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Saraiva Felipe no Hospital Universitário: boas notícias na área da saúde


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inco notícias da área de saúde levantadas quinta-feira (23) por ocasião da visita do ministro da Saúde, Saraiva Felipe, ao Instituto Butantan, à Reitoria da USP e ao Hospital Universitário: o Butantan começa a produzir em larga escala para o SUS (Sistema Único de Saúde) o surfactante pulmonar, produto extraído de pulmões de suínos, para uso sobretudo em recém-nascidos com problemas respiratórios; o mesmo instituto inicia até o final do ano a produção de vacina contra a gripe aviária como reserva estratégica para a eventualidade de a doença atingir o Brasil; o HU prepara campanha para dar início, dentro de um ano e meio, ao Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa), que acompanhará 5 mil funcionários e professores da USP, a fim de determinar as causas do diabete e de doenças cardíacas; unidades da USP da área de ciências biológicas da capital e do interior (Medicina, Odontologia, Enfermagem e Farmácia) foram aprovados pelo Ministério da Saúde para entrar no programa Pró-Saúde, que consiste na formação de profissionais multidisciplinares e que exigirá mudanças na estrutura curricular desses cursos; finalmente, um alerta da professora Mayana Zatz, pró-reitora de Pesquisa e presidente do Cepid Genoma Humano, diante de notícias de abusos médicos no uso de células tronco: nenhum tratamento experimental pode ser cobrado. Se estiver sendo, desconfie.

A solenidade no Butantan coincidiu com o 105o aniversário do instituto e teve a presença do governador em exercício, Claudio Lembo; do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Moisés Goldbaum; do secretário da Saúde do Estado, Luiz Roberto Barradas Barata; da reitora Suely Vilela e pró-reitores; do superintendente do HU, Paulo Andrade Lotufo; e diretores da Fapesp, entre outros. O ministro e convidados almoçaram na Reitoria e concluíram o programa com visita ao HU.

No Butantan

De acordo com o presidente da Fundação Instituto Butantan, professor Isaias Raw, assim como a insulina para diabéticos, que inicialmente era extraída do pâncreas de suínos, o surfactante pulmonar, tirado por meio de lavagem do pulmão de porco, ajuda a abrir os alvéolos dos recém-nascidos. O produto é liofilizado e deve ser dissolvido e injetado na traquéia da criança com problema respiratório. Se o recém-nascido não chorar é sinal de que seu pulmão não se abriu, e se não houver socorro imediato, a morte é certa. Nessas condições o Brasil tem mais de 60 mil bebês por ano. O produto a ser fabricado existe há cerca de 20 anos, era importado e custava caro – R$ 700,00 a dose. Com a produção em larga escala para o SUS, pelo menos 200 mil doses por ano, o Ministério da Saúde fornecerá o surfactante para todas as maternidades credenciadas.

Para produzi-lo, o Butantan fez parceria com o Instituto Sadia de Sustentabilidade e a produção seguirá três etapas: “beneficiamento” e separação da substância em abatedouro da empresa em Uberlândia (MG), remessa do material (misturado a celulose especial) para um centro de distribuição da Sadia em Jundiaí e daí para o Butantan, para a finalização do processo. O projeto tem também parceria com o Instituto da Criança da USP, que testou a eficácia do produto.

Quanto à gripe aviária, o ministro Saraiva Felipe considera impossível impedir que chegue ao Brasil, mas Isaias Raw garante que faria pouco estrago na produção de frango. Segundo o cientista, atingiria apenas o frango caipira e de fundo de quintal; as granjas, assim como ovos e produtos industrializados, com certeza estão fora do alcance da febre. O pesquisador assegura que vacina para toda a humanidade não existirá nunca, pois os laboratórios não têm capacidade para produzi-la em escala tão ampla. No máximo, poderiam ser vacinados 2% da população mundial. Também não há necessidade de vacinação em massa. O combate deve ser feito da mesma maneira que se acabou com a varíola, atacando caso por caso, vacinando apenas as pessoas que tiverem contato com os doentes. Os EUA têm 250 mil doses de vacina estratégica; o Butantan quer produzir pouco mais de 20 mil. Para o prédio em que serão fabricadas, os laboratórios e demais equipamentos, recebeu do governo federal R$ 3 milhões, quantia “ridiculamente pequena”, segundo Raw, que agora será suplementada e dará apenas para a fase de testes.

Na USP

Para o Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto, o HU terá do Ministério da Saúde R$ 5,8 milhões, mas o total de recursos supera R$ 22 milhões, uma vez que o programa não é exclusivo do hospital da USP, mas abrange mais quatro universidades federais (RS, BA, ES, MG) e uma estadual (RJ). O HU acompanhará 5 mil pessoas, que serão 15 mil no projeto todo.

Lotufo diz que o País precisa fazer as suas próprias pesquisas nessa área (diabete e distúrbios cardíacos), apesar de já haver estudos semelhantes aprofundados nos Estados Unidos e na Europa. As condições de vida e de alimentação são diferentes no Brasil. A fase inicial do programa, o primeiro do gênero no Brasil, durará 18 meses. Serão aplicados testes em voluntários acima de 35 anos. Não há prazo para terminar o projeto. “Vai até quando houver pesquisadores interessados nele”, diz Lotufo. Agora é a fase de providenciar os equipamentos e preparar a campanha de esclarecimento na Universidade.

De acordo com a reitora Suely Vilela, a implantação integral do Pró-Saúde na USP, também com financiamento do Ministério, deverá levar pelo menos quatro anos. As mudanças precisam passar, primeiro, pelo Conselho de Graduação, o que não impede que já no próximo ano o projeto esteja desencadeado. A última área da USP a solicitar, e ser atendida, participação no programa foi a de Ciências Farmacêuticas.

Sobre as denúncias de que está havendo abusos na área médica com supostos tratamentos de doenças graves com células tronco em forma de pó, Mayana Zatz disse que “picaretas sempre se aproveitam da onda” e eles deveriam ser fiscalizados e punidos pelo Conselho Regional de Medicina. As amostras de “remédio” vendido por supostos médicos flagrados por uma emissora de televisão de São Paulo foram analisadas pela geneticista no Instituto de Biociências, que constatou não se tratar de células tronco, mas de restos de tecido, que poderiam estar contaminados por bactérias. Mayana recomenda que a imprensa ajude a esclarecer a população sobre o que há de verdade em relação às pesquisas com células tronco, a fim de que não caia na conversa de charlatões.

 

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O Jornal da USP é um órgão da Universidade de São Paulo, publicado pela Divisão de Mídias Impressas da Coordenadoria de Comunicação Social da USP.
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