belíssima trajetória!!!
    Parabéns pela vitória e merecido reconhecimento.
    Claudio FM Toledo

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