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Acontece entre 2 e 6 de outubro de 2019, de quarta a domingo, na Sala Multiúso do Centro Universitário Maria Antonia, Ensaios Coreográficos II, nova edição do programa, com idealização e curadoria de Helena Bastos. Em cada um dos cinco encontros abertos e gratuitos, um mediador e dois convidados, representando as mais variadas tendências em dança, discutem a arte e seus processos de criação.

A primeira edição dos Ensaios Coreográficos recebeu no final de 2018 o Prêmio Denilto Gomes na categoria Difusão em Dança pela Cooperativa Paulista de Dança, obtendo assim reconhecimento da classe artística de dança e crítica. É dentro dessa perspectiva, apontando as tendências do pensamento artístico que se entrelaçam com níveis distintos da pesquisa em dramaturgias do corpo, encenação, dança e coreografia, que o projeto do TUSP busca se firmar no calendário cultural de São Paulo. Esta edição tentou privilegiar o pensamento de “Corpos como Manifestos“. “Manifesto” aqui no sentido de como cada corpo expõe um contexto específico de subjetividades. A partir de diferentes existências, cada uma compreendida em sua vulnerabilidade – negros, indígenas, pobres, gays, lésbicas, trans –, entramos em contato com provocações que lidam com fenômenos identitários na produção coreográfica contemporânea. São urgências que lidam com questões de empoderamento, diversidade, acessibilidade, gênero, raça etc. Mais do que nunca, o corpo é hoje político. A experiência artística gera modos singulares de se perceber/reinventar o corpo e aqui buscamos propor um espaço de encontro para tentar compreender as ações que organizam e criam as visibilidades destas experiências artísticas a partir da dança. Um espaço de encontro para os artistas convidados partilharem o que os leva a agir/conhecer dança e revelarem como se dá a conexão com seus corpos.  Um espaço para provocar conversas e captar, nos gestos e falas, os encadeamentos dos discursos do corpo que se organizam em dança.

Em cada um dos cinco encontros, um mediador e dois artistas, reunidos por proximidade temática, apresentam ensaios abertos, fragmentos ou breves partilhas de suas pesquisas, abrindo espaço para conhecer/discutir os diferentes modos de trabalho e como se dá a mediação entre os artistas, a linguagem e o público.

02 out., 20h | Luciana Bortoletto e João Andreazzi, com mediação de Célia Gouvêa

03 out., 20h | Kleber Lourenço e Laboratório de Pesquisa e Estudos em Tanz Theatralidades (LAPETT), com mediação de Marcus Moreno

04 out., 20h | Zélia Monteiro e José Maria Carvalho, com mediação de Wellington Duarte

05 out., 20h | Marcos Abranches e Miriam Druwe, com mediação de Ana Teixeira

06 out., 18h | Cléia Plácido e Élle de Bernardini, com mediação de Vanessa Macedo 

Os participantes

Luciana Bortoletto  é criadora-intérprete, pesquisadora do movimento, haicaísta. Dirige ..AVOA! Núcleo Artístico e atua em espaços públicos, majoritariamente. Teve projetos contemplados pelo Programa de Fomento à Dança. Recebeu o Prêmio Denilto Gomes em 2013 com a performance Solo de Rua.  Sua formação tem base na improvisação coreográfica, na  fotografia ao lado de Gil Grossi, na poesia e em estudos da Mímica e teatro físico.

No solo em processo Andar_Ilha: Estudos sobre o caminhar, o caminhar aparece como gesto e metáfora para a jornada do corpo que dança, o corpo que quer dançar. Minúscula diante das forças da História, essa dança lida constantemente com instabilidades, desvios de percurso e questões sociais que cercam e atravessam sua trajetória. Iluminação de Décio Filho.

João Andreazzi inicia na década de 1980 sua carreira como ator, performer, bailarino e coreógrafo. A partir de 1990 passa a pesquisar o corpo e a dedicar-se ao ensino da dança. Em 1999, o projeto “Things – m@loc@/F@vel@ – as Coisas” envolve a cultura do hip hop, do samba e dos índios guaranis. Desse contato resulta o projeto “corpos nômades”, nome com que batiza a sua companhia. A partir de “OOZE/EZOO” (2000), que junta dança contemporânea, elementos de hip hop e vídeo-arte a poemas de Samuel Beckett, o currículo do artista se funde ao da Cia. Corpos Nômades, na qual assina todas as coreografias desde então.

No Ensaio de Desmembrando Otelo – que junto com Desmontando Desdêmona, formará a nova montagem da Cia Corpos Nômades, inspirada na peça de Shakespeare –, o intérprete e um contrabaixista em off (Alexandre Rosa) constroem situações ligadas ao tema, experimentando espaço e tempo através da música e do corpo, .

Célia Gouvêa [mediadora] tem formação interdisciplinar pelo MUDRA de Maurice Béjart, em Bruxelas- Bélgica, onde foi cofundadora do Grupo Chandra. Com Maurice Vaneau abriu o movimento renovador da dança no Teatro Galpão, em São Paulo. Doutora em artes pela ECA/USP, tem bolsas de pesquisa e criação do CNPq, VITAE, Virtuose e John Simon Guggenheim Memorial Foundation e 6 prêmios APCA.

