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Esta
comissão tripartite formada para intermediar as negociações
entre a Reitoria e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas unidade com aulas paralisadas desde o início
de maio voltou a se reunir após a intervenção
do governador Geraldo Alckmin, que no dia 10 pediu a retomada do diálogo.
A tentativa agora é compor um quadro mínimo de contratações
de docentes necessários ao preenchimento das chamadas disciplinas
optativas.
As negociações estavam num impasse desde 4 de julho,
quando os estudantes decidiram em assembléia rejeitar a proposta
da Reitoria, que prevê a contratação de 91 novos
professores para a FFLCH até 2004. A comissão tripartite
pretende resolver os pontos urgentes para que os alunos não
percam o semestre e adiar, pelo menos por enquanto, discussões
mais amplas sobre, por exemplo, o mérito acadêmico e
o número ideal de professores para a unidade.
O problema das optativas precisa de solução imediata
já que, para se formar, os alunos devem cumprir um número
mínimo de créditos não obrigatórios. Os
estudantes reclamam que há poucas opções dessas
matérias para compor o currículo.
Cada parte se comprometeu a elaborar um estudo para saber quantos
docentes serão necessários para preencher as optativas.
Há uma série de temas importantes que merecem discussão.
Mas nesse momento precisamos de saídas de urgência para
que os alunos não percam o semestre, diz o pró-reitor
de Pesquisa, Luiz Nunes de Oliveira.
O debate sobre contratação de mais professores para
os créditos obrigatórios deverá continuar nas
próximas reuniões da comissão tripartite. De
acordo com o Diretório Central de Estudantes (DCE), a FFLCH
precisa preencher 259 claros para que volte aos níveis de ensino
de dez anos atrás. Para a diretoria daquela unidade, são
necessários mais 115 docentes para que a relação
professor/aluno se equilibre.
É verdade que alguns professores não cumprem a
carga didática mínima exigida por lei. Mas não
é verdade que, se todos os professores cumprissem a carga didática
mínima, teríamos, por conta disso, uma acomodação
melhor das classes. Essa conta não é verdadeira. Nem
que todos os professores dessem 8 horas de aula por semana, não
daria para acomodar todas as classes. Há casos de três
ou quatro disciplinas em que isso é verdadeiro. Por exemplo,
em Antropologia, onde, se todos trabalhassem 8 horas semanais, daria
para acomodar classes de 50 alunos ou menos. Mas isso não é
verdadeiro, por exemplo, para Letras Clássicas e Vernáculas.
Lá o problema é sério e reconhecemos que é
necessário contratar mais professores, afirma o pró-reitor,
que representa a Reitoria nas negociações. Procurados
pelo Jornal da USP, outros integrantes da comissão tripartite
não foram encontrados ou não quiseram opinar a respeito.
Os alunos da FFLCH reivindicam que todos os professores daquela unidade
lecionem 6 horas/aula por semana. Atualmente, existem na FFLCH três
tipos de contrato de trabalho (leia texto ao lado). Dessa forma, os
docentes teriam mais tempo para se dedicar a atividades de pesquisa,
orientação de alunos e tutorias, atingindo, assim, a
excelência acadêmica que exigem os cursos específicos
da FFLCH, alegam os estudantes.
Esse é justamente o ponto de maior atrito entre as reivindicações
de alunos e professores, de um lado, e Reitoria, de outro. Para
aumentar o número de professores, a Reitoria precisa avaliar
uma série de itens. Já que, no caso da FFLCH, os alunos
querem que os professores diminuam sua carga horária de trabalho
a fim de se dedicar mais a tutorias e pesquisa, então precisamos
avaliar a qualidade da pesquisa que é feita lá. Existe
uma comissão que avalia a qualidade da pesquisa, não
só lá mas também em outras faculdades. Para investirmos
naquela unidade, precisamos comprovar que ela é melhor que
as outras. Poderíamos pensar em criar uma comissão exclusiva
para avaliar a qualidade da pesquisa da FFLCH. Mas temos de olhar
a Universidade como um todo. Essa discussão leva tempo e por
isso propusemos resolver os problemas mais agudos nesse momento,
explica Luiz Nunes.
De acordo com o pró-reitor de Pesquisa, o documento que propõe
o preenchimento de 91 claros até 2004 é bem embasado
e demonstra que a Filosofia não está recebendo tratamento
inferior nem privilegiado em relação às outras
unidades. Para se estabelecer a necessidade didática de cada
unidade ou departamento, o professor explica que a comissão
de claros soma a quantidade de horas de todas as disciplinas oferecidas
a cada semestre e divide pelo número oito que representa
um parâmetro usado pela comissão de claros para estimar
as necessidades acadêmicas. O resultado da conta representará
o número de professores necessários ao departamento,
do ponto de vista didático.
Segundo o professor, foi essa a conta que determinou o total de 91
novos claros oferecidos à FFLCH. Há reservas,
sim, nesse número. Isso porque o aumento de vagas pode se dar
por outras razões que não simplesmente as didáticas.
Pode haver, por exemplo, a abertura de uma nova linha de pesquisa
ou o reconhecimento de mérito acadêmico, afirma
o pró-reitor.
Regimes
de trabalho
A Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas possui 350 professores
contratados e 13 com contrato temporário de seis meses prorrogáveis
pelo mesmo período, em alguns casos.
Há um docente em Regime de Turno Parcial (12 horas/aula semanais);
28 em Regime de Turno Completo (24 horas/aula por semana) e 321 em
Regime de Dedicação Integral à Docência
e Pesquisa (40 horas/aula semanais), de acordo com informações
do Departamento de Recursos Humanos da FFLCH. Os dados compreendem
todos os cargos docentes: titular, associado, doutor, assistente e
auxiliar de ensino.
De acordo com o Estatuto da Universidade, todos os docentes devem
cumprir no mínimo 8 horas de aulas por semana. Mas, segundo
o pró-reitor Luiz Nunes, uma portaria permite que a carga mínima
seja reduzida para 6 horas/aula semanais, caso o docente as ocupe
com atividades tutoriais ou de pesquisa. |
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