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Em abril, os paraibanos do Coletivo de Teatro Alfenim chegam ao TUSP com Helenas e Memórias de um Cão, em curtíssima temporada na Sala Multiúso do MariAntônia.

O espetáculo Memórias de um Cão parte da obra de Machado de Assis para propor uma abordagem crítica das estratégias de dissimulação, engodo e autoengano que marcam as relações sociais do Brasil.  A peça estreou em maio de 2015 e, com mais de 70 apresentações em diversos estados, faz parte da circulação do Programa Petrobras BR Distribuidora de Cultura.

O grupo narra a trajetória de ascensão e queda de Rubião, mestre-escola interiorano que, às vésperas da Abolição, muda-se para a Corte ao receber uma herança de seu benfeitor Quincas Borba – um escravocrata típico, autodenominado filósofo, que ocupa seus dias ociosos de proprietário rentista com especulações amalucadas sobre a “natureza humana”. Como condição para a herança, Rubião deve cuidar de um cão que traz o mesmo nome de seu benfeitor. A exigência testamentária, uma variante do pacto de Fausto, traduz na prática as determinações do “humanitismo”, doutrina heterodoxa criada por Quincas Borba cujo princípio é sintetizado na máxima: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Tornado capitalista da noite para o dia, Rubião flana pelas ruas de um Rio de Janeiro em processo vertiginoso de modernização, buscando inserir-se num círculo de relações de favor, marcadas pelo preconceito de classe e pela futilidade de um mundo apartado do trabalho. Enquanto gasta o dinheiro da herança, experimenta uma vida de luxos e compensações imaginárias a tal ponto irreais que pensa ser o próprio imperador francês Napoleão III, em clara alusão às pretensões da elite brasileira de tornar o país uma nação do primeiro mundo importando um liberalismo fora de lugar e com vistas grossas à escravidão.

As semelhanças com a atualidade não são mera coincidência. A partir do romance, o Coletivo Alfenim propõe uma alegoria tragicômica da desfaçatez com que a elite econômica e cultural brasileira tenta isentar-se da responsabilidade histórica pela barbárie que marca o processo de modernização do país.

O Coletivo de Teatro Alfenim surgiu em maio de 2006, em João Pessoa (PB), por iniciativa do dramaturgo e diretor paulistano Márcio Marciano. O grupo desenvolve estudos para a criação de dramaturgias próprias com base em temas brasileiros. Em paralelo às montagens, desenvolve eventos como seminários, oficinas e debates abertos sobre os temas da pesquisa, tendo em vista a formação de plateia. Suas atividades formativas, bem como as temporadas de repertório, acontecem na Casa Amarela, a sede do grupo na cidade de João Pessoa.

Elenco: Adriano Cabral, Lara Torrezan, Paula Coelho, Ricardo Canella, Verônica Cavalcanti, Vítor Blam, Zezita Matos | Músicos: Mayra Ferreira e Nuriey Castro | Dramaturgia: Márcio Marciano | Assistência dramatúrgica: Gabriela Arruda | Composição musical: Márcio Marciano, Marília Calderón, Mayra Ferreira, Nuriey Castro, Paula Coelho, Vítor Blam, Walter Garcia | Figurino, Direção de Arte e Design Gráfico: Patrícia Brandstatter | Assistentes de figurino: Paula Coelho e Vítor Blam | Cenografia: Márcio Marciano e Patrícia Brandstatter | Iluminação: Ronaldo Costa | Máscaras e caracterização: Coletivo Alfenim | Direção Musical: Mayra Ferreira e Nuriey Castro | Consultoria literária: José Antônio Pasta e Iná Camargo Costa | Consultoria musical: Marília Calderón e Walter Garcia | Produção executiva: Gabriela Arruda | Direção: Márcio Marciano | Realização: Coletivo Alfenim | Patrocínio: Petrobrás