USP premia representantes da defesa e promoção dos direitos humanos

A entrega do 10º Prêmio USP de Direitos Humanos foi realizada no dia 10 de dezembro, na sala do Conselho Universitário (CO) da Universidade.   

 14/12/2009 - Publicado há 14 anos
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(Da esq. para à dir) Débora Rodrigues Diniz e Abdias Nascimento, respectivamente, menção honrosa e ganhador da categoria individual; vice-reitor em exercício da Reitoria, Franco Maria Lajolo; padre Mauro Luiz da Silva e Beatriz da Paz, do Projeto Caminhada Pela Paz; o reitor da USP, de 1997 a 2001, Jacques Marcovitch, que instituiu o Prêmio; a presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, Maria Luiza Marcílio; e Ernesto Olivero, do Arsenal da Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, menção honrosa institucional

O vice-reitor no exercício da Reitoria da USP, Franco Maria Lajolo, e a presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, Maria Luiza Marcílio, fizeram a entrega do 10º Prêmio USP de Direitos Humanos, em cerimônia realizada no dia 10 de dezembro, na sala do Conselho Universitário (CO) da Universidade.

“Estamos hoje celebrando o maior prêmio instituído pela Universidade de São Paulo”, declarou a presidente da Comissão de Direitos Humanos no início da cerimônia.  Na categoria individual, o ganhador foi Abdias do Nascimento, escritor, artista e ativista; na categoria institucional, Projeto Caminhada pela Paz; e as menções honrosas, respectivamente nas mesmas categorias anteriores, para Débora Rodrigues Diniz, e Arsenal da Esperança Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, cujo fundador, Ernesto Olivero, veio da Itália – onde mora – exclusivamente para a premiação.

Este prêmio é dado anualmente pela USP no aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos – assinada em 1948, com o objetivo de identificar, distinguir e homenagear pessoas e instituições que, por suas atividades exemplares, tenham contribuído significativamente para a difusão, disseminação e divulgação dos Direitos Humanos no Brasil. Foi criado pela Comissão de Direitos Humanos da USP, formada em 1997, que, desde então, tem desenvolvido série de iniciativas de natureza educativa, como congressos, jornadas e a publicação de obras sobre com este tema.

“Premiamos hoje os defensores de um dos segmentos historicamente discriminado em nossa sociedade: o negro, através de seu paladino e pioneiro promotor, o Sr. Abdias do Nascimento. O Projeto Social Caminhada pela Paz, busca melhorar as condições de vida dos moradores do Aglomerado de cinco favelas de Belo Horizonte (Minas Gerais), constituídos em quase sua totalidade por negros”, ressalta a presidente da Comissão, que também é professora do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

Em seu pronunciamento, Abdias Nascimento, disse estar muito emocionado por falar “para um auditório altamente intelectualizado como este”. Relatou a sua infância pobre, as discriminações sofridas e a sua luta. “A USP foi muito corajosa em dedicar este prêmio a mim. Ela está dando exemplo para as outras universidades com este prêmio”, afirma Abdias, que está com 95 anos, dos quais quase 70 são dedicados à luta na defesa dos direitos humanos e civis dos negros, e no combate à discriminação.

Representando o Projeto Social Caminhada pela Paz, o padre Mauro Luiz da Silva, contou um pouco dos dez anos da caminhada, que acontece dentro de cinco favelas, no centro da cidade de Belo Horizonte, cercadas pelos bairros mais ricos do município. Narrou também histórias de algumas mulheres que ajudaram a criar o Projeto e trouxe uma das jovens moradoras para fazer um depoimento sobre a importância do mesmo na vida da comunidade. “É difícil ser pobre, negra e moradora de favela”, afirma Beatriz da Paz, que hoje é universitária, e se formará em direito no ano de 2010. Segundo ela, o projeto está ajudando a estimular jovens a entrar na universidade, pois antes dele havia seis universitários, e hoje há mais de 200.

No final da cerimônia, o vice-reitor no exercício da Reitoria ressaltou a importância deste prêmio. “Homenagear os que lutam contra este estado de coisas que nos indigna a todos é o motivo de estarmos aqui reunidos numa cerimônia que é uma celebração da justiça, da fraternidade e da paz. E a USP sente-se honrada de hospedar esta cerimônia em seu campus, vendo-a como oportunidade para reafirmar seu compromisso com pesquisas, cursos e atividades de extensão que contribuam para a formulação e implementação de políticas públicas que possibilitem o avanço dos direitos humanos”.

(Foto: Ernani Coimbra)


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