Kleber Lourenço é artista da dança e do teatro, pesquisador das artes da cena. Doutorando em artes pela UERJ e mestre em Artes pela Unesp. Diretor artístico fundador do Visível Núcleo de Criação. Possui experiência profissional em teatro, dança, cinema e arte-educação. Fez residências artísticas em São Paulo, Pará, Bahia, Pernambuco, França e Portugal. Foi bailarino do Grupo Grial de Dança e dirigiu encenações para vários grupos e projetos no Brasil.

Pedreira! é uma pesquisa em andamento para espetáculo inédito de dança negra contemporânea do intérprete e criador e a Visível Núcleo de Criação. De onde vem essa sede de justiça? A pesquisa quer criar narrativas sobre os Xangôs existentes que lutam por justiça e reexistem neste espaço Pedreira em que vivemos. Dançamos/versamos sobre Xangôs que se deslocam em diáspora do terreiro para a cidade em ações de luta e sobrevivência. Memórias de heróis e quilombos.

Sayonara Pereira é professora e pesquisadora (CAC/USP), pós-doutora pela Freie Universität Berlin – Alemanha, Doutora (2007) e pela Unicamp). Graduada em Pedagogia da Dança pela Hochschule Für Musik und Tanz – Köln. Estudou na Folkwang Hochschule, em Essen, à época dirigida por Pina Bausch. Luiza Banov é bailarina, coreógrafa, pesquisadora. Doutoranda em artes cênicas na ECA/USP, com bacharelado, licenciatura e mestrado em artes pela Unicamp. É formada em balé clássico pelo método Royal Academy of Dance, especializada em dança moderna, Limón Téchnique, e no método GYROTONIC® desde 2011. Desde 2010 dirige o Núcleo Dédalos de pesquisa de/em movimento, sediado em Piracicaba – SP. Ambas integram o Laboratório de Pesquisa e Estudos em Tanz Theatralidades (LAPETT), desde 2011 dirigido por Sayonara.

Caminhos foi criada e dançada originalmente por Sayonara Pereira em 1998 e mostra diferentes estações de uma mulher em sua 3a década, passando por algumas de suas memórias, sempre guiada por imagens, vozes e ritmos de diferentes culturas. Na nova versão a narradora é a bailarina Luiza Banov com quem Pereira tem trabalhado desde 2004 em diferentes projetos, e assim é aberto um diálogo sobre transmissibilidade, tradução e recriação de movimentos trazidos do passado e repassados para uma bailarina da contemporaneidade.

Marcus Moreno [mediador] é artista da dança e gestor cultural. Formado em Comunicação das Artes do Corpo, possui especialização em Técnica Klauss Vianna pela PUC-SP e Licenciatura, pela Universidade Anhembi Morumbi. Tem interesse em improvisação cênica, estudos somáticos e construção de redes de colaboração.

Zélia Monteiro é bailarina, professora e coreógrafa. Tem na base de sua pesquisa criativa e pedagógica o pensamento de Klauss Vianna, com quem trabalhou por oito anos, e a escola clássica italiana, que estudou com Maria Melô, aluna de Cecchetti no Scala de Milão, de quem foi assistente. Dirige o Núcleo de Improvisação desde 2007, é professora no curso de artes do corpo (PUC/SP) e dá aulas regulares de dança clássica na Sala Crisantempo.

Em Experimentos para Improvisar, o improviso terá como ignição um procedimento de aquecimento de Klauss Vianna.

José Maria Carvalho é dançarino, diretor, pesquisador da dança. Em 1985 inaugurou o Espaço Viver Dança e Cia. e desde 2001 dirige o Viver Núcleo de Dança. Estudou e trabalhou com Klauss Vianna de 1980 a 1989. Desenvolve pesquisa de linguagem em dança, investigando a aplicação da Ed. Somática (método Feldenkrais) na criação de um corpo intenso, que possibilite a criação de uma linguagem peculiar em que danças sejam expressão de forças e afetos.

Em Provocação 1 – Afronte, etapa atual do projeto “Dispositivos de Visão: Melhor pior. Nada melhor, menos melhor”, o Viver Núcleo de Dança busca trabalhar com jovens dançarinos de vários bairros da periferia de São Paulo e que desenvolvem suas danças sob influência de artistas da cena contemporânea. Ainda em sua fase inicial, é fundamental ao processo a presença do público, “para fazer descer as imagens”  no corpo do dançarino e nele encontrar “resolução” (tal como o “chuvisco” caótico de pontos na tela, uma analogia com tecnologias de produção audiovisual). O desejo aqui é propiciar ao espectador uma mudança de perspectiva em sua percepção e abordar questões surgidas dos atravessamentos com outros artistas, tais como o corpo intruso de Estela Laponi, experimentada como site specific em três regiões de São Paulo (Mata da Paula, ponte sobre trilhos na B. Funda e Parque do Povo/Carandiru).

