"Em regiões mais rasas (com menos que 150 metros de profundidade),
embora o número de espécies seja semelhante, o tamanho e a abundância
dos poliquetas é quase sempre maior do que nas regiões mais profundas"
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Uma
pesquisa do Instituto Oceanográfico (IO) da USP identificou em regiões
profundas da costa oceânica brasileira, entre Cabo Frio (RJ) e Cabo
de Santa Marta (SC), cerca de 208 espécies de poliquetas bentônicos,
pequenos animais invertebrados de grande importância ecológica e econômica
nos mares da região. O levantamento faz parte da tese de doutorado
defendida no IO pelo biólogo Fabiano da Silva Attolini.
O biólogo explica a importância econômica e ecológica dos poliquetas
bentônicos: "especialmente em regiões de menor profundidade, muitos
peixes importantes para a pesca fazem dos poliquetas um dos componentes
principais de sua dieta." Os poliquetas pertencem ao grupo dos anelídeos
e podem atingir até 10 centímetros de comprimento e ter entre 2 e
10 milímetros de diâmetro.
Entre as mais de 5.300 espécies conhecidas de poliquetas, a pesquisa
identificou 208 associadas ao leito marinho (bentônicos), a maioria
com tamanho entre 0,5 e 2 milímetros, invisíveis a olho nu. "Em regiões
mais rasas (com menos que 150 metros de profundidade), embora o número
de espécies seja semelhante, o tamanho e a abundância dos poliquetas
é quase sempre maior do que nas regiões mais profundas", explica Fabiano
Attolini.
Na região pesquisada, o fundo do mar é composto por sedimentos não
consolidados, formados pela deposição de material orgânico e mineral.
O pesquisador relata que os poliquetas têm uma grande diversidade
de adaptações para a vida nesse tipo de ambiente. "Parte das espécies
vive sobre o fundo do mar e obtêm seu alimento do material trazido
pelas águas", afirma. "Outras são encontradas dentro dos sedimentos,
alimentando-se de pequenos animais que vivem ali ou mesmo do material
orgânico depositado, através da ingestão do próprio sedimento".
As amostras foram recolhidas durante as expedições do navio oceanográfico
da USP "Prof. Wladimir Besnard", na área entre Cabo Frio e Cabo de
Santa Marta Grande. Foram realizadas 37 estações de coleta, em três
etapas, durante os meses de novembro e dezembro de 1997. Fabiano conta
que foram utilizados três tipos de aparelhos para a retirada de amostras
do leito oceânico. "Na coleta foram usadas uma draga de arrasto, um
pegador de fundo - espécie de escavadeira - e um box-corer (caixa
metálica), para obter os sedimentos", diz.
O material coletado foi dividido em amostras e transportado para os
laboratorios do Instituto Oceanográfico, onde foi feita a identificação
das espécies. A pesquisa integra o projeto Importância e Caracterização
da Quebra da Plataforma Continental para Recursos Vivos e Não Vivos,
apoiado pelo CNPq, cujo objetivo é caracterizar as condições oceanográficas
e as espécies animais e vegetais existentes nas águas profundas entre
a costa do Rio de Janeiro e a de Santa Catarina.
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