São Paulo, 
agropecuária
14/11/2006
Pesquisadores constroem biblioteca de genes para criar vacina contra carrapatos
Os genes servirão para criar um processo capaz de bloquear a alimentação do parasita, que causa danos mundiais na agropecuária e prejudica a produção de leite, carne e couro. A vacina está sendo desenvolvida para bovinos
Da Redação
Agência USP

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O objetivo é produzir a vacina a partir de genes envolvidos na produção de proteínas que auxiliam a alimentação do carrapato. Uma vez fixado no hospedeiro, o parasita utiliza sua glândula salivar para produzir proteínas que facilitam sua alimentação
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do National Institute Health (NIH), dos Estados Unidos, estão testando em bovinos um protocolo que pode se transformar, num futuro próximo, em uma vacina anti-carrapato. O parasita transmite doenças que afetam os lucros do setor agropecuário e a produção de carne, leite e couro.

O objetivo é produzir a vacina a partir de genes envolvidos na produção de proteínas que auxiliam a alimentação do carrapato. Uma vez fixado no hospedeiro, o parasita utiliza sua glândula salivar para produzir proteínas que facilitam sua alimentação. Os pesquisadores pretendem procurar aqueles que produzam proteínas importantes para a nutrição sangüínea do carrapato e bloquear esse processo para que os parasitas não consigam se alimentar.

Beatriz Rossetti Ferreira, da Escola de Enfermagem (EERP) da USP de Ribeirão Preto, Isabel de Miranda Santos, da Embrapa e João Santana da Silva, do Departamento de Bioquímica e Imunologia da Faculdade de Medicina (FMRP) da USP de Ribeirão Preto, com colaboração de pesquisadores do NIH, construíram várias bibliotecas de genes de carrapatos para identificar quais poderiam ser importantes na produção dessas proteínas.

Essas bibliotecas, com DNA de diferentes estágios do carrapato (larvas, ninfas e adultos), foram construídas a partir das glândulas salivares dos parasitas. Identificados os genes de interesse, o processo consiste em cloná-los em plasmídeos, que são moléculas circulares duplas de DNA, multiplicá-los e inocular no bovino. Este passa a produzir a proteína, que antes era do carrapato, e dessa forma induz uma resposta imune que vai matar o parasita. "Todo o trabalho de campo está centrado em inocular os genes selecionados em bovinos que se mostraram mais resistentes à presença do carrapato. Os genes que derem maior resposta imune celular é que serão utilizados na vacina", explica a professora Beatriz, coordenadora da pesquisa.

Imunidade e preocupação
Beatriz adianta que a idéia não é erradicar o carrapato bovino. Eles transmitem doenças, mas também criam uma imunidade natural a outros parasitas que atacam esses animais. "No momento que tiramos completamente os carrapatos do sistema, os bovinos passam a ficar muito suscetíveis". A pesquisadora lembra que "mesmo a vacina sendo eficiente em bovinos, não significa que será para cães, pois as espécies de carrapatos envolvidas são diferentes e não sabemos se a proteção a uma espécie vai induzir a proteção a outras".

O desenvolvimento de alternativas sustentáveis para o controle do carrapato, como vacinas e marcadores de resistência constitui objetivo nacional eminente, "O problema toma dimensões ainda maiores em países como o Brasil, onde a pecuária contribui expressivamente para a economia nacional. Estima-se que aqui os prejuízos causados por esses ácaros girem em torno de US$ 2 bilhões/ano, e no mundo esse prejuízo pode ultrapassar os US$ 13 bilhões/ano", explica Beatriz.

A pesquisa, que já apresenta resultados promissores para a criação da vacina anti-carrapato, tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com colaboração da Empresa Vallée.

Com informações da Assessoria de Imprensa da USP de Ribeirão Preto





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