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No 16o ciclo do Programa TUSP de Leituras Públicas, “Dramaturgas”, buscamos não somente textos potentes ou que fossem criados por mulheres, mas que, em seu conjunto, pudessem de alguma forma articular um discurso de resistência do gênero feminino.

O programa de Leituras Públicas faz parte dos Núcleos de Experiência e Apreciação Teatral do TUSP. Propõe, a cada ciclo, a leitura de peças de diferentes autores pelo público presente, em encontros abertos com a mediação da equipe artística do TUSP. A intenção da ação é fomentar uma experiência de público que vá além da presença eventual, acompanhando o desenrolar de cada ciclo, a fim de fortalecer o sentido de pertencimento à coisa pública por meio da experiência estética. Os encontros são gratuitos, abertos a todos os interessados, e acontecem às segundas-feiras, 19h30.

10 de outubro: Abertura do Ciclo, com Ana Roxo
Dramaturga, roteirista, poeta e professora, é formada em direção teatral pela ECA – USP e cursou ainda a Escola de Arte Dramática na mesma universidade. Fez parte do corpo docente da Escola Livre de Teatro de Santo André, na qual foi coordenadora do Núcleo de Dramaturgia. Foi indicada ao Prêmio Shell como melhor autora pela peça Cabeça de Papelão, da Cia. da Revista, no ano de 2012. Além de seu trabalho com dramaturgia, também desenvolve roteiros, e mantém o canal no Youtube “O mundo segundo Ana Roxo” (youtube.com/c/omundosegundoanaroxo)

17 de outubro: Sabedoria, de Rosvita de Gandersheim (Alemanha, séc. X)
Nascida em 935, Rosvita foi canonesa no convento de Gandersheim. É considerada a primeira poetisa alemã, além da primeira dramaturga da história do teatro. Na peça, situada durante o império de Adriano, no início da era cristã, as personagens Sabedoria e suas três filhas – Fé, Esperança e Caridade – são estrangeiras que, chegadas a Roma, veem-se denunciadas ao imperador pelo severo Antíoco, por ameaçarem a ordem do Estado e a “concórdia do povo” ao difundir “a divergência de culto” e induzir à disrupção social pela “prática da religião cristã”.

24 de outubro: Hysterica Passio, de Angélica Liddel (Espanha, 2003)
O trabalho de dramaturgia e encenação da autora é considerado por muitos como um do mais inventivos e criativos do teatro contemporâneo. Sua Hysterica Passio traz um panorama de histórias de perversão, tortura, dor, sofrimento e culpa, integradas no seio da família e das relações parentais, tema recorrente em sua obra. A peça mostra a história de Hipólito, filho de Thora e Senderorovich, que narra momentos de sua vida em meio aos abusos de infância e desejos de vingança.

31 de  outubro: O Verdugo, de Hilda Hilst (Brasil, 1969)
Um dos textos mais premiados e encenados no teatro de Hilda Hilst (1930-2004), a peça se inicia com uma família sentada à mesa, e as rubricas nos dão detalhes para a composição da cena: a casa “é modesta, mas decente”, o pai é um “verdugo personagem que sempre matara sem nenhum problema ou remorso”. Em dado momento, este pai decide não matar o próximo homem, achando-o diferente dos demais. O verdugo tenta reverter a situação e se torna um grande revolucionário contra o processo censor ditado por regras. 

07 de novembro: A Morte e a Donzela, ciclo IV (Jackie), de Elfriede Jelinek (Áustria, 2002)
A novelista e dramaturga foi a primeira austríaca a receber, em 2004, o Nobel de Literatura. A Morte e a Donzela, escrita em 2002, é formada por diversos quadros sobre o feminino. Estereótipos, dramas de princesas a contrapelo, as princesas Branca de Neve, Bela Adormecida, Jackie Kennedy, Rosamunda e Diana de Gales são trazidas à tona para revelar-nos toda a verdade. Ainda uma Princesa precisa, no final, regressar ao submundo? O ciclo IV foca-se nas reflexões da “princesa real” Jackie Kennedy (1929-1994), esposa do 35º presidente dos EUA, John F. Kennedy.

21 de novembro: Prova de Fogo, de Consuelo de Castro (Brasil, 1968)
Texto de estreia da autora (1946-2006) e proibida pela censura durante anos, a peça foi premiada em 1974 pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT), sob o título A Invasão dos Bárbaros. A história narra eventos ocorridos no prédio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (no prédio que atualmente sedia o TUSP) em 1968, às vésperas do AI-5. A trama conta os embates sofridos pelos estudantes contra a repressão e os confrontos ideológicos entre o líder estudantil Zé Freitas e seus opositores dentro do próprio movimento.

28 de novembro: Vontade de ter Vontade, de Cláudia Dias (Portugal, 2011)
O texto da escritora e performer portuguesa é uma reflexão política, poética, provocadora e comovente sobre os dias de hoje. Escrito em 2011, e apesar de falar da realidade de Portugal, de sua crise econômica e da ascendente emigração de jovens que o país vivencia, a autora trata de temas contemporâneos gerais, como a falta de perspectiva para o futuro, a busca de identidade e a sensação de se ser apátrida na própria terra – tudo isso em uma viagem através do espaço e do tempo, revisitando passados e futuros potenciais, traçando linhas em direção ao continente e ao mundo, apagando as relações entre Norte e Sul, entre colonizador e colonizado, entre o que é central e o que é periférico.

05 de dezembro: AURIKA, de Alessandra Santiesteban (Cuba)
A artista, que vem desenvolvendo um ativo trabalho criativo vinculado às artes cênicas em Cuba, foi vencedora do Prêmio Calendario no gênero teatro na Feira Internacional do Livro de Havana. O texto é uma reflexão radical e crítica sobre os meios de comunicação contemporâneos, e também sobre a relação de Cuba com esses meios. Aurika é uma rede social em que o leitor se converte numa espécie de usuário e é convidado a navegar por tudo que está publicado sobre a vida de um personagem chamado Yenisev.

12 de dezembro: Maruja Enamorada, de Vivi Tellas & Maruja Bustamante (Argentina, 2013)
Um “biodrama” – formato cênico que coloca não-atores no palco e transforma suas experiências reais em cenas dramáticas – sobre amor, escrito em 2013; uma obra de arte que surgiu da reunião entre as argentinas Vivi Tellas e Maruja Bustamante. Trata de uma série de hipóteses sobre o amor: o amor é uma ficção? Quem somos nós no amor? Será que o amor acaba quando começa? Será que sempre nos apaixonamos pela mesma pessoa? Qual é o corpo do amor? Bustamante revive suas relações amorosas enquanto reconstrói sua história familiar, e este material biográfico torna-se, assim, experiência cênica.

19 de dezembro: O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, de Jo Clifford (Escócia, 2009)
O solo materializa numa mulher transgênero um Jesus Cristo contemporâneo. Redimensionando narrativas bíblicas, a personagem questiona preconceitos e intolerância arraigados e difundidos pelo cristianismo. A premiada dramaturga, tradutora, poeta e performer Jo Clifford estreiou O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu em 2009, na Escócia, em meio a forte polêmica com manifestantes de grupos cristãos, e apenas retorna a ele em 2015, com o apoio do programa Creative Scotland, no Fringe de Edimburgo e em turnês internacionais, inclusive no Brasil.