Com pesar, comunicamos o falecimento do professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), Segismundo Spina, ocorrido no dia 22 de dezembro de 2012.
Nascido em Itajobi, em São Paulo, em maio de 1921, Spina fez a graduação no curso de Letras Clássicas e a pós-graduação na USP. Em 18 de setembro de 1944, iniciou na FFLCH como auxiliar técnico da cadeira de literatura portuguesa, aposentando-se como professor titular do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas em 12 de fevereiro de 1987. E, em 13 de abril de 1989, recebeu o título de professor emérito pela Faculdade.
Ao longo de sua carreira de professor dos cursos de Letras da USP – atuando principalmente nas áreas de linguística, letras e artes; literaturas vernáculas – Spina deu contribuições fundamentais à filologia, à crítica textual e aos estudos literários. No Brasil, tornou-se referência obrigatória para os estudos da obra camoniana e da estética barroca. Foi também responsável pela difusão do conhecimento objetivo das estruturas do poema.
É autor de diversos livros, tendo como obras mais destacadas os estudos “Do Formalismo Estético Trovadoresco” e “Apresentação da Poesia Barroca Portuguesa”. Na Editora da USP (Edusp), tem três títulos publicados: “A Lírica Trovadoresca”, “A Poesia de Gregório de Matos” e “Ensaios de Crítica Literária”.
Paralelamente, ensinou ainda Literatura Portuguesa na Universidade Presbiteriana Mackenzie, e regeu a cadeira de Filologia e Língua Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Sedes Sapientiae”, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).
Meu querido Prof. Spina habita agora no panteão onde já residem nossos mestres: Salum, Maurer, Amora, Aubreton, Tonioli, Aderaldo Castelo, Rolando…
Ainda vejo a figura amiga do Prof. Spina circulando pelos corredores e salas de aula do prédio da Rua Maria Antônia…
Eu era aluno do curso noturno de Letras Clássicas. Trabalhava no comércio ambulante durante o dia, em Santo André. Tomava o trem para São Paulo, descia na Estação da Luz e corria para a Faculdade. Lembro-me bem de que, um dia, cheguei à Faculdade debaixo de chuva grossa, entrei aflito na aula do Prof. Spina para fazer uma prova de literatura Portuguesa. Durante a prova, o Prof. Spina aproximou-se de mim e perguntou-me sobre o meu trabalho. Respondi-lhe que era vendedor ambulante. Spina olhou-me fixamente e disse: “Pois eu era ajudante de sapateiro na oficina de meu pai. Consegui chegar à Universidade. Continue estudando assim, você também chegará a professor universitário!” Querido Prof. Spina: God bless you!
Fui aluno no primeiro semestre do querido mestre Spina numa disciplina que não me lembro mais o nome, mas era sobre poesia trovadoresca portuguesa. Delicia de aula!