"Aquelas que possuem uma nutrição
adequada tornam dispensáveis tais suplementações,
se já possuem a quantidade ideal eliminam o excedente pela
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Suplementos
alimentares e os chamados compostos energéticos não
aumentam a massa muscular nem impulsionam o desempenho atlético.
De acordo com o professor Júlio Tirapegui, da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, que acaba de lançar
um livro sobre a relação entre nutrição
e atividade física, "a maioria dos suplementos realmente
efetivos são contra as leis do esporte, são drogas".
Afirmar algo assim gera polêmica e controvérsias quando
os dados são de que, mundialmente, 46% dos atletas, 35% a 40%
dos não atletas e quase 100% dos halterofilistas usam algum
tipo de substância desse gênero em busca da forma física
almejada e de melhores resultados na prática esportiva.
A variedade de substâncias ergogênicas, isto é,
que prometem melhora da performance e ganho muscular é enorme.
Creatina, carnitina, bicarbonato e cafeína (maior energia);
Proteínas e aminoácidos essenciais, cromo (aumento da
massa muscular); ginseng, geléia real, pólen de abelha,
ácido pangâmico, alguns minerais e vitaminas, entre outros.
Estas são algumas das opções disponíveis
no mercado, sobre as quais, atualmente, se faz um grande marketing.
"São modismos", diz Tirapegui.
Riscos
Para o bioquímico, alguns suplementos podem funcionar, mas
apenas em condições bastante específicas. A creatina,
por exemplo, é recomendada em exercícios de alta intensidade
e anaeróbicos (musculação e corrida de 100 metros
rasos, por exemplo). Mesmo assim sua eficácia não é
garantida e, a ingestão indiscriminada, pode sobrecarregar
o sistema renal.
O especialista cita como grande problema o fato de as pessoas, na
maioria das vezes, utilizarem as substâncias sem saber ao certo
para que servem e o que podem acarretar. É o caso das bebidas
denominadas energéticas. "Guaraná e as bebidas
da moda consumidas na academia não possuem mais nutrientes
energéticos que uma latinha de refrigerante. O estímulo
que proporcionam se deve à cafeína, uma droga que atua
no sistema nervoso central".
Muito consumidos também são os compostos vitamínicos.
Tirapegui explica que podem proporcionar melhores condições
de saúde, como maior imunidade e disposição,
apenas em pessoas que já apresentam deficiência das vitaminas
ingeridas. "Aquelas que possuem uma nutrição adequada
tornam dispensáveis tais suplementações, se já
possuem a quantidade ideal eliminam o excedente pela urina",
conta.
Contaminação
Tirapegui ainda aponta para o risco de se consumir substâncias
complementares sem orientação. "De acordo com laboratórios
internacionais que controlam os suplementos nutricionais, 30% desses
produtos vêm contaminados com anabolizantes. Principalmente
os fabricados no Leste europeu e na Turquia, lugares de forte cultura
halterofilista".
O professor defende uma alimentação equilibrada para
alto rendimento no funcionamento do organismo. No caso de atletas,
o ideal é o acompanhamento nutricional em função
do tipo de atividade que exerce. Pessoas que praticam determinado
esporte devem ter uma ingestão percentual dos grupos alimentares
(proteínas, carboidratos, lipídios) direcionada à
atividade às vésperas de uma competição,
por exemplo. Em qualquer caso, ressalta que orientação
profissional é indispensável.
O livro Nutrição, Metabolismo e Suplementação
na Atividade Física (Ed. Atheneu;350 páginas), lançado
em agosto, reúne trabalhos de mestrandos e doutorandos orientados
por Tirapegui na área de nutrição esportiva.
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