O Poder Judiciário, que existe em todas as sociedades para garantir os direitos das pessoas, está falhando em alguns pontos no cumprimento de sua missão constitucional, principalmente em razão da lentidão dos processos. As decisões chegam a demorar anos para sair, podendo acarretar prejuízos irreversíveis às partes e perda de direitos. A lentidão da Justiça tem várias causas, mas uma das principais é o excesso de recursos a instâncias superiores, até ao Supremo Tribunal Federal, sobrecarregando-os. E quem mais recorre é a administração pública, que de hábito se recusa a reconhecer o direito das pessoas, mesmo quando claramente definido na Constituição Federal. As filas de idosos diante de tribunais federais registradas em todo o País nos últimos dias constituem exemplo disso. As observações são da professora Odete Medauar, da Faculdade de Direito da USP, a propósito do projeto de reforma do Judiciário em tramitação no Congresso Nacional. Depois de sugerir um limite à possibilidade de recursos, Odete disse que não é totalmente contra a criação de um órgão de controle externo do Judiciário, embora ponha em dúvida a eficácia de sua atuação, pois em hipótese nenhuma poderá haver interferência na liberdade do juiz de julgar, e os controladores só poderão agir na esfera administrativa da Justiça. Sobre as denúncias de corrupção que envolvem magistrados e outras categorias profissionais ligadas à execução da justiça, a professora recomenda prudência e que não se façam generalizações, pois ainda não houve julgamento dos casos e eles são proporcionalmente reduzidos. nacional>>

CONFERÊNCIA
A nova medicina está chegando

A medicina molecular foi tema de dois seminários internacionais realizados em São Paulo neste mês. Nos dias 13 a 15, cientistas reuniram-se no Centro de Convenções da Câmara Americana de Comércio para debater os avanços das pesquisas com células-tronco. Professores da Faculdade de Medicina da USP apresentaram resultados de experimentos realizados com 30 tetraplégicos, dos quais 12 conseguiram restaurar parte da sensibilidade perdida há anos. Outro estudo pioneiro conjunto, do Instituto de Biociências e da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, procura descobrir os efeitos de terapias com células-tronco em portadores de distrofia muscular de Duchenne, uma doença genética. O Incor está iniciando a segunda fase de pesquisas com esse tipo de célula para recuperar áreas enfartadas. O outro encontro sobre medicina celular e molecular ocorreu nos dias 14 e 15, no Hotel Intercontinental. “Com a medicina molecular passamos a desenvolver doenças humanas em camundongos e produzir neles as alterações gênicas de determinadas doenças”, disse o médico espanhol Vicente Rubio, ao expor a diferença entre a medicina molecular e a clássica. A cientista Carolina Whitacre, dos Estados Unidos, mostrou estudos sobre o sistema imunológico que podem ajudar a combater a esclerose múltipla. As novas formas de tratamento podem beneficiar pacientes de artrite, mal de Alzheimer e leucemia, entre outras doenças. pesquisa>>