núcleo de estudos do livro e da edição

Artistas da Livro

Antonio Hélio Cabral

Penso a figura como derivada da pintura. O contrário disto, figura pintada, é tudo que não desejo. No caso do desenho, por exemplo, me resolve a figura que vem do traço, que nasce do traço. Até melhor seria se depois do ato do pintar ou traçar pudéssemos dizer que há coincidência entre figura e pintura, traço e figura, como se fossem predicados e sujeitos comutáveis: esta pintura é figura, esta figura é traço, assim por diante. O percebido não deve ser esquartejado. O entendido não é puro entendimento. Não se separa cor da forma, o ato de pintar da pintura, o traço do traçar.

O que a figura-pintura-figura pode proporcionar ao olhar? Creio que o olhar é uma forma de ser. Creio que a pintura não está aí para dizer a imagem. A pintura não está subordinada à representação do gato, da paisagem, da mesa, dela brotam possíveis, fantasmas frequentadores da interseção entre a pintura e o ser.

No estender de meu trabalho a figura sempre foi objeto de reflexão. Desde os primeiros desenhos de 70 procurei esvaziar o figurativo, livrando-me das formas planas que dele resultam, desviando-me do óbvio inerente à sua estrutura. Daí as Vênus [1970] que emergem em contraposição à estigmatização da imagem feminina nas revistas masculinas - algumas contendo estranhas próteses, outras capazes de expor conceitos ante erótico, impedimento a venda de seus atributos.

Nos anos 80, momento em que estava envolvido com a pintura de observação, percebi que um dos impedimentos da figura-pintura-figura era a descontinuidade entre fundo e forma. A separação privilegia o indiciamento figurativo, enquanto a tensão entre a figura e o que está fora dela, a pintura. Levei esta tensão até transpassar os arrimos da figura, liberando uma espécie de avalanche do fundo sobre ela, estabelecendo assim um espaço outro, espaço que chama o figural. Pós-figura: pressentir de outras figuras. À passagem da figura ao figural pode-se supor duas etapas distintas: a remoção dos arrimos e a avalanche, visto que cada uma delas conduz à uma pintura própria.

Para saber mais, acesse: www.cabral.art.br/artista.asp

Kaio Romero

O trabalho de Romero busca de novos significados e formas para linhas e cores, a fim de dialogar com o conteúdo. Ele utiliza mecanismos da repetição, do recorte e da colagem de textos literários para narrar a decadência do orgulho indígena. No seu livro, o personagem do velho índio é incitado a

Ver, ver de ver, ver de perceber, ver de penetrar nas entranhas das coisas, ver de enxergar o essencial.

Parte da pesquisa que o artista fez para chegar ao formato desejado teve como fonte as obras de artesanato popular dos povos latino-americanos expostas no Pavilhão da Criatividade. Paulista, de formação europeia em digital designer, Kaio Romero já expôs em Londres, Nova York, Berlim e São Paulo.

Para saber mais, acesse: portfólio.pdf

Marcelo Cipis

Marcelo cipis nasceu em 1959 em são paulo. Entre 1977 e 1982 estuda arquitetura na fau-usp. Entre 1980 e 1987 participa de todos os Salões Paulistas de Arte Contemporânea. Em 1988 é convidado a participar do workshop Berlin-in-São Paulo, expondo no masp e no Kunsthalle de Berlin. Em 1991 participa da 21ª Bienal Internacional de São Paulo com a instalação Cipis Transworld Art, Industry and Commerce. Em 1992 e 1994 participa da Bienal de La Habana. Em 1993 participa da coletiva Verde-Amarelo – Arte Contemporânea Brasileira no Fujita Vente Museum em Tóquio. Em 1988 realiza individual na Casa Triângulo em São Paulo.

Em 2000 publica seu primeiro livro como autor chamado 530g de Ilustrações pela Ateliê Editorial, uma compilação das ilustrações publicadas na Folha de São Paulo, e recebe a bolsa da Pollock-Krasner Foundation de Nova York. Em 2004 realiza individual na Galeria Virgílio em São Paulo. Entre 2005 e 2014 publica uma série de títulos como autor e ilustrador. Em 2013 é indicado ao Prêmio pipa e realiza exposições no Centro Cultural São Paulo e na Funarte em São Paulo. Em 2014 participa da coletiva Brazil Arbeit und Freundshaft no Pivô em São Paulo e realiza individual na Galeria Emma Thomas em São Paulo.

Entre os prêmios recebidos estão o 12º (1987), 18º (1993), 19º(1994) e 25º (2000) prêmios Abril de Jornalismo, melhor pintura em 1990 pela apca com a exposição Pyrex Paintins & Recents Works na Galeria Kramer em São Paulo e em 1994 o Prêmio Jabuti pela melhor capa para o livro Como Água para Chocolate.

Para saber mais, acesse: www.marcelocipis.com.br

Ciro Yoshiyasse

Projetista mecânico de profissão, se especializou em engenharia materiais industriais e processos de produção. Mas nos anos de formação costumava pintar grandes cartazes do tipo “Danzibao”, novidade do movimento estudantil da segunda metade da tumultuada década de 80. A partir das ilustrações de panfletos, jornais acadêmicos e muitos cartazes passou às capas de livros, cds de punk rock e ilustração de revistas. Do improviso e da urgência da expressão política nasceu o interesse no que lhe parecia essencial: a distinção entre a técnica disponível ao gesto humano que se serve desta técnica, que resulta na imagem gráfica.

Como editor e ilustrador da revista marxista Mouro, passou a pesquisar a distância entre os recursos da técnica e o gesto na expressão gráfica, para representar o homem, a revista adota uma progressiva involução tecnológica que começa abandonando a fotografia, passa pelo pastel, aquarela, Sumi-ê até a chegar ao pó, de giz. Por outro lado, para a representação das coisas: a própria coisa - assim as mercadorias são representadas em colagens projetadas e produzidas pela maquinaria: software e um plotter de corte.

E em tempos autonomistas, o autor volta-se para a gravura em linóleo é outra pesquisa que cria independência dos processos digitais de reprodução: jamais repete a mesma imagem, pois as cores são distribuídas ainda, e de novo, em gestos.

Patrícia Osses

Nasce em santiago do chile em 1971. Vive e trabalha em São Paulo desde 1973. Patrícia Osses é artista plástica formada pela Escola de Comunicações e Artes da usp, onde recém concluiu doutorado em Poéticas Visuais sob orientação de Carlos Fajardo. Também tem formação em Arquitetura e Música (violoncelo). Seu trabalho trata de reflexões sobre o espaço e sua relação com o indivíduo, através de diversos meios como instalação, performance, fotografia e som. Ultimamente tem se dedicado a investigar visualmente o território dos lugares literários, em especial em obras de Jorge Luis Borges e Marguerite Duras.

Para saber mais, acesse: www.patriciaosses.com