Wellington Duarte [mediador] atua como diretor, bailarino e performer desde 1990. Em sua trajetória promove um fazer/dizer no corpo e investiga qualidades corporais que vão além de temas pontuais. Neste fazer, elabora propostas experimentais da fisicalidade, conectando no corpo lógicas, pensamentos e questões insuspeitas. Atualmente é diretor do Núcleo EntreTanto.

Marcos Abranches, performer da dança, desenvolve trabalhos de pesquisa e criação que propõe investigar um corpo que se apresenta precário na sua essência. Utiliza da sua própria história de vida e experiências do cotidiano como referência de estudo para a construção de uma linguagem artística corporal. Acumula em sua trajetória os trabalhos Corpo sobre tela, Canto dos Malditos, O Grito, entre outros.

Corpo Rascunho busca inspiração em Fellini. O palhaço é como a sombra. Rústico, rude e torpe, com a sua torpeza faz o público rir.  O palhaço que encarna traços da criatura fantástica e que exprime o lado irracional do homem, a parte do instinto, o rebelde a contestar a ordem superior que há em cada um de nós. É uma caricatura do homem como animal e criança, enganado e enganador. É um espelho em que o homem se reflete de maneira grotesca, deformada. O projeto de pesquisa em andamento que obteve o apoio do 25º Edital de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.

Miriam Druwe é diretora, pesquisadora e intérprete-criadora com formação clássica e moderna. Ministra cursos de dança contemporânea, criação e composição, e participou de importantes companhias profissionais de dança de SP como Balé da Cidade de SP e Cisne Negro Cia de Dança, e é diretora e coreógrafa da Cia Druw. Premiada pela APCA 1993 – melhor bailarina.

Sei Solo é uma jornada solitária de reconstrução. Um solo que mergulha nas recordações de um corpo em busca de uma essência familiar quase inaudita. A pesquisa parte de um mosaico de sentimentos, memórias e afetos para buscar uma nova potência criadora. É a fala do corpo à procura de sua voz autoral e íntima retomando a sintaxe de estar novamente em cena.

Ana Teixeira [mediadora] é artista, professora e pesquisadora. Doutora e mestre em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), graduada em educação física (UCS/RGS), em Arts du Spectacle Mention Danse (Université Paris VIII), e graduada e doutoranda em filosofia (PUC-SP). É professora do curso de artes do corpo (PUC/SP). Atuou como bailarina no Balé da Cidade de São Paulo e no StaatsTheater Kassel, dentre outros. Foi
 diretora artística assistente do Balé da Cidade de São Paulo (2003 a 2009). Sua pesquisa foca a relação entre corpo e poder, com ênfase nos séc. XVII, XVIII e XIX.

Cléia Plácido é artista negra da dança, educadora do movimento somático, cofundadora do Núcleo Menos 1Invisível. Graduada em dança, com especialização Laban/Bartenief, pesquisa a composição na improvisação a partir de dispositivos performáticos e/ou somáticos, em solos e em parcerias. Atualmente estuda questões da diáspora africana invisíveis na dança e na sociedade brasileira.

Em Fragmentos de uma Mulher Ilha,  a artista propõe desdobrar pesquisa de movimento sobre o tema migração e refúgio iniciada com o Coletivo Menos 1Invisivel. No isolamento de nossa subjetividade estamos mesmo sozinhas? A partir do diálogo físico entre pele, desequilíbrios e aspirações

Élle de Bernardini vive e trabalha em São Paulo. Tem formação em balé clássico pela Royal Academy de Londres. Foi aluna dos mestres japoneses de butô, Yoshito Ohno e Tadashi Endo. É uma mulher transexual com uma produção permeada por sua biografia. Suas obras abordam a intersecção entre gênero, sexualidade, política e identidade e história da humanidade e da arte.

Em Corpo à Beira da Crise, o corpo é o campo de batalha onde se traçam as guerras sociais mais intensas. Lutas raciais, sexuais e de classe estão presentes nos corpos de todos os brasileiros. Descendentes de uma colonização europeia e mais tarde americana, nosso corpo é receptáculo de diferentes influências socioculturais.

Vanessa Macedo [mediadora] é diretora da Cia Fragmento de Dança, fundada em 2002, e uma das gestoras do Kasulo espaço de cultura e arte. Desenvolve pesquisa sobre dramaturgia na dança e autodepoimento nas artes, investigando especialmente o universo feminino. É doutora em Artes cênicas pela ECA – USP e, no primeiro semestre de 2019, atuou como professora visitante do curso de graduação em dança da UNICAMP. Participa do “Movimento a Dança se Move” e desenvolve estudos na área das políticas culturais.

Quando | 02 a 06 de outubro de 2019 Onde | TUSP – Teatro da USP | Centro Universitário Maria Antônia | Sala Multiúso | R. Maria Antônia, 294 – Vila Buarque, São Paulo – SP Quanto | gratuito

(Imagens cartaz: Davi Caycedo | Fabio Zerbini | Vitor Vieira | Viviane Bezerra | Arthur Kolbertz | Silvia Machado | Vitor Vieira | Marilia Soares | Flaviana Benjamin | Gal Oppido | Naava Barsi | Silvia Machado | Arô Ribeiro | Cassio Machado | Rafael Petri)