O objetivo é produzir a vacina
a partir de genes envolvidos na produção de proteínas
que auxiliam a alimentação do carrapato. Uma vez fixado
no hospedeiro, o parasita utiliza sua glândula salivar para
produzir proteínas que facilitam sua alimentação |
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Pesquisadores
da USP de Ribeirão Preto, da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e do National Institute Health (NIH),
dos Estados Unidos, estão testando em bovinos um protocolo
que pode se transformar, num futuro próximo, em uma vacina
anti-carrapato. O parasita transmite doenças que afetam os
lucros do setor agropecuário e a produção de
carne, leite e couro.
O objetivo é produzir a vacina a partir de genes envolvidos
na produção de proteínas que auxiliam a alimentação
do carrapato. Uma vez fixado no hospedeiro, o parasita utiliza sua
glândula salivar para produzir proteínas que facilitam
sua alimentação. Os pesquisadores pretendem procurar
aqueles que produzam proteínas importantes para a nutrição
sangüínea do carrapato e bloquear esse processo para que
os parasitas não consigam se alimentar.
Beatriz Rossetti Ferreira, da Escola de Enfermagem (EERP) da USP de
Ribeirão Preto, Isabel de Miranda Santos, da Embrapa e João
Santana da Silva, do Departamento de Bioquímica e Imunologia
da Faculdade de Medicina (FMRP) da USP de Ribeirão Preto, com
colaboração de pesquisadores do NIH, construíram
várias bibliotecas de genes de carrapatos para identificar
quais poderiam ser importantes na produção dessas proteínas.
Essas bibliotecas, com DNA de diferentes estágios do carrapato
(larvas, ninfas e adultos), foram construídas a partir das
glândulas salivares dos parasitas. Identificados os genes de
interesse, o processo consiste em cloná-los em plasmídeos,
que são moléculas circulares duplas de DNA, multiplicá-los
e inocular no bovino. Este passa a produzir a proteína, que
antes era do carrapato, e dessa forma induz uma resposta imune que
vai matar o parasita. "Todo o trabalho de campo está centrado
em inocular os genes selecionados em bovinos que se mostraram mais
resistentes à presença do carrapato. Os genes que derem
maior resposta imune celular é que serão utilizados
na vacina", explica a professora Beatriz, coordenadora da pesquisa.
Imunidade e preocupação
Beatriz adianta que a idéia não é erradicar o
carrapato bovino. Eles transmitem doenças, mas também
criam uma imunidade natural a outros parasitas que atacam esses animais.
"No momento que tiramos completamente os carrapatos do sistema,
os bovinos passam a ficar muito suscetíveis". A pesquisadora
lembra que "mesmo a vacina sendo eficiente em bovinos, não
significa que será para cães, pois as espécies
de carrapatos envolvidas são diferentes e não sabemos
se a proteção a uma espécie vai induzir a proteção
a outras".
O desenvolvimento de alternativas sustentáveis para o controle
do carrapato, como vacinas e marcadores de resistência constitui
objetivo nacional eminente, "O problema toma dimensões
ainda maiores em países como o Brasil, onde a pecuária
contribui expressivamente para a economia nacional. Estima-se que
aqui os prejuízos causados por esses ácaros girem em
torno de US$ 2 bilhões/ano, e no mundo esse prejuízo
pode ultrapassar os US$ 13 bilhões/ano", explica Beatriz.
A pesquisa, que já apresenta resultados promissores para a
criação da vacina anti-carrapato, tem apoio financeiro
da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES), com colaboração da
Empresa Vallée.
Com informações da Assessoria de Imprensa da USP de Ribeirão Preto
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