São Paulo, 
biologia
8/11/2002

Estudo identifica espécies de poliquetas bentônicos no litoral brasileiro

Animais pertencem ao grupo dos anelideos e servem de alimento para peixes importantes na pesca. Foram encontrados 208 tipos de poliquetas associados ao leito marinho entre Cabo Frio (RJ) e Cabo de Santa Marta (SC)
Júlio
Bernardes

imprimir 

"Em regiões mais rasas (com menos que 150 metros de profundidade), embora o número de espécies seja semelhante, o tamanho e a abundância dos poliquetas é quase sempre maior do que nas regiões mais profundas"

 

Uma pesquisa do Instituto Oceanográfico (IO) da USP identificou em regiões profundas da costa oceânica brasileira, entre Cabo Frio (RJ) e Cabo de Santa Marta (SC), cerca de 208 espécies de poliquetas bentônicos, pequenos animais invertebrados de grande importância ecológica e econômica nos mares da região. O levantamento faz parte da tese de doutorado defendida no IO pelo biólogo Fabiano da Silva Attolini.

O biólogo explica a importância econômica e ecológica dos poliquetas bentônicos: "especialmente em regiões de menor profundidade, muitos peixes importantes para a pesca fazem dos poliquetas um dos componentes principais de sua dieta." Os poliquetas pertencem ao grupo dos anelídeos e podem atingir até 10 centímetros de comprimento e ter entre 2 e 10 milímetros de diâmetro.

Entre as mais de 5.300 espécies conhecidas de poliquetas, a pesquisa identificou 208 associadas ao leito marinho (bentônicos), a maioria com tamanho entre 0,5 e 2 milímetros, invisíveis a olho nu. "Em regiões mais rasas (com menos que 150 metros de profundidade), embora o número de espécies seja semelhante, o tamanho e a abundância dos poliquetas é quase sempre maior do que nas regiões mais profundas", explica Fabiano Attolini.

Na região pesquisada, o fundo do mar é composto por sedimentos não consolidados, formados pela deposição de material orgânico e mineral. O pesquisador relata que os poliquetas têm uma grande diversidade de adaptações para a vida nesse tipo de ambiente. "Parte das espécies vive sobre o fundo do mar e obtêm seu alimento do material trazido pelas águas", afirma. "Outras são encontradas dentro dos sedimentos, alimentando-se de pequenos animais que vivem ali ou mesmo do material orgânico depositado, através da ingestão do próprio sedimento".

As amostras foram recolhidas durante as expedições do navio oceanográfico da USP "Prof. Wladimir Besnard", na área entre Cabo Frio e Cabo de Santa Marta Grande. Foram realizadas 37 estações de coleta, em três etapas, durante os meses de novembro e dezembro de 1997. Fabiano conta que foram utilizados três tipos de aparelhos para a retirada de amostras do leito oceânico. "Na coleta foram usadas uma draga de arrasto, um pegador de fundo - espécie de escavadeira - e um box-corer (caixa metálica), para obter os sedimentos", diz.

O material coletado foi dividido em amostras e transportado para os laboratorios do Instituto Oceanográfico, onde foi feita a identificação das espécies. A pesquisa integra o projeto Importância e Caracterização da Quebra da Plataforma Continental para Recursos Vivos e Não Vivos, apoiado pelo CNPq, cujo objetivo é caracterizar as condições oceanográficas e as espécies animais e vegetais existentes nas águas profundas entre a costa do Rio de Janeiro e a de Santa Catarina.



As amostras foram recolhidas durante as expedições do navio oceanográfico da USP "Prof. Wladimir Besnard", na área entre Cabo Frio e Cabo de Santa Marta Grande.

[imagem: Monica V. Petti]


Os poliquetas pertencem ao grupo dos anelídeos e podem atingir até 10 centímetros de comprimento e ter entre 2 e 10 milímetros de diâmetro

[imagem: Paulo Sumida]



· vínculos:
Instituto Oceanográfico da USP

· mais informações:
(0XX11) 3091-6588 ou 9714-2054, com Fabiano Attolini

sobre a Agência USP de Notícias |  direitos autorais |  créditos |  boletim |  mande um email

Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J,n.374 Sala 244 CEP05586-000 São Paulo Brasil
(00XX11) 3091-4411  agenusp@usp.br